Topo

Brasileiro sonha com bigtrails sem ter "bala" para isso; que opções sobram?

Honda Africa Twin terá mais sucesso lá fora que aqui: consumidor brasileiro amadureceu, mas ainda não está "pronto" para ela - Divulgação
Honda Africa Twin terá mais sucesso lá fora que aqui: consumidor brasileiro amadureceu, mas ainda não está "pronto" para ela Imagem: Divulgação

Roberto Agresti

Colunista do UOL

09/01/2017 10h00

Lá fora, motos grandes dominam. E por aqui? Aventureiras pequenas

Adivinhe qual é o modelo de duas rodas favorito dos italianos, um dos mais fanáticos povos da terra quando o assunto é motocicleta?

Há anos o posto de moto mais vendida é ocupado pela BMW R 1200 GS, uma... bigtrail. A cara aventureira de grosso calibre supera marcas tradicionais até mesmo no país da bota, como a entusiasmante Ducati e qualquer scooter que, como se sabe, tem na Itália seu mercado mundial número 1.

Já no Brasil, crise, cultura motociclística ainda engatinhando e principalmente a necessidade de suprir carências de transporte fazem de modelos bem mais simples os mais vendidos do mercado, onde a Honda CG reina há décadas na lista das best-seller.

Honda CG 160 Titan 40 anos - Infomoto - Infomoto
Se o poder aquisitivo brasileiro fosse como do europeu, motos aventureiras de maior porte teriam destaque. Mas como a necessidade de suprir carências de transporte fazem de modelos mais simples os mais vendidos, quem figura no topo da lista são modelos como a Honda CG, líder há décadas
Imagem: Infomoto

Especialmente na última década o brasileiro se aculturou em termos de motocicleta e assim não é barbaridade nenhuma afirmar que, se pudesse, e o poder aquisitivo fosse igual ao padrão europeu, a BMW R 1200 GS e suas congêneres -- a recém-lançada Honda CRF1000L Africa Twin ou a lendária Yamaha XTZ 1200Z Superténéré -- ocupariam posição de destaque entre as mais vendidas. Aliás, como fazem seus "clones-miniatura", as Honda Bros e XRE e as Yamaha Lander e Ténéré 250.

Mas o que atrai tanto nesse gênero de moto? Sem dúvida o ingrediente principal é a versatilidade, a facilidade no uso urbano do dia a dia e a competência para pequenas viagens. Já as grandonas têm seu principal apelo no estímulo ao sonho de vencer grandes distâncias, nem que essa grande distância fique limitada a passeios de final de semana, de poucos quilômetros perto de casa, onde nem 10% da capacidade do modelo é colocada à prova.

De olho nesse mercado, a BMW reforçou sua linha com a recém-lançada F 700 GS, moto multiuso que custa a metade do preço da R 1200 GS. Em breve, a fábrica da marca em Manaus (AM) também desovará a versão "júnior" de suas aventureiras, a G 310 GS. E não será difícil prever que neste ano a Yamaha faça o mesmo e renove seu já datado time de 250 e 660 cc; que a Kawasaki lance a X-300 Versys ou até mesmo que a sonolenta (no Brasil) Suzuki ofereça sua V-Strom 250, todas apetitosas para um consumidor como o brasileiro, razoavelmente amadurecido, mas ainda sem "bala" para colocar Africa Twin ou R 1200 GS na garagem.