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Ruas perigosas: por que é mais seguro dirigir na estrada do que na cidade

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Colunista do UOL

25/10/2022 11h00

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Semanas atrás fiz uma matéria a respeito de dividir a estrada com caminhões. E um comentário muito interessante que surgiu, com o qual concordei, apontou que dirigir em rodovias é perigoso porque os acidentes tendem a serem mais graves do que na cidade. Achei um tema bem legal para abordar e fui surpreendida pelas pesquisas.

O único lugar onde achei informações bem detalhadas sobre os acidente foi no site do Infosiga-SP, o sistema do governo de São Paulo que monitora acidentes de trânsito. Então nossa conversa se limitará a este estado, mas já mostra muita coisa interessante.

Segundo o Infosiga-SP, rolaram mais de 187 mil acidentes no ano de 2021. Em setembro de 2022 já foram mais de 15.500, sendo 430 fatais. Agora, olha só que interessante: do total de acidentes de 2021, entre os não fatais, a gente tem pouco mais de 16% deles nas estradas e mais de 81% nas vias municipais, enquanto entre os fatais vamos para mais de 44% nas estradas e pouco mais de 49% nas vias municipais.

Pelos dados, não importa a via ou se o acidente foi fatal ou não: sábado à noite é o grande problema e acho que isso já era de se esperar, não é? Entre 18h e 21h temos picos de acidentes. E aí temos dados sobre os tipos de acidentes em que, entre os não fatais, a maior parte são colisões (ou seja, os veículos envolvidos estavam em movimento), seguido de choques (em que um dos envolvidos é um veículo parado ou um objeto fixo).

Nos acidentes fatais, temos o maior número de acidentes envolvendo mais de um automóvel.

Isso tudo significa que, quando temos um acidente na estrada, é bem provável que ele seja mais graves e as chances de óbito são mesmo maiores. Mas, ainda assim, continua sendo mais perigoso sofrer um acidente dentro da cidade. Além de acontecerem com muito mais frequência, matam mais.

O Infosiga-SP também traz dados sobre os óbitos no trânsito e, como era esperado, quem mais morre em acidentes de trânsito são motociclistas, seguidos de pedestres e, só depois, vítimas que estavam em automóveis. A maior parte dessas pessoas morre em hospitais (51,5%), mas a quantidade perde a vida no local do acidente está bem próxima (43,29%) - e são, em sua maioria, os condutores do veículo (56,4%).

Um último dado sobre mortes no trânsito que não poderia deixar de comentar é a diferença entre mortes de homens e mulheres. Levando em conta que 56,4% dos óbitos são dos condutores, é importante avaliarmos que apenas 17,4% das mortes são de mulheres.

O site não mostra estatísticas de divisão de condutores por sexo, mas temos outros indicativos sobre a prudência feminina ao volante - como, por exemplo, os valores diferenciados de apólices de seguro. Por isso, se você é homem, pense melhor ao criticar a forma como uma mulher dirige. E, se é mulher, não crie expectativas de "dirigir tão bem como um homem" porque a realidade já mostra que somos melhores nisso, sempre lembrando que temos os pontos fora da curva em ambos os lados.