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Hornet 600cc ou 750cc? Qual é a melhor versão da moto mais buscada na web

CB 600F de quatro cilindros vs. CB 750 bicilíndrica: veja as diferenças entre a antiga e a nova geração da naked japonesa - Divulgação
CB 600F de quatro cilindros vs. CB 750 bicilíndrica: veja as diferenças entre a antiga e a nova geração da naked japonesa Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

22/10/2022 04h00

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O lançamento da nova Hornet, no início de outubro, durante o Salão de Motos de Colônia (Alemanha), "quebrou" a internet. Principal novidade da Honda para 2023, a nova geração da naked era muito aguardada desde o ano passado, quando a marca confirmou que iria reviver o nome Hornet em um novo modelo.

A renascida Honda CB 750 Hornet, porém, carregou o nome famoso de suas antecessoras, mas em um pacote bem diferente de quando saiu de linha em 2014. A nova geração traz motor de dois cilindros e 750 cc, ao invés dos quatro cilindros do modelo anterior.

Com isso, iniciou-se uma briga fervorosa nas redes sociais. De um lado, os fãs da antiga naked criticaram a Honda, acusando a fabricante japonesa de ter "acabado" com a Hornet, pois o novo modelo não merecia nem ter esse nome. Enquanto isso, por outro lado, muitos elogiaram o design moderno e a tecnologia atual da nova Hornet bicilíndrica, sem se importar muito com a arquitetura do motor.

Embora ninguém ainda tenha andado com a nova geração da naked japonesa, o que impossibilita um comparativo direto, decidi comparar, ao menos, os dados técnicos da nova CB 750 com a antiga CB 600F. Mas, afinal, qual é a melhor versão da naked mais buscada na internet brasileira? Confira.

Proposta e design

A CB600F Hornet original, lançada no exterior em 1998, chegou ao Brasil em 2002. Por aqui, repetiu o sucesso que fazia na Europa, por muitas razões. A naked média era ótima na cidade, mas também tinha motor e ciclística para contornar uma sequência de curvas de forma bastante divertida.

Honda CB 600F Hornet - Divulgação - Divulgação
CB 600F Hornet fez sucesso na Europa e no Brasil, por ser uma moto potente e divertida de pilotar por um preço acessível
Imagem: Divulgação

Em 2008, ganhou um estilo mais agressivo, além de injeção eletrônica e alguns cavalos a mais no motor, para se manter como uma das motos naked mais vendida do segmento médio.

Cada proprietário e fã da Hornet tinha sua razão para cultuar o modelo, mas duas características sempre eram citadas: tratava-se de uma moto divertida de pilotar e com um preço acessível.

Porém, 25 anos é muito tempo e o motociclismo passou por mudanças importantes desde que a primeira Hornet foi lançada. O segmento de motos naked cresceu em tamanho e variedade. Além disso, as expectativas dos consumidores nunca foram tão altas.

Nova Hornet design - Divulgação - Divulgação
CB 750 Hornet traz desenho mais agressivo e, segundo a Honda, faz uma releitura moderna das streetfighters
Imagem: Divulgação

Por isso, a nova CB 750 Hornet foi desenvolvida pelo centro de design da Honda em Roma (Itália), para atrair pilotos mais jovens que procuram subir de cilindrada. Para isso, traz, além de um novo motor bicilíndrico, um visual minimalista, com linhas angulosas, que traduzem o espírito de uma streetfighter (lutadora de rua) moderna. O termo streetfighter surgiu, nos anos de 1990, para descrever as motos nakeds derivadas das esportivas, como era o caso da Hornet.

Isso sem falar que a nova Hornet deverá ser mais barata do que a antiga. Na Itália, por exemplo, a nova geração da naked tem preço sugerido de 7.990 Euros (cerca de R$ 40.565). Com isso ela se posiciona entre a CB 500F (6.590 euros) e a CB 650R (8.190 euros), essa sim uma naked de quatro cilindros com uma pegada mais esportiva, como era a Hornet de 600 cc.

Motor

Quase dez anos depois de sair de linha, deixando saudades do seu motor de quatro cilindros, a Hornet retorna com um inédito bicilíndrico. O motor, aliás, é o principal alvo das críticas à nova CB 750.

Afinal, quando saiu de linha a Hornet tinha um motor de quatro cilindros em linha, 599,3 cm³, capaz de produzir 102 cv de potência máxima a 12.000 rpm! Praticamente o mesmo desempenho de uma esportiva média, pois seu motor derivava da CBR 600RR.

Hornet CB 600F - Divulgação - Divulgação
Motor da última geração da CB 600F Hornet, que saiu de linha em 2014, tinha 102 cv de potência a 12.000 rpm!
Imagem: Divulgação

Já a nova Hornet tem propulsor de dois cilindros, 755 cm³, oito válvulas (quatro por cilindro) e comando Unicam, derivado das Honda CRF de motocross. Verdade que oferece menos potência máxima - são 91 cv a 9.500 rpm - do que a Hornet de 600cc.

Mas, por outro lado, tem mais torque - 7,65 kgf.m contra 6,53 kgf.m - em uma rotação mais baixa - 7.350 giros contra 10.500 rpm na antiga naked. Vale mencionar ainda o virabrequim a 270° com intervalos desiguais de ignição, a exemplo da Yamaha MT-09, faz com que a diferença entre o torque produzido pelo motor e o torque que chega à roda traseira seja entregue de forma mais direta, transmitindo uma sensação de uma aceleração mais vigorosa.

Na prática, a nova Hornet 750 deve ter mais força em baixos giros, para melhorar a experiência no uso urbano, além de proporcionar mais conforto com menos trocas de marchas do que na antiga Hornet que era, sem dúvida, mais esportiva.

Hornet motor 750 cc - Divulgação - Divulgação
Motor da nova Hornet tem dois cilindros, 750 cc e produz 91 cv de potência a 9.500 rpm, mas tem mais torque em uma rotação menor
Imagem: Divulgação

Embora concorde que não há nada como o ronco e a subida de giros de um "quatro cilindros em linha", é preciso entender que os tempos mudaram. Motores tetracilíndricos são mais caros para desenvolver, testar e produzir do que os motores bicilíndricos. Basta ver quantos novos motores quatro-em-linha surgiram nos últimos tempos.

Isso sem falar no maior custo de manutenção. Também entram nessa equação a economia de combustível e a emissão de poluentes, temas que, hoje, também são importantes. Tanto para homologar o modelo como na hora de vendê-lo.

Ciclística

Avaliar uma moto, porém, vai além de apenas analisar os números de desempenho do motor. Não podemos esquecer que, nas motos, o conjunto ciclístico, formado pelo quadro, rodas e suspensões, além do peso, são fatores de suma importância e vitais para determinar o comportamento do modelo.

Hornet CB 600F  - Divulgação - Divulgação
Antiga CB 600F Hornet tinha quadro monotrave superior em alumínio. Era boa de curva, mas menos ágil no uso urbano
Imagem: Divulgação

A antiga Hornet 600 tinha um quadro monotrave superior em alumínio, que buscava reproduzir o chassi de uma moto esportiva, garantindo mais rigidez em altas velocidades e bom desempenho em curvas. Por outro lado, sacrificava a maneabilidade e a agilidade no uso urbano.

Já na nova geração, a Honda optou por um quadro tubular do tipo diamond, ou seja, com o motor fazendo parte da estrutura. Em teoria, isso significa que a nova naked de 750 cc deve ser uma moto muito mais ágil nas mudanças de direção, do que a antiga CB 600F.

Para garantir o bmo desempenho nas curvas, as suspensões usam garfo telescópico invertido Showa BFF, ou seja, com funções separadas nos tubos de 41 mm, na dianteira, e um monoamortecedor, fixado por links à balança traseira.

Nova Hornet CB 750 - Divulgação - Divulgação
Nova Hornet CB 750 tem quadro tubular em aço e pesa menos do que a antiga geração
Imagem: Divulgação

Apesar de ser produzido em aço, o novo conjunto ciclístico da Hornet CB 750 pesa apenas 190 kg em ordem de marcha, contra cerca de 202 kg, da última Hornet de 600 cc. Dessa forma, a relação peso/potência da nova Hornet é de 0,48 cv/kg, quase a mesma da antiga, que tinha 0,50 cv/kg.

Tecnologia

Nesse quesito a nova CB 750 Hornet leva grande vantagem. Afinal, a antiga CB 600F tinha apenas freios ABS, como opcional, item que agora é de série no novo modelo.

Mas a nova geração não se destaca apenas pelos controles eletrônicos. A nova Hornet tem embreagem deslizante e assistida, o que se traduz em menor esforço para acionar a embreagem e evita o travamento da roda traseira em reduções.

painel nova Hornet - Divulgação - Divulgação
Além de painel com tela colorida e conectividade, nova Hornet tem três modos de pilotagem e muita eletrônica embarcada
Imagem: Divulgação

Além disso, o motor conta com acelerador eletrônico, que oferece maior precisão e proporciona menor consumo de combustível. A instalação do sistema ride-by-wire também permitiu à Honda adotar modos de pilotagem, que ajustam o controle de tração, que tem sistema antiwheeling, que evita empinadas; o nível de atuação do freio motor e a entrega de potência.

Isso sem falar no moderno painel de TFT com tela colorida de 5'' que oferece a possibilidade de se personalizar a exibição. Além de mais fácil de ver, o painel também conta com sistema de conectividade para smartphones Android e iOS. Bem diferente do compacto display de LCD da última Hornet.

Claro que os mais saudosistas irão dizer que "piloto de verdade não precisa dessas parafernálias eletrônicas", mas não é bem assim. Além de obrigatório por lei em muitos países europeus e no Brasil, caso do ABS e do controle de tração, esses sistemas de assistência ao condutor fazem a diferença para os motociclistas menos experientes e também para os mais jovens e antenados em novas tecnologias.