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Nova Royal Enfield Scram 411 é opção de moto trail para o dia a dia

Colunista do UOL

20/05/2023 04h00

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Derivada da Himalayan, com quem compartilha quadro, tanque e motor, a nova Royal Enfield Scram 411 chega como mais uma opção de moto trail, segmento que tem conquistado o motociclista brasileiro pela sua versatilidade. As motos de uso misto, ou trail, já são responsáveis por quase 20% dos emplacamentos, perdendo apenas para os modelos street, como Honda CG 160, Yamaha Factor 150, entre outros.

Nova Scram 411 - Divulgação - Divulgação
Royal Enfield Scram 411 deriva da trail Himalayan, com quem compartilha quadro, tanque e o motor de 411 cc
Imagem: Divulgação

Mas, embora possa ser classificada como uma trail, a nova Scram 411 chega com uma proposta mais urbana e jovem. Inspirada nas antigas scrambler, o modelo tem diferenças visuais e uma importante mudança ciclística em relação à Himalayan, além de um preço menor.

A nova Royal Enfield, a primeira das três novidades prometidas pela marca para este ano, chega às lojas com preço sugerido de R$ 22.490 - quase R$ 2 mil a menos do que sua irmã trail. A nova Scram 411 terá sete opções de cores, todas com o mesmo preço sugerido, mas esse valor não inclui o frete, que pode variar de estado para estado.

O que muda da Himalayan para a Scram?

Quem não conhece muito de moto, pode até pensar que a Scram 411 nada tem a ver com a Himalayan. Afinal, o novo modelo trocou o para-brisa e os protetores de carenagem na dianteira por um farol redondo, mais perto do guidão, que faz ela parecer uma nova moto. Mas, vale lembrar, que o quadro, o tanque de 15 litros e o motor são os mesmos.

Outra mudança está no "cockpit" do piloto. Na Scram, há apenas um mostrador redondo que concentra o velocímetro, marcador de combustível e hodômetros. Um painel simples, porém, funcional. Só senti falta do conta-giros.

Royal Enfield Scram 411 - Divulgação - Divulgação
Scram chega com sete opções de cores; preço sugerido é de R$ 22.490
Imagem: Divulgação

A nova Scram também não tem bagageiro como na Himalayan. Além disso, em vez do assento bipartido do modelo mais aventureiro, tem banco inteiriço com uma textura que tem um visual mais sofisticado. Embora, não seja lá dos mais confortáveis - mas volto a falar dele mais para frente.

Entretanto, a principal diferença entre a Himalayan e a Scram pode passar despercebida para os mais desatentos: a roda dianteira de menor diâmetro. Apesar de ter rodas raiadas e pneus de uso misto como sua irmã aventureira, a nova trail da Royal Enfield usa aro 19 ao invés do aro 21 na frente.

A mudança altera a geometria da moto, reduzindo a distância entre-eixos e o ângulo de cáster. O resultado é uma moto que parece ter a frente "mais leve" e um comportamento mais ágil. Na prática, isso significa mudar de direção mais facilmente, como, por exemplo, para costurar entre os carros num dia de trânsito engarrafado, e também ajuda a entrar nas curvas com mais facilidade.

Painel Scram - Divulgação - Divulgação
Painel da nova Royal Enfield é funcional, mas não tem conta-giros
Imagem: Divulgação

Outro detalhe é que o banco da Scram 411 ficou mais baixo do que o da Himalayan (795 mm contra 800 mm) e seu peso também é menor (185 kg contra 191 kg). Duas mudanças que, por si só, já fazem dela uma moto mais adequada para quem procura uma trail para o dia a dia. Claro que a roda aro 19 oferece menos aptidão para quem gosta de acelerar na terra e enfrentar trilhas mais complicadas. Contudo, como a maioria dos consumidores das motos trail roda principalmente no asfalto, nem vai sentir a falta do aro 21.

Até porque as suspensões não mudaram tanto. A Scram tem garfo telescópico convencional, na dianteira, com 190 mm de curso - somente 10 mm a menos do que a Himalayan. Na traseira, o monoamortecedor fixado por links à balança tem os mesmos 180 mm de curso. Ou seja, a Scram 411 absorve bem as imperfeições do piso, como buracos, valetas e lombadas - e até mesmo encarou um trecho de terra próximo à praia de Grumari, na cidade do Rio de Janeiro, sem pestanejar.

Motor tem pistão de curso longo

Scram e Himalayan usam o mesmo motor de um cilindro, 411 cm³ e arrefecimento a ar. Chamado de LS 411 pela Royal Enfield, seu pistão tem longo curso (86 mm) - a sigla vem de long stroke. Com isso, o monocilíndrico cresce de giros vagarosamente e se destaca mais pelo seu torque em baixos e médios regimes, do que potência em giros mais altos. Em geral, motos que têm o curso do pistão menor do que o diâmetro dos cilindros alcançam "giram" mais. Já as motos que têm curso maior e diâmetro menor giram menos e oferecem mais força em baixa.

Scram x Himalayan - Divulgação - Divulgação
Principal diferença da Scram para a Himalayan é a roda dianteira aro 19, em vez do aro 21 da trail
Imagem: Divulgação

Tanto que o monocilíndrico produz sua potência máxima de 24,3 cv a baixos 6.500 rpm. Apesar de o torque máximo de 3,26 kgf.m chegar a 4.250 rpm, grande parte da força está disponível a 2.000 giros. Com isso, o piloto economiza nas trocas de marchas, podendo manter a terceira ou quarta, no câmbio de cinco velocidades, sem ter que reduzir a toda hora, principalmente na cidade.

Por outro lado, na estrada, o motor "acaba" cedo, ou seja, quando atinge a rotação de potência máxima, não entrega mais desempenho e também vibra muito. Com isso, a velocidade final não é das mais elevadas, sendo o ideal rodar entre 110 e 120 km/h.

Motor Scram 411 - Divulgação - Divulgação
Motor da Scram 411 tem 24,3 cv de potência já a 6.500 giros, mas tem torque de sobra desde as baixas rotações
Imagem: Divulgação

Destaque para as melhorias que a Royal Enfield fez no propulsor, desde que ele foi lançado. As alterações no mapa da injeção e no catalisador, deixaram seu funcionamento mais linear, sem engasgos e, acredito, sem problemas para funcionar com nossa gasolina.

Scram ou Himalayan: qual a melhor opção?

Com a chegada do novo modelo, muitos ficaram em dúvida sobre qual a melhor opção de moto trail da Royal Enfield: Scram 411 ou Himalayan? Isso vai depender do uso que você pretende dar à moto.

Eu, sinceramente, optaria pela Scram, principalmente se você for rodar na cidade diariamente. Além de visualmente mais atraente, a nova trail da Royal Enfield é mais leve e ágil. Isso sem falar que custa quase R$ 2 mil a menos do que a versão aventureira.

Scram 411   - Divulgação - Divulgação
Scram 411 tem assento mais baixo, porém, menos confortável do que o da Himalayan
Imagem: Divulgação

Entretanto, se você vai usar a moto mais para viajar e fazer uma aventura, acredito que a Himalayan seja a melhor opção. Afinal, além de ter para-brisa, que oferece um conforto na estrada, a trail "raiz" tem protetores que podem evitar danos no caso de uma queda. E roda de 21 polegadas que transmite mais confiança no off-road.

Eu também achei que o banco da Scram 411 é menos confortável para longos trajetos. Como o assento tem um ressalto, o piloto acaba escorregando e ficando muito próximo ao tanque. Rodei cerca de 100 km com a nova Royal e, ao final, já estava um pouco cansado nas partes baixas.

Resumindo, se você quer uma moto trail para o dia a dia, a Scram 411 é uma boa opção. Mas se a sua ideia é fazer longas viagens, opte pela Himalayan, construída para esse propósito.