Topo

Caçador de Carros

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Como o Corolla ainda é relevante em mercado que só quer saber de SUV

Siga o UOL Carros no

Colunista do UOL

10/11/2022 11h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Muito se fala de uma possível morte dos sedãs médios no nosso mercado. Até pouco tempo atrás eu diria que é um exagero, mas basta olhar para o ranking dos 50 automóveis de passeio mais vendidos no Brasil para começar a me preocupar.

Segundo a Fenabrave, entre janeiro e outubro deste ano, somente dois sedãs médios aparecem nessa relação. Dois entre cinquenta, dá para acreditar? Estou falando dos sobreviventes Toyota Corolla e Chevrolet Cruze, 15º e 36º mais vendidos, respectivamente.

Juntos, eles correspondem a 89% dos sedãs médios vendidos em 2022. Na verdade, até poderia incluir um terceiro sedã médio, o BMW 320, 45º mais vendido. Só que ele é classificado como sedã grande pelo mercado, algo que nunca foi.

Os demais são 47 modelos que podem ser divididos em dois grupos: modelos menores e mais simples, com preços inferiores aos dos SUVs, e os próprios utilitários esportivos.

Considerando que Corolla e Cruze estão na faixa entre R$ 145 mil e R$ 190 mil, dependendo da versão, eles brigam em preço com vários desses SUVs, os queridinhos do mercado. Portanto, está claro que, em um mercado que só quer saber de utilitários esportivos, eles são intrusos que atendem uma parcela cada vez menor de compradores. Aliás, vamos ser realistas: brigar mesmo, só o Toyota, que ainda tem vendas significativas.

É um cenário deprimente, pelo menos para mim. Sei que o mercado é soberano, ele não corresponde com o que eu acho bom ou ruim, mas confesso que preciso me esforçar bastante para tentar compreender como os excelentes sedãs médios podem ser tão inexpressivos nesse atual momento. Teremos em breve a volta de Honda Civic e Nissan Sentra, ambos importados, mas provavelmente não mudarão o rumo das coisas.

Focando um pouco mais no Corolla, que vendeu quase 35 mil unidades neste ano, seguem alguns pontos que fazem esse modelo ainda ser relevante no mercado.

Sedã médio com preço de SUV pequeno

Nunca pensei que fosse dizer isso, mas os atuais preços praticados no Corolla são muito bons. Calma, não estou maluco, sei que o carro é caro e inacessível para grande maioria dos brasileiros, mas vamos comparar com o que o mercado oferece nessa faixa de preço.

Usarei como exemplo a versão intermediária XEI, com preço sugerido de R$ 154 mil. Na Fiat, se compra um Fastback Limited Edition com esse valor. Na Volkswagen, um T-Cross Comfortline, na Hyundai, um Creta Platinum, na Jeep, um Renegade Longitude, e por aí vai.

Com todo respeito a esses modelos citados, o Corolla é muito superior como produto. Em termos de acabamento, espaço interno e nível de equipamentos, ele se equivale aos SUVs médios, que custam bem mais caros.

Mercado de usados

Desde sempre o Corolla é dos carros com menor desvalorização no mercado de usados, o que faz dele um dos modelos mais procurados. Quem compra um Corolla hoje sabe que vai conseguir revender com certa facilidade no futuro.

Recentemente avaliei um XEI 2021 para um cliente, com Tabela Fipe de R$ 135 mil. Há dois anos, o primeiro dono desse carro pagou cerca de R$ 122 mil, ou seja, um valor até menor do que ele vale hoje, se não considerarmos a inflação. Fato é que o Corolla passa muita tranquilidade para quem valoriza o próprio dinheiro.

Robustez mecânica

Levando em conta que a maioria das pessoas não entende praticamente nada de mecânica, é natural optar por um modelo que tenha fama de inquebrável para minimizar essa preocupação. Nisso o Corolla é campeão: sua mecânica está em constante evolução tecnológica, mas sem perder a essência de simplicidade.

No longo prazo, confio muito mais em um Corolla 2.0 flex do que em qualquer um desses motores turbos cada vez mais comuns no nosso mercado.

Modernidade

A atual geração do Corolla deu um grande salto em modernidade. O motor 2.0 flex passou a ter injeção direta em conjunto com a indireta, o que resultou em ganhos expressivos em torque e potência.

Tem também o conjunto híbrido, herdado do Prius, que faz dele um campeão em economia. A transmissão CVT tem primeira marcha com engrenagem e mais nove simuladas.

Desenho clássico

Por último, o ponto que eu considero o principal motivo de o Corolla ainda ser relevante: o fato de ser sedã. Parece confuso, já que reconheço a preferência do mercado pelos SUVs, mas sempre existirá os que fogem do senso comum.

Nem todos gostam de SUV, inclusive alguns compram apenas para estarem na moda, mas no fundo acham mais bonito o clássico desenho de um sedã. Como são poucas as opções de sedã médio, esse pequeno mercado acaba escolhendo, em sua maioria, aquele que entrega melhor os outros pontos citados.

A categoria pode até estar fora de moda, mas o Corolla ainda transmite status com muita classe.

Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.