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Falso intermediário engana comprador e vendedor de carro ao mesmo tempo

Eu não consigo imaginar o que seria da minha profissão, como Caçador de Carros, sem os classificados de carros usados.

A maior parte dos veículos que são avaliados e procurados por mim são encontrados nos anúncios que estão nos sites de compra e venda de automóveis.

Feito esse reconhecimento, não posso deixar de observar que é também através desses mesmos classificados que inúmeros golpes são aplicados todos os dias.

Basta escolher um modelo de carro, colocar nos filtros da pesquisa e, provavelmente, um ou mais anúncios de golpistas vão aparecer. Eu já gravei e escrevi vários conteúdos sobre o tema, dando dicas para não entrar nessa cilada - mas, se eles continuam aplicando, é porque pessoas ingênuas continuam caindo nos golpes.

Veja o caso que aconteceu nesta semana. Eu recebi mensagem de um seguidor que está com um carro anunciado. Ele recebeu a proposta de um suposto interessado, mas achou a conversa muito estranha, e estava na dúvida se poderia seguir com o negócio. A seguir, o caso relatado por ele:

Golpe do falso intermediário
Golpe do falso intermediário Imagem: Felipe Carvalho / Caçador de Carros

Eu fui curto na resposta, para que nem se abra alguma brecha para o "achismo". As vezes, a pessoa está com o carro encalhado ou precisando do dinheiro com urgência e fica cega com a realidade, estando mais propícia para acreditar em qualquer história. É golpe, e ponto final.

Esse é famoso golpe do falso intermediário, onde o golpista consegue enganar um vendedor e um comprador na mesma negociação. Caso o leitor não conheça esse golpe, se atente a característica dele para nunca se dar mal.

Como funciona o golpe

A primeira coisa que o golpista faz é exatamente o relatado na mensagem do meu seguidor. Ele entra em contato com algum vendedor e demonstra interesse no carro, mas diz que está comprando para outra pessoa. Depois pede mais informações do veículo, como fotos, vídeos e dados da documentação.

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Na segunda etapa, o golpista faz um novo anúncio do mesmo carro, mas agora com os dados dele, e sempre com um preço bem abaixo do praticado no mercado. Não demora muito para aparecerem interessados no carro, e para eles, a conversa é de que está vendendo o carro para outra pessoa, que está devendo dinheiro para ele.

Com essas duas pessoas envolvidas, ele agenda a visita para que todos se encontrem, e ele possa mostrar o carro do vendedor para o comprador. Minutos antes do encontro, inventa uma desculpa que não poderá acompanhar, mas avisa que a outra pessoa estará lá, e pede que não entrem em detalhes do valor do carro entre eles.

Veja que é um golpe complexo, onde o golpista consegue fazer com que essas duas pessoas se encontrem sozinhas.

Pela parte do vendedor, ele acredita que existe de fato um comprador, e sente que está seguro por saber que só vai liberar o carro depois de receber o pagamento. Já o comprador, também acredita na veracidade do negócio, pois está vendo o carro pessoalmente e pensa que não pode se tratar de um golpe.

Feito isso, o falso intermediário entre em contato novamente com o comprador, e passa uma conta para o pagamento do carro. Parece difícil de acreditar, mas várias pessoas aceitam fazer o pagamento, já que ele já tinha adiantado que o vendedor estava devendo para ele e, assim, o criminoso consegue concluir a última etapa do golpe.

Claro que, depois disso, ele some, bloqueia os contatos, e deixa as duas pessoas que caíram no golpe se entenderem sozinhas. Pior para o comprador, que perde o dinheiro, mas o vendedor também pode se dar muito mal nessa, pois o comprador pode achar que ele faz parte do crime, e sabe-se lá o que pode fazer com ele numa situação como essa.

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Enfim, esse é um caso clássico, no qual eu sempre penso que ninguém vai cair. Mas a mensagem que recebi prova que, apesar de velho, esse golpe continua atual.

A dica para não entrar em uma fria como essa é dispensar negociações que envolvam terceiros, principalmente na parte do pagamento.

Somente transfira o dinheiro para o verdadeiro proprietário do carro, depois de checar a respectiva documentação e certificar-se de que ele é o dono, de fato.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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