Feios e cobiçados: 5 carros campeões em vendas mesmo com aparência duvidosa
Beleza é algo relativo. Para um mesmo modelo de carro, existem diferentes percepções, com pessoas que gostam, outras que não. E está tudo bem. Nas redes sociais, é interessante observar os comentários em publicações de carros, principalmente na fase de lançamento.
Quando se trata de um desenho caprichado e conservador, a aprovação é grande, mas também aparecem reclamações por ser mais do mesmo. Do contrário, quando o desenho é algo diferente de tudo que já foi proposto, os elogios são mais raros e chovem críticas ao fabricante que decidiu ousar demais.
É natural buscarmos por opiniões parecidas com as nossas para validar aquilo que estamos enxergando, mas as opiniões nunca são unânimes. Até mesmo o mais feio dos carros vai parecer bonito para alguém.
Mesmo assim, existem carros que exageram na falta de beleza. Olhamos de um lado, do outro, colocamos a mão no queixo, coçamos a cabeça, refletimos alguns minutos e concluímos que faria tudo diferente se estivesse no controle do projeto.
Curioso que alguns desses carros desprovidos de beleza se mostram excelentes produtos com o passar do tempo e se tornam queridinhos no mercado de usados. Na coluna dessa semana separei 5 carros feiosos - na minha opinião - que mandam bem neste quesito.
Toyota Etios
Não tinha como começar por outro modelo. O Etios nasceu feio e, para piorar, na mesma época do Hyundai HB20. As comparações foram inevitáveis, sendo que o primeiro virou motivo de piada e o segundo passou a ser a referência do segmento dos carros de entrada.
Mas o Etios tinha algumas cartas na manga, que foram aparecendo com os anos. Seu melhor momento foi a partir do modelo 2017, quando recebeu melhorias no motor, painel digital e opção de câmbio automático. Dois anos depois, vieram controles de estabilidade e tração. Saiu de linha de maneira digna, como um bom produto, mas infelizmente o desenho original permaneceu até o fim.
Hoje, no mercado de usados, o Etios é um fenômeno. Por ser um Toyota, carrega a boa reputação que a marca tem em quesitos como confiabilidade, simplicidade, baixa manutenção e boa liquidez, pontos fundamentais para um carro se dar bem no mercado de usados. A beleza acaba sendo um critério de pouca importância, e por isso ele se dá tão bem.
Chevrolet Cobalt
Outro que a gente olha e não entende como foi aprovado para ganhar as ruas é o Chevrolet Cobalt. Ele até tinha ângulos interessantes. Quando visto de trás ou de lado, transmitia a imagem de um sedã robusto e elegante, mas sua dianteira era tão desproporcional que chamava atenção só para ela e fazia do Cobalt um dos sedãs mais feios de sua época.
Mas se por fora ele não agrada tanto, por dentro reserva bom espaço para passageiros e bagagens, além do tradicional motor da Família 1 da Chevrolet, conhecido pela manutenção simples e barata.
Em país gigantesco como o nosso, com muitas cidades isoladas dos grandes centros urbanos, carros como o Cobalt se dão muito bem, pois a mais singela das oficinas mecânicas tem conhecimento e ferramental para atendê-lo. Com isso, é o tipo de veículo que dificilmente vemos parados por falta de manutenção, algo que o mercado de usados aprecia bastante.
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Quero receberOs mais procurados são os modelos equipados com câmbio automático, disponível a partir do modelo 2013, sempre com motor 1.8, mas os manuais também são tem ótima liquidez no mercado de usados.
Fiat Mille
Eu sou fã da linha Uno, mas não do que a Fiat fez em sua última reestilização, no ano de 2004. Claro que estou me referindo apenas a sua carroceria original, da primeira geração. Enfim, o simpático hatch já tinha duas décadas de vida e poderia ser aposentado naquela primeira metade dos anos 2000. Mas havia demanda para o modelo, e a marca decidiu modernizar seu visual.
O resultado foi ruim, com uma grade que parecia ter saído de um utilitário. A harmonia do visual original dava lugar para uma gambiarra que desse sobrevida ao modelo. Vendido somente com motor 1.0, o Mille tinha tudo para terminar sua trajetória de maneira melancólica.
Mas eu estava totalmente equivocado. O Mille, mesmo feioso, seguiu firme e forte como o carro mais barato do Brasil e só saiu de linha por motivos de força maior - a obrigatoriedade de freios ABS e duplo airbag em 2014 decretou seu fim. Não fosse por isso, teria aguentado mais tempo, pois tinha demanda.
Assim como ainda tem hoje no mercado de usados. Passados mais de 10 anos que o Mille saiu de linha, ele continua com ótima liquidez. Atende um público que precisa de carros que aguentem desaforos, e não é raro nos depararmos com vídeos viralizados de Milles desafiando as leis da física nas situações mais diversas.
Toyota Corolla
Um Corolla nessa lista? Calma, meu caro leitor que é fã desse sedã japonês. Aqui, nessa coluna, me refiro apenas a primeira geração fabricada no Brasil, entre 1998 e 2002.
Naquela época, tínhamos belos sedãs disponíveis no nosso mercado, como Chevrolet Vectra, Fiat Marea e Honda Civic, todos com visuais modernos. Só que a Toyota decidiu que seu campeão de vendas deveria ter um visual conservador, que pudesse agradar a maior parte do público brasileiro.
O resultado foi uma carroceria de linhas retas e de pouca inspiração. Definitivamente não era páreo para os concorrentes, e contribuiu para difundir a imagem de 'carro para quem não gosta de carro'.
Passados todos esses anos, esse primeiro Corolla nacional é muito desejado no mercado de usados. Mais uma vez, a boa fama da marca faz com que esses carros se deem bem no mercado de usados. Quando aparece algum em bom estado de conservação, o vendedor pode pedir o que quiser, que encontra comprador em um estalar de dedos.
Hyundai Creta
Por fim, algo mais moderno nessa lista de carros feios que vão bem no mercado de usados. O Hyundai Creta nasceu com visual agradável e harmonioso, mas logo na primeira reestilização deu o que falar.
Faróis, lanternas e grade diferentes de tudo que vimos até então tinham tudo para afundar o modelo no mercado. Mas não foi o que aconteceu, já que sempre se manteve entre os SUVs mais vendidos.
Pode ser cedo para avaliar como esse visual vai se sair com o passar dos anos, mas acredito que continuará sem dificuldades para encontrar compradores. Pensando no longo prazo, arrisco dizer que a versão com motor 2.0 de aspiração natural será a mais procurada.
Apesar de gastar mais combustível que a versão 1.0 turbo, tem manutenção mais simples, algo apreciado por carros com bons anos de uso. E o visual, por mais que ainda seja polêmico, ficará em segundo plano para quem precisar apenas de um bom SUV usado.
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