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Triumph "afia" as garras da nova Tiger 1200 para brigar com a BMW R 1250 GS
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A Triumph "afiou" as garras da nova Tiger 1200 para enfrentar a líder do segmento aventureiro, a BMW R 1250 GS. Para isso, a fabricante inglesa promoveu uma reformulação completa em sua bigtrail de 1.200 cc. A Tiger 1200 ficou perdeu peso, ganhou um novo chassi e suspensões, além de um motor mais potente e muita tecnologia embarcada.
Apresentada há cerca de dez anos, a Tiger 1200 só tinha até então recebido melhorias pontuais, mas nada que se compare às modificações realizadas no modelo 2022. Nessa geração, que chega em três versões ao Brasil, tudo é novo: do design, passando pelo chassi e até o motor.
Mais voltada para o asfalto, a nova Tiger 1200 GT Explorer usa rodas de liga-leve (aro 19, na frente) e pneus esportivos, tem tanque de 30 litros e o completo pacote tecnológico desenvolvido pela Triumph. Inclusive, o radar traseiro e o detector de ponto cego, criado em conjunto com a Continental. Com preço sugerido de R$ 111.990, a Tiger 1200 GT Explorer é a versão mais completa, para quem quer viajar com mais conforto pelo asfalto.
Da família Rally, que usa rodas raiadas, com aro 21, na dianteira, com pneus Metzeler Karoo Street, a Triumph vai vender aqui a versão Rally Pro e Explorer. A Rally Pro, vendida por R$ 104.990, é a versão mais em conta da nova Tiger 1200. Tem tanque de 20 litros, bastante eletrônica, exceto pelo radar, e é ideal para quem curte pilotar no off-road, por ser a mais leve.
Já a Rally Explorer é a top de linha, com tudo que a bigtrail tem a oferecer, e ainda traz protetores de motor e de carenagem. Seu preço também é o mais alto da linha Tiger 1200: R$ 118.990. Em geral, os preços são ligeiramente inferiores aos cobrados pela BMW para as versões equivalentes da GS e da GS Adventure (que também tem tanque de 30 litros).
Mas, convenhamos, o preço não é exatamente um problema para quem pretende comprar uma bigtrail demais de R$ 100 mil. Não será a diferença de R$ 5.000 que irá decidir a compra, mas o comportamento do modelo em longas viagens, entre outros fatores.
Para descobrir se as garras mais afiadas da Tiger 1200 são suficientes para "arranhar" a liderança da GS, rodei durante dois dias com as três versões da bigtrail inglesa pelas rodovias, estradas e trilhas de Minas Gerais. Veja como ela se saiu, no vídeo acima, ou leia mais a seguir.
Motor de 150 cv
O motor manteve sua arquitetura com três cilindros, porém é inédito: tem 1.160 cm³ de capacidade, mas um virabrequim que a Triumph chama de "T-plane", com intervalo de ignição 1-3-2, solução semelhante à utilizada pela Yamaha no seu tricilíndrico, que equipa a MT-09 e a Tracer GT.
O objetivo foi melhorar a entrega de torque em baixos e médios giros, além de deixar a conexão entre o acelerador e o torque na roda traseira mais direta e precisa. Com isso, a nova Tiger 1200 ganhou potência em altos giros - passando para 150 cv a 9.000 rpm nessa nova geração. Enquanto o torque foi para 130 Nm a 7.000 giros.
Números suficientes para rodar em velocidades bem superiores às permitidas em vias públicas, ou manter 120 km/h, mesmo com bagagem e garupa. As retomadas e acelerações estão ainda mais vigorosas do que antes. Por outro lado, o tricilíndrico oferece uma melhor resposta em baixos giros, o que por si só já é um benefício para quem curte se aventurar no off-road.
Também vale destacar que os novos controles eletrônicos estão mais distintos e mudam bastante o comportamento da bigtrail inglesa. A diferença da entrega de potência entre os seis modos de pilotagem, assim como a atuação do controle de tração e outros sistemas está mais nítida.
Entretanto, nesse primeiro contato com a Tiger 1200, o consumo do motor não parece ter diminuído tanto, como alega a Triumph. No computador de bordo do belo painel com tela colorida de TFT, variou de 17,2 km/litro a 18,6 km/l - praticamente as mesmas médias do modelo anterior. Vale dizer que o ritmo durante eventos de lançamento, como esse da Tiger 1200, costuma ser forte, além do que rodamos cerca de 40 quilômetros na terra.
Mais leve e esguia
Mas, a meu ver, a principal melhoria da nova Tiger 1200 é o chassi. Completamente novo, traz o motor posicionado mais à frente e foi um dos principais responsáveis pela redução de peso de até 25 kg em algumas versões.
Além de menor peso, dá a impressão de que a bigtrail de 1.200 cc nem é tão grande assim. Mais estreito na junção entre banco e tanque, facilita apoiar os pés no chão e melhora a pilotagem em pé no off-road. Mas, não se engane, a Tiger 1200 ainda é uma moto alta e quem tem menos de 1,80 m precisa calcular bem seus movimentos na hora de parar.
Outra novidade é que a Triumph optou por abandonar o pesado monobraço traseiro, solução utilizada pela BMW na GS, mas não o prático eixo-cardã. Os engenheiros ingleses construíram uma balança convencional com um engenhoso tri-link, mais resistente e cerca de 1,5 kg mais leve.
Vale destacar também as novas suspensões semi-ativas da Showa. Invertida, na dianteira, e monoamortecida, na traseira, oferecem diversos ajustes eletrônicos, ou acertos pré-definidos que variam de acordo com cada um dos modos de pilotagem.
O funcionamento de todo o conjunto merece elogios: a Tiger 1200 parece uma aventureira esportiva no asfalto, contornando curvas até o limite da pedaleira; e absorve melhor as imperfeições em uma estrada de terra.
E, no off-road, não se pode esquecer que a roda de 21 polegadas, das versões Rally, faz uma grande diferença, tornando mais fácil superar obstáculos e transmitindo mais confiança para o piloto.
Briga vai ser boa
Mais potente e leve, e ainda mais em conta que a GS, a nova Tiger 1200 se mostrou pronta para incomodar a liderança da bigtrail de 1.250 cc da BMW. Embora não goste de comparar motos em situações diferentes - e já faz algum tempo que não tenho a oportunidade de fazer uma longa viagem com a R 1250 GS - arrisco a dizer que, em teoria, a nova Tiger 1200 é melhor que a R 1250 GS atual.
Mas como o motociclismo não é assim uma ciência tão exata e a compra de uma moto de mais de R$ 100 mil não é a decisão de compra das mais racionais, isso não significa que a Triumph vá de fato incomodar a liderença da BMW no segmento bigtrail. Afinal, entram nessa conta diversos fatores. Além do gosto e a preferência pessoal de cada consumidor, o atendimento na concessionária, as experiências anteriores com a marca, pós-venda... enfim...
Uma coisa, porém, é certa: a nova Tiger 1200 incomodou a R 1250 GS. Tanto que há rumores de que a BMW esteja trabalhando em uma nova geração da GS, com 1.300 cc. A briga vai ser boa.
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