Quer começar a andar de moto? Veja 5 coisas básicas que você deve aprender
Apesar da grave carência de pesquisas sobre causas de acidentes com motociclistas no Brasil, é consenso que boa parte dos episódios envolve recém-habilitados.
A falta de experiência associada à má formação oferecida pelas moto-escolas, que ensinam o candidato a passar no exame e não a pilotar uma moto com segurança, é uma verdadeira máquina de fazer vítimas. Acrescente a isso uma boa dose de irresponsabilidade -- pois, infelizmente, o padrão comportamental vigente em nosso trânsito é a transgressão.
Cumprir regras parece um fator opcional. De modo geral, motoristas e motociclistas brasileiros não priorizam aspectos de segurança na condução de veículos e o resultado é a selvageria que vivemos.
Diante desta situação, os cinco conselhos abaixo, se seguidos à risca, poderiam dar a pessoas que têm vontade de começar a andar de moto ou a inexperientes a chance de evitar as dispendiosas e por vezes dolorosas consequências dos acidentes.
1. Aprenda a frear
A maior parte dos novatos está mais preocupada em não deixar a moto morrer, coordenar a mudança de marchas com acelerador e embreagem ou fazer curvas de maneira natural do que frear. Quase a totalidade dos instrutores de moto-escolas ensina que deve ser o freio traseiro a "mandar" na frenagem, quando a verdade o certo é exatamente o contrário: o dianteiro deve ser o preponderante.
Todo principiante deve praticar frenagens em local seguro, longe de obstáculos, pedestres e outros veículos. Um pátio de estacionamento vazio ou uma rua larga e pouco movimentada servem ao propósito. O objetivo deve ser o de "sentir" como cada freio responde. Motocicletas têm freio dianteiro comandado pela mão direita e traseiro pelo pedal direito. Alguns modelos mais modernos são dotados de frenagem combinada, na qual o pedal também atua no freio dianteiro. Independentemente de qual for a moto (ou scooter, cujos comandos de freios são exclusivamente nas mãos) treinar frenagem é fundamental.
Comece em baixas velocidades, experimentando qual proporção entre a pressão na manete e no pedal resulta em frenagem mais segura. Normalmente a receita ideal é 70% da força estar a cargo do freio dianteiro e 30% do traseiro, mas tal divisão pode variar caso a caso. Na chuva, por exemplo, a ênfase no freio traseiro deve crescer ligeiramente. A importância de praticar o antes de encarar o trânsito é prioridade.
2. Equipe-se
Usar equipamento de segurança completo é regra fundamental. Ele não significa só capacete, único elemento obrigatório por lei: as extremidades do corpo (pés e mãos) são as primeiras a arcar com as consequências de tombos bobos. Por isso, é fundamental usar luvas específicas, dotadas de proteções rígidas (mas que sejam confortáveis e não limitem movimentos).
Calçados de cano alto, que cubram o tornozelo, também são essenciais. Calças com joelheiras integradas (ou joelheiras externas), assim como jaquetas com proteções rígidas nos ombros, cotovelos e antebraços garantem a preservação de partes críticas do corpo, que mesmo nos acidentes em baixa velocidade podem ser comprometidas. Outra dica: a viseira do capacete deve sempre estar fechada quando a moto estiver em movimento -- no caso dos capacetes abertos, os olhos devem estar protegidos por óculos específicos. Um inseto ou pedriscos lançados pelos veículos podem causar traumas graves.
3. Seja humilde no trânsito
Ninguém nasce sabendo. Por isso, os primeiros "movimentos" com uma motocicleta devem levar em consideração sua inexperiência. É importante ter consciência que apenas a prática constante e quilômetros rodados proporcionarão uma crescente capacidade de dominar a pilotagem -- e mesmo assim sempre lembre-se de que mesmo o mais hábil e experiente dos motociclistas pode ser pego no contrapé.
Assim, habitue-se a prever situações de maneira pouco otimista. Jamais inicie uma manobra sem considerar o que pode dar errado e se prepare mentalmente para reagir ao pior. Conforme os quilômetros acumulados, a tocada vai se tornando automática e mais relaxada, mas não deixe que a tranquilidade derivada dessa experiência te faça desconsiderar os riscos inerentes à pilotagem. Ter receio, um medo respeitoso, e lembrar sempre de suas limitações é saudável e normalíssimo. É, aliás, o segredo do sucesso para você se tornar um motociclista experiente.
4. Um degrau por vez
Você treinou, está equipado e preparou sua mente para enfrentar situações de risco. Nada disso substitui a experiência que será adquirida de maneira gradual. Em vez de se atirar em uma via expressa, rodovia ou ruas coalhadas de veículos, comece em lugares tranquilos e com trajetos curtos.
O ideal é estabelecer um circuito padrão e repeti-lo, buscando aprimorar os parâmetros que envolvem a pilotagem: sair da imobilidade sem pender para os lados; controlar adequadamente acelerador, embreagem e câmbio; frear de maneira segura; mudar de faixa de rolamento sinalizando e controlando os espelhos retrovisores e, importantíssimo, fazer curvas de modo seguro, natural e com domínio adequado, o que significa ser capaz de eventualmente mudar a trajetória ou frear sem que isso te coloque em crise.
Dominado o "circuito", parta para trajetos mais exigentes e só evolua de fase quando estiver se sentindo suficientemente seguro.
5. Não leve garupa
Motociclistas inexperientes, com pouco tempo de guidão, deveriam ter o bom senso de jamais se arriscarem a levar passageiros. A razão é simples: o já tênue equilíbrio de uma moto é radicalmente afetado pela presença de alguém na garupa. Assim, enquanto você não tiver adquirido certa bagagem de conhecimento, abstenha-se de dar carona. No futuro, um passeio com companhia será uma das coisas mais prazerosas a fazer. Mas enquanto você for novato, melhor arriscar apenas sua pele...
A manjada frase "não existem motociclistas experientes e irresponsáveis, apenas experientes; os irresponsáveis não vão muito longe" é mais do que verdadeira. Motocicletas são veículos fascinantes, mas que cobram alto preço dos menos experientes (e irresponsáveis). Seguir estas dicas pode facilitar seu início ao guidão e tornar seu convívio com motos harmonioso e duradouro.
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