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Honda Fit: por que coringa japonês ainda é ótima opção mesmo fora de linha
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O Honda Fit completa duas décadas no mercado brasileiro neste mês de abril. Como o leitor bem sabe, o modelo saiu de linha há pouco mais de um ano, mas teve uma trajetória muito bem sucedida, e inclusive ainda é um dos queridinhos do mercado de usados.
Porém, me lembro muito bem que aquela fase inicial não foi tão amigável com o Fit. A Honda pretendia vender cerca de 30 mil unidades nos primeiros 12 meses de vida, só que não chegou nem a 24 mil. Na minha percepção, visual controverso, motor fraco e preço alto eram os pontos mais críticos do monovolume, que precisou de mais tempo para que o mercado reconhecesse suas qualidades e as vendas deslanchassem.
No lançamento, apenas duas versões foram apresentadas, LX e LXL, sempre com o mesmo motor 1.35 com 8 válvulas por cilindro. Pequeno, leve e moderno, entregava bons 80 cv de potência e quase 12 kgfm de torque em baixas rotações. Aceitável para a proposta, mas pouco para um carro pequeno com preço de médio.
Inovações e câmbio CVT
Com apenas 3,83 metros de comprimento, a carroceria do Fit era tão pequena quanto a de qualquer hatch de entrada daquela época. Mas tinha algumas genialidades para que o espaço interno fosse muito bem aproveitado.
A sacada da Honda foi realocar o tanque de combustível, que geralmente fica embaixo do banco traseiro. No Fit ele fica embaixo dos bancos dianteiros, liberando um precioso espaço para que o banco traseiro pudesse ser rebatido de diversas formas. Somado a isso, o formato monovolume da carroceria liberou bastante espaço para quatro adultos viajarem com conforto, algo surpreendente para quem analisasse o carro apenas por fora.
Outro ponto que chamava atenção era a opção de câmbio automático do tipo CVT, o primeiro em um carro fabricado no Brasil. Acoplado por embreagem ao invés de conversor de toque, contribuiu para que o Fit ficasse com a fama de econômico e difundiu esse tipo de conforto em carros pequenos, até então algo raro por aqui.
Como era o mercado
Incrível como o nosso mercado mudou nesses 20 anos. Quando o Fit chegou, o VW Gol nadava de braçadas, enquanto Fiat Palio e Chevrolet Celta brigavam pelo segundo lugar. Os poucos SUVs disponíveis eram modelos de baixas vendas, como Mitsubishi Pajero e Chevrolet Blazer. Exceção ao Ford EcoSport, que já mostrava forças para ficar entre os 10 carros mais vendidos. Famílias que precisavam de carros espaçosos ainda recorriam aos sedãs e as finadas peruas.
Era difícil encaixar o Fit em alguma categoria, já que não tinha nada parecido com ele. Ainda assim, colocaram outros monovolumes como concorrentes: Chevrolet Meriva, Mercedes-Benz Classe A e Renault Scenic eram as opções. Dependendo das versões, os preços até que eram próximos, mas eram claramente carros bem distintos.
A virada de chave
Brasileiros que valorizam carros econômicos, com baixa desvalorização e boa liquidez, perceberam que o Fit era como um coringa. Pequeno por fora, atendia bem motoristas recém-habilitados e com pouca experiência. Com direção elétrica e câmbio automático, atendia bem quem usasse mais em ciclos urbanos. Espaçoso por dentro, atendia bem casais com filhos. Com airbag e freios ABS, atendia bem quem se preocupava com segurança.
Essas e outras qualidades fizeram com que o desajeitado visual do Fit fosse deixado de lado e o pequeno Honda passou a ser mais desejável. Com a adoção do motor 1.5 em 2005, em uma versão EX ainda mais caprichada, o problema de baixo desempenho ficou para trás.
Vale a pena um Fit com 20 anos?
Quando comecei a trabalhar como Caçador de Carros em 2012, era comum me pedirem Fits dos primeiros anos. Tive a oportunidade de avaliar muitos deles, e naquela época já era difícil encontrar bons carros.
Tinha a impressão de que o dono do Fit não era um amante de carros. Escolhia o modelo devido à fama de ser econômico e robusto, e isso bastava para se sentir a vontade em negligenciar os cuidados necessários com o carro.
Sendo assim, é de se esperar que esses mesmos carros estejam ainda piores, com manutenção aos frangalhos e com quilometragens adulteradas. Custam na faixa dos R$ 25 mil, mas não valem a pena, na minha opinião. A manutenção é bem mais cara que a de outros nacionais mais populares, e pode ser uma cilada para esses compradores que estão com orçamento apertado.
Um Fit desses primeiros anos que esteja em boas condições dificilmente cai no mercado de usados. O dono sabe que tem uma joia nas mãos, olha para o seu baixo valor de mercado, e opta por continuar com o carro, mesmo que seja para deixá-lo como reserva. Caso você se depare com um nessas condições, pode comprar sem medo, mas isso se cair no seu colo. Sair para procurar é uma perda de tempo.
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