Topo

Caçador de Carros

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Carro usado fora da garantia: como evitar levar uma bomba para a garagem

Colunista do UOL

27/10/2022 11h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Ando preocupado com o futuro do mercado de carros usados. Ele tem sido abastecido com veículos cada vez mais complexos e fora da garantia do fabricante. São como bombas, prestes a explodirem nas mãos dos próximos donos.

A alternativa para quem não quer correr o risco de comprar um problema sempre foi optar por carros mais simples, com farta oferta de peças de reposição e sem a necessidade de reparo somente em oficinas especializadas. O problema é que os veículos simples estão ficando no passado.

Recentemente atendi o caso curioso de um cliente do interior de São Paulo querendo um Peugeot 308 com orçamento de R$ 45 mil. A ideia inicial era que fosse a versão com motor THP, ou seja, o 1.6 com turbo e injeção direta. Não me senti confortável em procurar um carro tão complexo com esse orçamento, pois teria que considerar modelos com cerca de oito anos ou mais de uso, o que é muita coisa para um carro como esse.

Entendendo um pouco mais as suas necessidades, uma pessoa que costuma rodar pouco e tem hábito de guiar tranquilamente, sem exigência de performance, percebi que o ideal para ele seria algo mais simples. Recomendei a versão 2.0 aspirada do mesmo carro, reconhecida por sua simplicidade e robustez mecânica. Felizmente ele topou e conseguimos um ótimo 308, que inclusive custou um pouco menos do que ele estava disposto a pagar.

Mas como disse no começo, está cada vez mais difícil escapar desses carros complexos. Até mesmo os automóveis de entrada estão vindo recheados de módulos e motores cada vez menores com muita tecnologia, que sempre é bom para eficiência e emissão de poluentes, mas que são viáveis somente para os primeiros donos, aqueles que utilizam o veículo quando ele ainda está no período da garantia e podem recorrer ao fabricante nas situações adversas.

O leitor que não me entenda mal, sei que não podemos parar a tecnologia, mas moramos em um país onde um carro precisa durar por décadas. Existem soluções para que eles continuem rodando, basta levar o automóvel em uma oficina e trocar o que for preciso. Mas a que custo? Se você é uma pessoa sem folgas financeiras e que precisa de um bom veículo usado, confiável e sem surpresas desagradáveis, faça a escolha certa.

Aspirado ou turbo

Tive a oportunidade de testar a Jeep Gladiator no começo desse mês e fiquei encantado com ela. Uma das qualidades dessa picape de mais de meio milhão de reais é o delicioso motor 6 cilindros aspirado, um velho conhecido nosso que já equipou vários outros modelos da Chrysler, Dodge e Jeep. Longe de ser um motor defasado, mas ele é de concepção simples, e com isso bem mais confiável e durável.

Já no caso do Jeep Wrangler, praticamente o mesmo carro, mas com carroceria fechada, escolheram o motor 4 cilindros turbo, bem mais complexo. É de se imaginar que, daqui uns 10 anos, o mercado de usados será mais amigável com a picape aspirada do que com o SUV turbo.

Para quem pretende comprar um carro usado já com uns bons anos de uso e não quer correr o risco de comprar uma bomba, recomendo que esqueça os motores turbos. Deixe para compra-los quando estiver em condições de adquirir um carro mais novo, com poucos anos de uso. Priorize os aspirados, onde o torque específico - máximo dividido pela cilindrada - é bem mais baixo e por isso sofrem menos com desgastes.

Injeção direta ou indireta

Tendência nos carros atuais por conseguir atender melhor as normas de poluentes, a injeção direta acaba sendo um pesadelo na hora da manutenção. Ocorre que o combustível deixa de passar pelas válvulas de admissão e é injetado direto na câmara de combustão, fazendo com que os corpos dessas válvulas carbonizem com o tempo. Fora que esses bicos trabalham com mais pressão e são mais suscetíveis a problemas por uso de combustível de má qualidade.

Talvez pensando nisso, a Chevrolet tenha optado pela tradicional injeção indireta no Onix turbo, decisão que provavelmente vai baratear o custo de manutenção desse modelo.

Para evitar essas manutenções, o bom e velho sistema de injeção eletrônica do tipo indireta ainda é a melhor escolha, principalmente para quem pretende comprar um usado com bons anos de uso.

Câmbio automático ou manual

Os câmbios automáticos de hoje são bem mais confiáveis que os do passado, além de transmitirem muito conforto na dirigibilidade. Mas infelizmente podem quebrar como qualquer outro componente de um carro e seu reparo é sempre muito oneroso.

Claro que esse risco é baixo, ainda mais em casos onde é feita a manutenção de troca de óleo e filtro, mas a possibilidade existe, e basta visitar uma oficina especializada em câmbio automático, para se deparar com diversos modelos de carros, dos mais novos para os mais antigos.

Sendo assim, se o seu bolso não permite surpresas, o ideal é que você escolha o bom e velho câmbio manual.

Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.