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Nissan Sentra volta ao Brasil; vale a pena investir em um usado?

Colunista do UOL

17/03/2023 04h00

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Para nossa alegria, o Nissan Sentra está de volta ao mercado brasileiro, dessa vez em sua oitava geração mundial, com um desenho maravilhoso de que dificilmente alguém não gostará. Mas convenhamos, não é nenhuma novidade, já que foi apresentado a primeira vez em abril de 2019, portanto há quatro anos, o que nos faz imaginar que não deve durar tanto tempo com esse visual.

Nesses lançamentos sempre surgem as especulações de que o novo entrante poderá ser o pesadelo dos concorrentes - mas, francamente, isso não deve acontecer. O Sentra sempre foi um modelo com muita qualidade, mas por ser importado não tem tanto fôlego para brigar, ainda mais em um mercado cada vez mais avesso aos sedãs.

Na prática, é provável que volte a ser uma boa opção para frotistas, principalmente as locadoras. Os particulares, infelizmente, tendem a continuar tendo olhos apenas para os SUVs.

Já os Sentras usados devem se beneficiar com a volta da nova geração. Se nos últimos dois anos, o sedã era um modelo fora de linha, que alguns tinham receio de investir em uma compra. Agora tende a ser mais aceito.

E é sobre os Sentras usados que quero focar nessa coluna. Aqui vão alguns pontos para serem observados por quem busca um.

Novo Sentra 2017 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Geração B17 - entre 2014 e 2020

Com preços que vão de R$ 46 mil até R$ 100 mil, vale muito a pena colocar um Sentra de sétima geração - ou apenas B17 - na garagem. O custo/benefício do modelo é quase imbatível, pois entrega muito e cobra pouco por isso. O motor escolhido pela Nissan é o 2.0 16v, flex, de aspiração natural, corrente de comando e injeção indireta, muito robusto e simples de se manter.

A opção mais barata é a versão S, 2014, com câmbio manual. Devido à idade, não é tão simples conseguir um em bom estado e que esteja com as manutenções em dia, mas não custa tentar. Como o custo da manutenção do Sentra tende a ser mais caro, já que as peças são importadas, não recomendo pegar um com coisas para serem corrigidas.

Por pouco mais de R$ 50 mil já dá para considerar um automático, que no caso do Sentra é do tipo CVT. A maioria dos que estão anunciados é equipada com esse câmbio, que não por acaso é o que tem mais procura.

A melhor versão é a SL, que conta com seis airbags, multimídia com câmera de ré, estofamento em couro, ar-condicionado dual zone, controlador de velocidade e rodas de 17 polegadas como diferenciais. O teto solar era de série em 2014 para essa versão, mas passou a ser opcional entre 2015 e 2016, para depois voltar a vir de série.

Em 2016, ganhou itens importantes de segurança como controles de estabilidade e tração, além da cobiçada versão Unique, com o exclusivo interior Bege, e mais alguns mimos como sensor ultrassom do alarme e soleiras iluminadas.

Já em 2017 foi quando recebeu um belo tapa no visual, que deixou o carro ainda mais bonito. Se o orçamento permitir, vale a pena pegar os pós-2017, que passaram a ser mais equipados em todas as versões, dispensaram o tanquinho de partida a frio e ganharam correções em problemas crônicos, como o eletro-ventilador do radiador.

Com os R$ 100 mil do mais caro dos Sentra B17 é possível levar para casa o SL 2020, que além de tudo que já citei ainda conta com sistema de som da Bose, multimídia atualizada e alertas de frenagem e ponto cego. Um baita carro, muito superior e mais barato que um Nissan Versa zero-km.

Nissan Sentra 2008 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Geração B16 - entre 2007 e 2013

Meus fiéis seguidores sabem que tive um Sentra 2008 por um longo período de sete anos e vendi com quase 230 mil km. Foi um carro excelente, que nunca subiu em um guincho para nada. Ainda vale a pena ter um na garagem, mas tem que dar sorte de um bom cair no seu colo.

Não teria paciência de procurar no mercado de usados, pois sei que a maioria está com manutenção negligenciada. O preço do carro é barato e tentador, mas o custo para deixá-lo em ordem pode inviabilizar o negócio.

Os preços ficam entre R$ 24 mil e R$ 43 mil, e a mecânica é basicamente a mesma do Sentra B17, ou seja, motor 2.0 com câmbio manual de seis marchas ou automático CVT. Nos primeiros anos só aceitava gasolina, e com isso conseguia excelentes médias de consumo. Depois que passou a ser flex, em 2010, ganhou fama de gastão, provavelmente por não conseguir mais extrair o máximo de cada tipo de combustível.

Uma vantagem desse Sentra, quando comparado com qualquer outro sedã da mesma época, é que todas as versões, desde as mais simples, já eram equipadas com duplo airbag, freios ABS, controlador de velocidade e direção elétrica, fora outros itens comuns da categoria. Já a versão SL adicionava mais quatro airbags, estofamento em couro, teto solar e sistema de som da RockFordFosgate.

Assim como o B17, também teve uma opção Unique, mas não como versão, e sim como uma variante da versão SL. Somente 300 unidades saíram com o interior bege, inclusive o volante, que não por acaso vive encardido. É o mais desejado dessa geração, mas necessariamente o mais caro, já que só saiu em 2012 e a geração continuou até o ano seguinte.

Para quem pretende comprar um, muita atenção com sistema de arrefecimento do motor, vazamentos, barulhos na suspensão e manutenção do câmbio CVT.

Nissan Sentra 2006 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Gerações anteriores, B13 e B15

Antes do B16, o Sentra foi um carro bem discreto no Brasil, tanto que alguns nem sabem da existência dessas gerações anteriores. São carros robustos, mas impossíveis de serem mantidos por pessoas comuns. Hoje, só valem a pena para quem gosta de colocar a mão na massa para pequenos reparos e tem conhecimento e paciência para importar peças.

As gerações B13 e B14 valem menos de R$ 20 mil - o que pode parecer tentador, afinal de contas, mesmo antigos, são completos, como todo bom Sentra. Mas, definitivamente, não vale a aventura, fora o grande risco de "casar" para sempre com o carro.