Caçador de Carros

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Por que você precisa parar de fugir de carros com mais de 100 mil km

Você está dirigindo seu carro tranquilamente e nota que o painel marca 99.999 km. Tudo vai bem, até que os próximos mil metros são completados e, no momento em que o odômetro "vira" os 100 mil km, você escuta barulhos vindos por todas as partes, peças começam a se soltar e seu carro explode.

Felizmente não conheço relatos de que isso possa ter acontecido com alguém, mas tenho a impressão de que é um dos maiores temores de quem tem carro usado: passar dos 100 mil km. Ou então, no caso de quem está procurando um usado para comprar, o temor é de pegar um que já tenha virado essa casa dos seis dígitos.

O medo de ter um carro com alta quilometragem é tanto que deixam de lado outros quesitos importantes para sacramentar a qualidade de um veículo apenas pelos números que aparecem no painel.

Cientes disso, alguns vendedores de carros, sejam pessoas físicas ou jurídicas, optam por adulterar a real quilometragem de um veículo que está vendendo para torná-lo mais atraente aos olhos do comprador. Alguém gosta de ser enganado dessa forma? Claro que não! Porém, isso só acontece pela falta de conhecimento e viralização dessa bobagem de que carro muito rodado é ruim.

Como Caçador de Carros, vivencio diariamente casos que provam que um dono zeloso sempre terá um bom carro nas mãos, independentemente do tempo de uso ou da quilometragem atingida.

Tenho inúmeros casos para relatar, e um deles aconteceu na semana passada. Fomos vistoriar um Nissan Sentra 2016, anunciado com um valor acima da Tabela Fipe e com 54 mil km declarados.

Durante a visita, o avaliador me chamou e adiantou algumas fotos, dentre elas a do painel, com a mesma quilometragem declarada, e também do selinho da troca da última troca de óleo, feita em janeiro de 2021, com 99 mil km. É isso mesmo que o leitor está pensando: provavelmente a quilometragem foi adulterada, mas uma prova do crime ficou esquecida, colada no para-brisa.

Claro que descartamos a compra do carro, mas ao que tudo indica, alguém caiu no golpe, já que o anúncio não está mais disponível.

Por outro lado, vários outros anúncios com mais de 100 mil km estão encalhados nessa mesma plataforma de vendas. Como pesquiso quase que diariamente, é fácil notar que alguns passam meses lá. Tenho certeza que tem carros bons entre eles, mas infelizmente nem são considerados pela maioria dos compradores.

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Quem faz o carro é o dono. Quando bem cuidado, qualquer carro moderno passa tranquilamente pela barreira dos 100, 200 ou 300 mil km. E não são raros os casos que vão além disso esbanjando saúde, basta ver o quanto taxistas rodam com o mesmo carro.

Sou prova disso, pois tenho prazer de acumular quilometragens nos meus carros, que continuam firmes e fortes. Passei dos 200 mil km em pelo menos dois dos veículos que tive, e ambos foram revendidos com muita qualidade.

Aqui vão alguns pontos que devem ser considerados para quem está disposto a comprar um carro usado com quilometragem mais alta.

Qual quilometragem média posso considerar

A primeira coisa que você precisa saber é que o brasileiro roda em média cerca de 15 mil km por ano. Sendo assim, fica fácil calcular uma quilometragem aceitável para a idade de cada carro. No caso de um modelo 2016 como o Sentra citado, eu sempre considero um ano para trás, já que é comum o ano de fabricação ser diferente. Sendo assim, de 2015 para cá são oito anos, que multiplicado por 15 mil km temos algo como 120 mil km.

Histórico de revisões

É fundamental que um carro mais rodado tenha registro das manutenções. Nesse exemplo de um carro 2016 com aceitáveis 120 mil km é desejável que tenha passado por manutenções mais pesadas, como revisões em freios e suspensão, além de componentes de desgaste do motor, como velas e correias, e também substituição de fluído de câmbio automático.

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Nem sempre os donos fazem isso, portanto não dá para acreditar apenas no quer for dito por eles. É preciso comprovar com registros das oficinas que fizeram os serviços.

Teste de rodagem

O teste de rodagem, ou test-drive, vai revelar se o carro é realmente bom, independentemente de quanto tenha rodado. Se bem mantido pelo dono, um carro com alta quilometragem também vai ser silencioso, sem folgas ou falhas. Mas é preciso fazer para saber, e percebo que muitos compradores tem receio de pedir isso para o vendedor.

Preço atrativo

É claro que um carro menos rodado vai valer mais que outro mais rodado, se considerarmos que ambos estão nas mesmas condições de conservação. Sendo assim, uma das vantagens dos carros mais rodados é poder barganhar mais na negociação.

Ainda usando do exemplo do Sentra 2016 com aceitáveis 120 mil km, ao meu ver, um carro como esse em ótimo estado de conservação e manutenção, vale exatamente o valor de Tabela Fipe. Quanto mais detalhes forem revelados, como por exemplo um jogo de pneus que precisam ser trocados, mais poder de barganha o comprador vai ter.

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Fato é que o vendedor com um carro desse sabe que o interesse é menor, portanto é prudente que esteja aberto para negociar.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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