Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Avaliação: nova BMW F 900R tem 'pegada' esportiva, mas só 85 cv de potência
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Resumo da notícia
- Modelo do segmento naked é a primeira novidade das sete prometidas pela marca alemã para o País até 2025
- F 900R chega às lojas em janeiro de 2023 em duas versões: Sport por R$ 64.900, e Sport+ por R$ 73.500
- No Brasil, motor de dois cilindros e 895 cm³ tem 20 cv de potência a menos do que na Europa para atender às normas de emissão de ruídos
Primeiro lançamento dos sete prometidos pela BMW para o Brasil até 2025, a nova F 900R chega às lojas em janeiro do próximo ano. O modelo traz a marca alemã de volta ao segmento naked, antigamente, um dos preferidos dos motociclistas brasileiros, mas que perdeu espaço para as motos aventureiras.
Embora pareça ser uma simples evolução da antiga F 800 R, tanto pelo nome, como pelo motor bicilíndrico, a nova F 900R é mais do que isso. Trata-se de uma moto naked inédita com proposta mais esportiva do que o modelo anterior de 800 cc.
Segundo o gerente de desenvolvimento de rede e suporte técnico da BMW Motorrad Brasil, Marcio Cesena, a nova F 900R pretende ser uma opção mais acessível do que a tetracilíndrica S 1000 R, atualmente fora do line-up da marca alemã no Brasil.
O modelo será fabricado em Manaus (AM) e comercializado no País em duas versões - Sport e Sport + (plus), que se diferenciam pelos itens de série e também pelo pacote eletrônico.
A BMW F 900R Sport, com "apenas" dois modos de pilotagem, será vendida na cor preta metálico com preço sugerido de R$ 64.900. Já a versão Sport +, com eletrônica mais sofisticada e o útil assistente de troca de machas (quickshifter), estará disponível na cor Racing Blue (azul e branca), por R$ 73.500.
Com a BMW F 900R na pista
Antes de a nova BMW F 900R chegar às concessionárias em janeiro, tive a oportunidade de acelerar as duas versões da naked na pista do Circuito Panamericano, no interior de São Paulo. Confira minhas impressões.
Chassi renovado, mas motor "amarrado"
Para conferir uma "pegada" mais esportiva à nova F 900R, a BMW adotou um novo chassi, semelhante ao utilizado na F 750 e F 850 GS. Sua principal novidade, além de ter o motor como parte da estrutura da moto, é trazer o tanque de combustível de volta à sua posição clássica, ou seja, à frente do piloto.
Com isso, a massa fica mais concentrada à frente na moto e faz com que seja tão fácil de entrar nas curvas com a F 900R como em uma superesportiva. A geometria do chassi também foi pensada para que a nova F 900R tenha uma condução mais esportiva. Não apenas para andar na pista, mas também para um divertido passeio por uma estrada sinuosa.
Com um ângulo de cáster mais agudo que sua antecessora, a naked de 900 cc aponta com facilidade na entrada e transmite confiança para contornar curvas, com bastante inclinação. Essa característica, porém, deve prejudicar um pouco a agilidade do modelo no trânsito urbano.
O bom conjunto de suspensões também merece destaque na parte ciclística da F 900R. Apesar de a BMW não oferecer as suspensões eletrônicas como opcional no Brasil, o controle da roda dianteira é feito por um garfo telescópico invertido, com tubos de 43 mm e 135 mm de curso.
Embora não ofereça ajustes, tem um acerto mais "esportivo" do que outras motos naked e se saiu muito bem na pista, ao menos. Já a roda traseira é guiada por um braço oscilante monoamortecido. Com ajuste da pré-carga da mola, tem 142 mm de curso.
As rodas de liga-leve calçam pneus radiais Pirelli Diablo Rosso III, nas medidas 120/70 ZR 17 (dianteira) e 180/55 ZR 17 (traseira). Os freios são à altura da proposta: disco duplo com pinças radiais, na dianteira, e disco simples, na traseira, ambos da grife Brembo.
O conjunto ciclístico, afinal, foi pensado para dar conta dos 105 cv de potência máxima que a F 900R ostenta na Europa. No Brasil, entretanto, o motor de dois cilindros, também derivado das F 850 GS, tem 895 cm³ de capacidade, mas apenas 85 cv de potência máxima a 8.500 rpm.
Assim como nos modelos trail, a BMW foi obrigada a conter o desempenho do bicilíndrico para atender às normas de emissão de ruídos da legislação brasileira.
Com isso, a fabricante alemã faz alterações na central eletrônica para reduzir a potência dos 105 cv para 85 cv e o torque de 92 Nm para 88 Nm a 6.500 giros. "Amarrado", o motor consegue ser homologado no País.
Vale ressaltar que, apesar de ter praticamente a mesma potência que tinha a F 800R, o motor da F 900R é menos vibrante que o anterior. Com duplo comando das quatro válvulas no cabeçote e eixos balanceiros, sobe de giros mais rapidamente, mas ainda é mais suave e linear que o de 800 cc.
Não sou de avaliar uma moto apenas pela sua ficha técnica, mas, na prática, ainda mais em uma pista, a potência faz falta. Afinal, são 20 cv (quase a cavalaria de uma Yamaha de 250 cc) a menos na versão brasileira.
Ao final da reta na pista do Circuito Panamericano, mais potência se traduziria em velocidades finais mais altas do que os 186 km/h alcançados com a versão Sport+, equipada com quickshifter. Na estrada, talvez, o motociclista nem sinta tanta diferença, pois o motor ainda esbanja bastante torque.
Apesar de o valor máximo de 88 Nm ser alcançado aos 6.500 rpm, quase 90% desse torque máximo já está disponível a 2.500 giros. Essa característica do bicilíndrico resulta em acelerações mais vigorosas e retomadas mais emocionantes - faz de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos, segundo a BMW. Como resultado, a nova naked alemã de 900 cc é uma moto divertida de pilotar, daquelas que deixa com sorriso no rosto, depois de umas voltas em uma pista.
A posição de pilotagem, contudo, é bem mais esportiva do que no modelo anterior, contribuindo para um melhor controle da naked. O quadro é mais fino, na parte dianteira, e as pedaleiras são mais altas e recuadas. Com o guidão, posicionado mais à frente, o condutor assume uma postura mais agressiva.
Eletrônica garante segurança e conectividade
Para garantir a segurança, seja na empolgação de uma pista, como em um passeio de fim de semana, na estrada, a F 900R já sai de fábrica com, pelo menos, dois modos de pilotagem: Rain e Road. Predefinidos, ajustam o controle de estabilidade, para evitar derrapagens da roda traseira com o bom torque da naked, além de a resposta do motor, de acordo com a situação.
Na Sport+, há mais modos de pilotagem, com um controle de tração (DTC) mais sensível e voltado à performance. Também é possível ajustar a atuação do freio motor. Destaque ainda para o assistente de troca de marchas e o sistema de partida sem chave (Keyless), exclusivos da versão mais cara.
Em ambas o painel é digital com tela de TFT de 6,5 polegadas. Com conexão Bluetooth, permite emparelhar o celular por meio de um aplicativo dedicado da BMW Motorrad. Na Sport+, existe ainda uma espécie de telemetria que coleta dados como velocidade final e até a inclinação nas curvas - no meu caso, cheguei a 47°, ângulo de inclinação surpreendente para uma naked original de fábrica.
Conclusão
Com um excelente conjunto ciclístico, porém com um motor amansado, a nova BMW F 900R chega para disputar o segmento naked, mas também para ampliar as opções do line-up da marca alemã no Brasil. Muito focado na linha GS, o portfólio da BMW Motorrad no Brasil agora tem mais uma opção para quem não quer uma moto aventureira.
Com tecnologia de sobra, acabamento premium, com atenção aos detalhes, e um bom conjunto, a nova F 900R é uma excelente opção para quem procura uma naked versátil. Confortável e ágil para rodar na cidade e esportiva o suficiente para se divertir em uma serra no final de semana.
O valor é um pouco superior às concorrentes até mesmo de menor cilindrada. Porém, a F 900R entrega uma ciclistica mais afiada, acabamento superior e mais tecnologia. Além de carregar o status de ser uma BMW.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.