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Veja 5 iniciativas que devem ajudar a popularizar as motos elétricas
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Embora alguns ainda torçam o nariz, tudo indica que, no futuro, nem tão longínquo assim, carros e motos deverão ser movidos a eletricidade. Sejam totalmente elétricos ou híbridos, os veículos elétricos são apontados como uma solução para salvar o planeta dos efeitos nefastos da poluição emitida pelos motores de combustão interna.
Como geralmente acontece com novas tecnologias, os automóveis estão mais avançados do que as motos nesse processo de eletrificação, o que é totalmente compreensível. Primeiramente, por uma questão financeira. Afinal, a indústria de quatro rodas é maior e muito mais rica do que a de motos.
Mas também por uma questão de engenharia. Por serem maiores, é mais fácil acomodar módulos eletrônicos e baterias de maior capacidade nos carros, garantindo assim mais autonomia, ainda um dos calcanhares de Aquiles dos veículos elétricos. Principalmente, as motos.
Mas já surgem algumas iniciativas que deverão acelerar a eletrificação da frota de duas rodas e ajudar a popularizar as motos e scooters elétricas no Brasil e no mundo. Conheça algumas dessas ideias que vêm sendo testadas e prometem revolucionar a mobilidade.
Motos elétricas nacionais
Para acelerar a eletrificação da frota de duas rodas, empresas brasileiras estão investindo alta para produzir motos elétricas no País. Com aporte de capital de fundos de investimentos, startups nacionais, irão abrir fábricas no Polo Industrial de Manaus (AM) para produzir em grande escala e popularizar as elétricas no Brasil, o sétimo maior mercado de motos do mundo.
A Voltz Motors recebeu aporte de R$ 100 milhões em uma rodada de investimentos, liderada pela Creditas, empresa especializada em crédito, no início do ano passado.
Parte desse montante viabilizou a instalação de uma planta com 12 mil m² na capital amazonense com capacidade para produzir 15 mil unidades, por mês.
A fábrica, que começou a operar no início de junho, vai produzir inicialmente a scooter EV1 e duas versões da EVS, todas elétricas. Em breve, o triciclo Miles, também elétrico e voltado a entregas, começará a ser montado em Manaus.
A Multilaser, uma das principais empresas de informática e eletroeletrônicos no País, adquiriu a paranaense Watts Mobilidade Elétrica, por R$ 10,5 milhões, em março passado. Entre os planos está uma linha de montagem na planta da Multilaser na capital do Amazonas para produzir patinetes, scooters e até uma moto elétrica, a partir do segundo semestre deste ano.
Em dezembro passado, em outra rodada de investimentos, a Origem, startup de Brasília (DF), também captou R$ 100 milhões para montar sua fábrica de motos elétricas em Manaus. Focada em motos de uso profissional, e com uma rede de recarga rápida própria, a Origem quer produzir 50 mil motos/ano a partir de 2023.
Motos elétricas de uso profissional
Diversas empresas estão aderindo às práticas de ESG (Enviromental, Social and Governance) e procurando reduzir seu impacto no meio-ambiente. Entre elas, as empresas de logística e entregas que estão enxergando nas motos elétricas uma forma de diminuir sua pegada de carbono.
Recentemente, o iFood, plataforma de delivery, firmou uma parceria com a brasileira Voltz, fabricante de motos elétricas, para viabilizar motos elétricas a seus entregadores.
Vendida a um preço convidativo, menos de R$ 10 mil, a moto elétrica do iFood vai ajudar a reduzir a emissão de CO² nas entregas realizadas pela plataforma, mas também deve fazer com que os motociclistas aumentem sua renda no fim do mês. Afinal, com o preço da gasolina nas alturas, está mais barato carregar a bateria do que encher o tanque da moto.
Além da plataforma de delivery de comida, que pretende colocar 10 mil motos elétricas nas ruas da capital paulista até 2023, outras empresas, como a FedEx, estão testando motos elétricas nas entregas. O uso profissional das motos elétricas certamente vai ajudar a popularizar esse tipo de modal não poluente.
Estações de troca de bateria
A baixa autonomia ainda é uma questão que restringe o uso das motos elétricas. Atualmente, a maioria dos modelos não é capaz de rodar mais de 150 quilômetros com uma carga da bateria.
Isso sem falar no longo tempo de recarga. A maioria das motos e scooters elétricas, à venda atualmente no Brasil, precisam de mais de cinco ou seis horas para uma carga completa.
Para resolver essa questão, a Voltz criou um projeto-piloto de estações de troca de bateria. A iniciativa, realizada em parceria com a iFood e com o Turbo, hub de Inovação da Ipiranga, vai começar atendendo apenas os entregadores do iFood, mas é apenas o primeiro passo de um grande projeto, que inclui venda de motos sem baterias e plano de assinatura para utilização das estações de troca também para os consumidores finais.
"As estações de troca de bateria chegam para redefinir a mobilidade de veículos elétricos no Brasil. Elas vão tornar nosso produto mais acessível e erradicar a limitação de autonomia, que hoje é um desafio para acelerar a transição dos consumidores das motos movidas à combustão para as elétricas", comenta Renato Villar, CEO da Voltz.
Vendidas sem baterias, as motos elétricas ficam mais acessíveis. A disseminação das estações de troca, que podem ser utilizadas mediante o pagamento de uma assinatura, resolvem o problema da falta de autonomia e do longo tempo de recarga. Por enquanto, existem apenas 33 estações de troca em 19 postos Ipiranga na capital paulista, mas o plano da Voltz é chegar a 100 estações ainda este ano.
Baterias padronizadas
Entretanto, para que as estações de troca de bateria funcionem em grande escala é preciso que as baterias sigam o mesmo padrão. Mal comparando, o ideal é que sejam como os combustíveis fósseis.
Apesar de haver alguma diferença na composição da gasolina entre os países, é possível abastecer sua moto nacional em praticamente qualquer posto do planeta que ela vai funcionar normalmente. Com as baterias de motos a ideia é que seja assim, pelo menos em cada país. E isso já vem sendo feito.
No início do ano passado, um consórcio, formado por Honda, Kawasaki, Suzuki e Yamaha, criou um padrão para as baterias de motos elétricas intercambiáveis e os sistemas de substituição.
O objetivo é permitir o compartilhamento de baterias e abrir caminho para uma maior utilização de motos elétricas no Japão, a princípio. Mas, certamente, a padronização poderá ser estendida a outros mercados, beneficiando também a eletrificação da frota de duas rodas no resto do mundo.
Desde sua criação em abril de 2019, o consórcio tem trabalhado na formulação de padrões para a troca de baterias em diversos modelos de diferentes marcas. Além de estabelecer parâmetros para os sistemas de substituição e recarga de baterias.
Dessa forma, as empresas acreditam que podem sanar dois problemas que impedem a adoção generalizada de motos elétricas como solução de mobilidade mais ecológica e conveniente - a autonomia e o longo tempo de recarga.
Baterias irão evoluir
Da mesma forma que os combustíveis foram se aprimorando ao longo dos anos e o sistema de alimentação evoluiu do carburador para a injeção eletrônica, as baterias e sistemas de gerenciamento de energia irão se tornar mais eficazes no futuro.
Em poucos anos, as baterias já têm melhorado e devem evoluir ainda mais. Recentemente, uma parceria entre a CBMM e a Horwin Brasil, fabricante chinesa de motos elétricas, iniciou os testes com uma bateria de íons de lítio com nióbio, que permite uma recarga ultrarrápida com segurança e sem prejudicar a vida útil do componente.
O metal nobre vai ser aplicado nos ânodos da bateria de íons de lítio na forma de óxido de nióbio que, por ser um elemento muito estável, permite recargas mais seguras e eficientes.
"Além disso, devido à sua estrutura cristalina mais aberta, o que facilita a intercalação do lítio, permite a recarga total em menos de 10 minutos, sem causar danos à bateria", explica Rogério Marques Ribas, gerente do programa de baterias da CBMM.
Ou seja, no futuro, o longo tempo de recarga das baterias pode ser reduzido drasticamente. E as recargas poderão ser feitas em eletropostos, enquanto você faz uma parada para esticar as pernas e tomar um cafezinho. Permitindo até mesmo longas viagens com motos elétricas.
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