Topo

Caçador de Carros

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Como a fidelidade a carros japoneses faz você aceitar estes 7 'pênaltis'

Abafador do Corolla Cross tem rendido críticas ao SUV médio da Corolla, que continua vendendo bem - Murilo Góes/UOL
Abafador do Corolla Cross tem rendido críticas ao SUV médio da Corolla, que continua vendendo bem Imagem: Murilo Góes/UOL

Colunista do UOL

15/09/2022 04h00Atualizada em 16/09/2022 17h21

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Foi nos anos 90, com a reabertura das importações, que os carros japoneses entraram em nosso país. Encontraram um território enorme, onde quatro grandes fabricantes dominavam o mercado, com centenas de concessionárias espalhadas por todos os cantos.

Sendo assim, o início foi tímido, como era de se imaginar. Só que não demorou muito para que o brasileiro reconhecesse a qualidade dos carros japoneses.

Não tinham o status dos alemães nem a beleza dos italianos e dos franceses, tampouco o conforto dos norte-americanos. Contudo, os automóveis nipônicos entregavam dois quesitos que o brasileiro sempre valorizou: robustez e liquidez - sem contar o pós-venda.

No Brasil, onde o carro é um bem caro para a maioria da população, é fundamental que ele seja durável e bem aceito no momento da revenda. Atendendo esses dois pontos, os carros japoneses ficaram cada vez mais fortes no nosso mercado, fidelizando muitos clientes.

Mas é claro que não são perfeitos. Inclusive, são várias as derrapadas propositais, que as vezes até parecem descaso com o consumidor. Mesmo assim, a fidelidade é tanta que os "pênaltis" são aceitos e pouco ou nada influenciam nas vendas.

Seguem alguns exemplos:

1 - Falta de controle de estabilidade

Controle de estabilidade existe desde 1995 - Divulgação - Divulgação
Controle de estabilidade existe desde 1995
Imagem: Divulgação

As marcas japonesas gostam de vender a imagem de preocupação com segurança, mas isso é balela.

Fosse assim, não teriam negligenciado o importante controle de estabilidade por tanto tempo em alguns modelos fabricados aqui.

O queridinho Toyota Corolla só foi ter o item de segurança no modelo 2018. Já o Honda City passou duas gerações sem o equipamento e somente agora, na atual e recém lançada terceira geração, passou a ter.

Tem, ainda, o curioso caso do Mitsubishi Lancer, que chegou a ter o equipamento em algum momento da vida, mas depois o perdeu em nome do corte de custos.

Uma pena, ainda mais quando observamos que é uma tecnologia de 1995.

2 - Falta de airbags laterais e de cortina

Airbags laterais e cortina - Divulgação - Divulgação
Airbags laterais e cortina
Imagem: Divulgação

A mesma coisa acontece com os airbags.

Quando passaram a fabricar Civic e Corolla no Brasil, no final dos anos 90, Honda e Toyota fizeram questão de equipar seus carros com dois airbags frontais.

Atitude louvável naquela época, mas que pouco mudou nos anos seguintes. Com o tempo, concorrentes passaram a equipar seus carros com airbags laterais e, depois, de cortina.

O Corolla até ganhou os laterais no modelo 2009, mas os de cortina somente no modelo 2018.

O Civic, por sua vez, só foi ter os laterais em 2012 e os de cortina em 2016. Se voltarmos no tempo, vamos encontrar Chevrolet Astra e Volkswagen Golf com airbags laterais já no início dos anos 2000, muito antes dos japoneses.

3 - Honda Fit com para-choque fino demais

Fit batido - Vitor Matsubara/UOL - Vitor Matsubara/UOL
Fit Batido
Imagem: Vitor Matsubara/UOL

Um dos modelos mais desejados no mercado de usados é o Honda Fit, que conseguiu sobreviver por décadas com um para-choque quase inexistente na traseira.

Visualmente, até que é agradável, mas não é nada prático no uso diário. No caso do Fit, ainda tem o agravante da tampa traseira ser bem generosa, passando bastante da linha do para-choque.

Em qualquer leve encostada na traseira, seja por erro de cálculo do motorista ou por ação de terceiros, a tampa é amassada.

Pelo jeito, isso nunca afetou suas vendas, inclusive aconteceu o contrário: obviamente. não por causa desse motivo.

Explico: depois do modelo 2018, a Honda esticou o para-choque do Fit, que passou a proteger melhor a tampa traseira, mas já era tarde demais e o modelo não vendia tanto quanto no passado.

4 - Civic com porta-malas diminuto

Honda Civic de oitava geração - Divulgação - Divulgação
Honda Civic de oitava geração
Imagem: Divulgação

Para o modelo 2007, a Honda revolucionou o design do Civic.

Na oitava geração, o carro ficou bem futurista, principalmente na parte interna, com o painel de dois andares.

Vendeu muito bem e ainda hoje é muito desejado no mercado de usados. Mas ele tem pequeno probleminha, que é seu pequeno porta-malas.

São apenas 340 litros, pouco para um sedã com proposta familiar. Ao que parece, os compradores aceitaram diminuir a quantidade de bagagens nas viagens para poder ter o Civic na garagem.

5 - Escapamento do Toyota Corolla Cross

Escapamento do Corolla Cross tem rendido críticas - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Escapamento do Corolla Cross tem rendido críticas
Imagem: Murilo Góes/UOL

Esse caso viralizou recentemente na internet. O Corolla Cross, SUV derivado do sedã de mesmo nome, deixa o abafador do escapamento mais à mostra do que deveria.

Tenho certeza de que isso passa despercebido para muitas pessoas, mas basta você tomar conhecimento disso que o detalhe passa a ser o ponto de destaque na traseira.

Em outros países, o abafador é mais discreto, o que gerou certa revolta dos brasileiros. Mas, ao que os números indicam, os fãs da Toyota não deixaram de comprar Corolla Cross por causa disso.

Pelo contrário: mesmo sendo inferior e mais caro do que o sedã, o SUV já vende mais do que ele.

6 - Design do Etios

Toyota Etios - Felipe Carvalho/Caçador de Carros - Felipe Carvalho/Caçador de Carros
Toyota Etios
Imagem: Felipe Carvalho/Caçador de Carros

Aqui é um ponto subjetivo, mas parece consenso que o Etios é dos carros mais feios no nosso mercado.

Desajeitado por fora e por dentro, chegou em uma época na qual seus concorrentes eram visualmente bem mais agradáveis.

No caso do Etios, ele nem foi um campeão de vendas e acredito que o design tenha sido fator decisivo para muitos não o comprarem.

Saiu de linha sem deixar muitas saudades, mas continua muito forte do mercado de usados. Aquele consumidor racional sabe que o carro é muito bom e deixa de lado a estética.

7 - Toyota Hilux que tomba

Toyota Hilux vai mal no 'teste do alce' - Divulgação - Divulgação
Toyota Hilux vai mal no 'teste do alce'
Imagem: Divulgação

Outro carro que virou motivo de piada é a Toyota Hilux.

A razão disso foi o baixo desempenho no "teste do alce", que consiste em desviar de cones que simulam o animal atravessando a pista - depois, é preciso retomar a trajetória.

Deu ruim pra Hilux, que pegou fama de tombar com facilidade.

Contudo, estou cansado de conversar com donos dessa picape ou da sua versão SUV, o SW4, que não querem nem saber trocar por modelos concorrentes.

Ao que parece, esses pênaltis cometidos pelos japoneses levam no máximo um cartão amarelo dos respectivos proprietários, que olham para seus carros e falam "segue o jogo".

Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.