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Dois anos depois de sair de linha, ainda vale a pena ter um Ford Ka?
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Há pouco mais de dois anos fomos bombardeados com o fechamento repentino das fábricas da Ford do Brasil. Marca tradicional no nosso mercado, se limitou a importar modelos de luxo desde então e não produzir mais os modelos "baratos" e de larga escala que tínhamos desde os tempos do Corcel.
A preocupação com a saúde financeira da empresa parece ter sido maior do que a com os milhares de trabalhadores que perderam seus empregos. Pelo jeito, é mais rentável vender quinhentas picapes em poucos minutos para alguns milionários do que brigar por migalhas nas categorias de entrada e nas vendas para locadoras.
Com isso, perdemos um dos modelos mais bem acertados daquele momento, o Ford Ka. Disponível em versões com motores 1.0 e 1.5, sendo essa última com opção de transmissão automática, o hatch estava em sua melhor forma.
Mas será que vale a pena colocar na garagem um Ka, mesmo depois de ter sido "abandonado" pela Ford?
Relação custo/benefício
Bonito, espaçoso, bem acabado e eficiente, vendeu aos montes para locadoras em seus últimos anos de vida e hoje é figurinha carimbada nos estoques de carros usados.
Quando comparado com seus concorrentes, o Ka tem valores de mercado bem atrativos. A versão SE Plus, com motor 1.5 e câmbio automático de seis marchas, vale cerca de R$ 70 mil. Um Hyundai HB20, um Chevrolet Onix ou um Peugeot 208 no mesmo ano, também automáticos, custam cerca de R$ 10 mil a mais.
Essa diferença também se aplica na comparação das versões de entrada, com motor 1.0 e câmbio manual, ou seja, é bem mais barato colocar um Ka na garagem, mesmo entregando conteúdo semelhante.
Cuidados
Nesses últimos anos, os dois motores do Ford Ka tinham em comum a configuração de três cilindros. Modernos e bem eficientes, foram projetados para utilizar correia dentada de borracha no sincronismo do motor.
O inconveniente dessa escolha é a exigência de trocas periódicas. Porém, a Ford colocou essa correia imersa no mesmo óleo do motor, tendo como um dos objetivos aumentar sua vida útil. Até aqui, tudo bem, já que prolonga bastante o intervalo de troca, uma preocupação a menos para o motorista.
Mas, depois que o carro sai da fábrica e dos olhos atentos dos seus engenheiros, ganha o mundo e nem sempre é tratado como esses engenheiros previam. Na prática, essa correia depende da correta escolha do óleo lubrificante do motor por parte de seus donos, algo que nem sempre acontece.
Em contato com o óleo errado, essa correia tende a se desgastar muito mais rápido, comprometendo a vida útil do motor. Isso tem acontecido com frequência, e infelizmente o motor está ganhando fama de ser problemático, quando na verdade o erro é na escolha do óleo.
Minha dica é priorizar os poucos que foram vendidos para proprietários particulares, que costumam fazer as primeiras revisões em concessionária, que respeitam as especificações do fabricante.
Sobre os que tem origem de venda direta, é melhor passar bem longe. Geralmente as manutenções são feitas com o menor custo possível, portanto com a escolha do óleo errado. São justamente esses que estão queimando o filme do Ka no mercado de usados.
Qual versão vale a pena
É grande a procura por carros automáticos, mas os preços estão nas alturas. Na faixa dos R$ 60 mil até tem algumas opções, mas poucas tão interessantes com o Ford Ka Freestyle. Se considerarmos o modelo 2019, que tem Tabela Fipe de R$ 63,7 mil, podemos dizer que é uma joia pouco explorada no mercado.
Veja a lista dos equipamentos: motor 1.5 com 136 cv, câmbio automático de seis marchas, controles de estabilidade e tração, seis airbags, ancoragem Isofix, controlador de velocidade e multimídia de 7" com espelhamento. Além de ser completão, ainda tem suspensão um pouco mais alta, algo que o brasileiro "aventureiro" tem valorizado bastante.
Para investir
Mas se a ideia for investir, ou seja, comprar pensando em ganhar dinheiro no futuro, nada como um bom Ka de primeira geração, com seu desenho atemporal. Claro que não pode ser qualquer um, já que a maioria disponível para venda está em péssimo estado de conservação. É preciso garimpar bem para conseguir um com potencial para ser valorizado no futuro.
Os mais cobiçados são os equipados com o motor 1.6 da família Zetec-Rocam. De fácil manutenção, atinge 95 cv de potência, suficientes para dar tempero esportivo à leve carroceria dessa primeira geração.
A versão XR passa fácil dos R$ 30 mil, mesmo com bons 20 anos de idade. Mais rara ainda é a versão Black, que vinha com couro exclusivo nos bancos, além de vários detalhes estéticos diferenciados. Não vejo um desse há anos e imagino que o dia que aparecer, o preço estará nas alturas, com tendência de se valorizar ainda mais.
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