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Moto já pode se equilibrar sozinha. É o fim da diversão sobre duas rodas?

Conheça a Honda Riding Assist, moto que se equilibra sozinha

INFOMOTO

Roberto Agresti

Colunista do UOL

16/01/2017 08h00

Marcas investem mais e mais em tecnologias para trazer novos clientes

A recente apresentação de um protótipo de moto que se equilibra sozinha sobre duas rodas provoca a imaginação. O que a Honda propõe, discretamente, é um auxílio para manobras em baixas velocidades, situação na qual -- como sabe todo motociclista -- habilidade e equilíbrio são postos duramente à prova.

A tecnologia aplicada à moto em questão, uma NC 750 modificada, veio do Unicub, uma geringonça com cara de maleta que se pode levar para dentro do avião. Sentado nele, é possível andar para frente e fazer curvas apenas com o jogo de corpo.

Cinco anos atrás, visitando o Japão a convite da Honda, tive a chance de andar com o Unicub. Ao final da experiência, técnicos da empresa me cercaram e dispararam perguntas. A que mais me chamou a atenção foi "para que você acha que isso serve?"

À época, sem convicção, respondi que aquilo poderia ser útil para transporte em ambientes internos, como quem precisa se deslocar por grandes distâncias dentro de uma empresa, ou que poderia servir também para aposentar os patins dos funcionários de hipermercados, por exemplo.

Não era nada disso: o Unicub (assim como o robozinho Asimo) serve para desenvolver sistemas para serem aplicados em outras funções. Pode até ser que um dia a Honda coloque os coloquem à venda, mas o alvo é mesmo melhorar a dinâmica de seus veículos, ou seja, fazer com que motos e carros funcionem melhor e sejam mais amistosos aos seus usuários, exigindo-lhes menos habilidade, ou menos talento, e favorecendo uma gestão segura e fácil.

Honda uni-CUB - Divulgação - Divulgação
Honda uni-CUB permite que a pessoa ande para frente e faça curvas apenas com o jogo de corpo
Imagem: Divulgação

Segurança de amanhã

No ano passado a BMW também acenou com uma futura motocicleta capaz de jamais cair. Não disse como, mas em síntese a futurística Vision Next 100 se autoequilibraria. O que empresas como Honda e BMW (e certamente muitas outras) pesquisam são o passo adiante na gestão do equilíbrio da motocicleta, algo que vai bem além de equipamentos como freios ABS, controle de tração ou sistemas de gestão do motor, já presentes em vários modelos.

Não há nenhuma dúvida que pilotar de maneira competente ainda é tarefa que exige pessoas com nível de habilidade razoável. Por mais que tenha havido uma enorme evolução nos mais de 100 anos que nos separam das primeiras motos colocadas à venda -- que de fato eram meras bicicletas motorizadas --, motocicletas ainda não são "para qualquer um".

Pequenos scooters automatizados (com câmbio CVT, ou seja, sem marchas e com relação contínua) ou mesmo triciclos como os Yamaha Tricity ou Piaggio MP3 fizeram da tarefa de se equilibrar ao guidão uma atividade cada vez mais democrática, mas o caminho para a moto do futuro passa pela total eliminação daquelas variáveis que podem, a qualquer vacilo, fazer o corpo humano se chocar com o solo ou outro obstáculo qualquer.

Eletrônica sofisticada, microprocessadores, sensores de variados tipos e tantas outras coisas que nem conhecemos -- e talvez nem tenham nome ainda -- estão no forno. E a motocicleta como conhecemos hoje, morrerá?

Será que em breve o mais instigante veículo sobre rodas criado pelo ser humano será peça de museu, dando lugar a patinetes autônomos nos quais a arte de pilotar estará definitivamente enterrada?

Bola de cristal não tenho, mas posso apostar que do mesmo modo que a indústria está trabalhando para atender a um público cada vez maior, trazendo para o guidão gente que teme se machucar ou não se considera hábil o suficiente com veículos cada vez mais seguros, ela também continuará a oferecer motocicletas "roots", nas quais a graça é mesmo colocar à prova habilidades.