Correia da discórdia: como cuidar de item polêmico que domina carros atuais
Muito tem se falado sobre motores com correia dentada banhada a óleo. Quando o assunto é esse, tem sido comum criticar o uso, que promete baixa manutenção, mas tem causado dores de cabeça com quebras prematuras.
Independentemente de gostar ou não das correias banhadas a óleo, fato é que muitos carros são equipados com elas. No mercado de automóveis de passeio novos, três dos 10 modelos mais vendidos esse ano usam correias banhadas. Entre os comerciais leves, são dois dos seis mais comercializados.
Ainda tem o mercado de usados, que conta com modelos que já saíram de linha, para concluirmos que não podemos apenas reclamar e fechar os olhos para elas. É preciso aceitar e seguir recomendações importantes para não correr o risco de ter problemas.
Para que serve
Um automóvel conta com uma quantidade enorme de componentes, sendo que alguns são fundamentais para o bom funcionamento do motor. É o caso da correia de sincronismo.
Todo motor a combustão moderno com comando de válvulas no cabeçote utiliza correia dentada de borracha, ou corrente de comando de metal. No caso da segunda, não existe manutenção, já que é prevista para durar o mesmo tempo de vida do motor, pelo menos na teoria. Já a primeira, por ser de borracha, sofre mais com o uso e ação do tempo, por isso requer manutenção.
A escolha entre correia e corrente é feita nos primórdios do desenvolvimento de um motor, tendo vantagens e desvantagens que são avaliadas pelo fabricante para decidir o que utilizar.
Por muitos anos, era comum que a correia fosse um componente externo do motor, e a corrente interna, portanto banhada no mesmo óleo. Por ser de borracha, a correia tinha que ficar do lado de fora, já que borracha e óleo não combinam. Até que a Ford, em 2007, desenvolveu uma correia dentada de borracha, com componentes que suportam a presença de um óleo com aditivos específicos. Com isso pode colocar a correia para dentro do motor, e permitir que ficasse imersa no óleo. De lá para cá, outros fabricantes também adotaram essa tecnologia.
Quais carros usam no Brasil
Entre os carros novos, o motor 3 cilindros da Chevrolet, presente em Onix, Onix Plus, Tracker e Montana, e o motor 2.0 da Ford Ranger, são exemplos de carros bem vendidos que utilizam correia banhada a óleo.
Já no mercado de usados, isso ocorre em motor 3 cilindros da Ford, presente em Ka, Ka sedã e Ecosport, e 1.2 da antiga PSA, em marcas como Citroën C3 e Peugeot 208.
Como saber se está boa
Infelizmente não é possível identificar de maneira visual a qualidade de uma correia banhada a óleo em uma avaliação de carro usado. Seria necessário remover várias peças, incluindo a tampa de válvulas, algo completamente inviável. Somente em um ambiente de oficina isso seria possível.
Sendo assim, é fundamental saber como foi feita a manutenção do motor desde novo. Como eu disse anteriormente, essa correia depende de um óleo específico, com aditivos especialmente desenvolvidos para não deteriorar a borracha. Portanto, não basta respeitar apenas a viscosidade, mas sim as normas que o fabricante exige. Também é importante que o dono anterior tenha respeitado o prazo de troca. Na dúvida, basta consultar o manual do carro.
Caso o carro avaliado tenha passado por revisões somente nas concessionárias do fabricante, é certo que o óleo correto foi utilizado no motor, e a compra tende a ser mais segura. Se foi feito em oficinas particulares, é necessário apresentar a nota fiscal com o nome do que foi utilizado. Se não tiver isso, não recomendo a compra do carro.
Mas o ideal mesmo para quem for comprar é negociar um desconto para a troca do kit de correia de maneira preventiva. Não é uma manutenção barata, mas somente assim o comprador pode ter a tranquilidade de que ela não vai estourar e causar danos catastróficos no motor.
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As quebras prematuras dessas correias tem acontecido quando é utilizado óleo incorreto nesses motores. Sem os aditivos necessários, ela vai se desgastando rapidamente e estoura sem avisar. Não tem barulho ou indício que isso vai acontecer, ela simplesmente estoura e deixa o motorista na mão.
Também não pode deixar ultrapassar o prazo de troca, seja por tempo ou quilometragem, pois mesmo o óleo correto, sofre com contaminação do combustível e tende a perder suas características.
Portanto, quem tem ou pretende comprar um carro que tenha motor com correia dentada banhada a óleo deve ser extremamente rigoroso com essa manutenção e guardar todos os comprovantes das trocas feitas, para poder apresentar para um futuro comprador. Somente assim é possível ter tranquilidade com esse tipo de motor.
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