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Voltz atrasa entregas, acumula problemas e encara até ação de despejo
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Fundada em 2020, em Pernambuco, a Voltz Motors chegou com a ousada proposta de revolucionar o mercado brasileiro de motos com seus modelos elétricos. Em junho do ano passado, a startup de motos elétricas inaugurou sua fábrica de motos elétricas do País, em Manaus (AM). A marca agora volta aos noticiários, mas por uma razão menos nobre. A empresa sofre uma ação de despejo por atraso nos aluguéis de sua planta na capital amazonense, além de ser alvo de diversas reclamações por atraso na entrega das motos.
A Voltz iniciou a montagem das motos elétricas em Suape (PE). Após receber aportes de R$ 100 milhões no início de 2021, em uma rodada de investimentos que teve a participação da Creditas e do grupo Ultra (dono da rede de postos Ipiranga), a startup anunciou a instalação da fábrica no Polo Industrial de Manaus, concluída em maio do ano passado.
Procurada, a Voltz admite o atraso nos pagamentos. "O aluguel está atrasado em apenas dois meses e está em negociação amigável com o locador - as empresas Hines e Manaus III", afirma o CEO da Voltz Motors, Renato Villar.
Segundo o executivo, a ação foi movida de forma protocolar e a empresa não deve ser despejada. "Não estamos devendo R$ 2,8 milhões nem estamos sendo despejados, pelo contrário. O time da Hines e do Manaus III são super parceiros. O valor da causa é esse porque, por lei, deve ser calculado o valor de 12 aluguéis. Mas são dois meses de seguro garantia" alega Villar, que atribui a origem dos problemas às questões logísticas.
Também fizemos contato com a Hines, administradora do condomínio industrial na capital amazonense, que tem sede na cidade de São Paulo (SP). Às perguntas, enviadas por e-mail, a empresa limitou-se a responder que não tem autorização para comentar o assunto.
Voltz admite problemas financeiros
Questionado sobre a atual situação financeira da Voltz, Villar admite problemas no fluxo de caixa e a demora na entrega das motos. "O problema de logística na cadeia de entrega leva ao problema financeiro. Com a desordem na China, o ciclo total do pedido - desde quando ele é realizado até a entrega na casa do cliente - subiu para 180 dias, algo que necessita de muito caixa. Para nós que crescemos rapidamente em todos os aspectos, isso se tornou um problema", explica o CEO da Voltz.
Criada 100% com capital de fundos de investimento, segundo seus fundadores, a Voltz diz que estava previsto um segundo aporte que não se concretizou. Ou seja, outro problema para a startup. "O cenário mudou e agora estamos captando novamente. Neste cenário, nós estamos segurando nosso caixa e negociando com nossos fornecedores", admite Villar.
Baixa produção atrasa entregas
Apesar dos problemas financeiros, a Voltz garante que sua linha de produção em Manaus continua operando normalmente. Desde quando o início da operação, "foram produzidas 3121 unidades até o momento", revela Adelino Cardoso, diretor de operações da fábrica da Voltz na capital do Amazonas.
A meta da empresa, segundo o CEO da Voltz, era maior. "Tínhamos a ambição de chegar a 6000 unidades, que nos teria permitido zerar nossas vendas (100% pago)", calcula o CEO Renato Villar.
Contudo, a EVS, primeira motocicleta da empresa, teve sua produção interrompida por problemas com fornecedores na China. "Temos 5.5 mil kits dessas motos na China prontos para envio ao Brasil. Tivemos atrasos relativos ao processo de mudança do fornecedor". A Voltz diz que está tratando dos termos financeiros com os fornecedores chineses e, em breve, deve retomar os embarques para o Brasil.
Muitos dos clientes que não receberam as motos da Voltz acionaram a empresa judicialmente. Com isso, a startup sofre vários processos nos quais os clientes pedem o dinheiro já pago de volta, além de indenizações. Sobre esse assunto, a Voltz garante que está "tratando todas elas com seriedade e resolvendo dia após dia. Não iremos lesar nenhum consumidor".
Voltz vai fechar?
Os problemas nas entregas mancharam a imagem da Voltz. Em 2022, foram emplacadas 4546 unidades, segundo dados tabulados pela Fenabrave, federação que reúne os distribuidores de veículos do Brasil. O volume corresponde a uma média de 380 motos por mês.
Neste ano, apenas 959 unidades foram emplacadas até abril. Número inferior à média mensal do ano passado. Para o CEO da Voltz, Renato Villar, "não se trata de queda nas vendas, mas sim disponibilidade de produtos para entrega".
A Voltz havia anunciado o plano de lançar novos modelos no mercado ainda neste ano. Segundo Villar, os planos estão mantidos. "Sim, pretendemos apresentar ao público ainda este ano, para iniciarmos produção e entrega em 2024".
Perguntado sobre o futuro, o CEO, Renato Villar, afirma que, no segmento de veículos elétricos, seja carro ou moto, as empresas enfrentam os mesmos problemas que a Voltz. Contudo, se orgulha do que a startup conseguiu fazer até aqui, como oferecer conectividade em suas motos, estação de troca de bateria e até construir uma fábrica em tão pouco tempo. "Então, por mais que existam dificuldades acredito que seremos capazes de superar os desafios, assim como já temos muita coisa para apresentar ao público que não existe hoje no mercado", conclui otimista.
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