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Jorge Moraes

REPORTAGEM

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Por que carros híbridos poluem 3 vezes mais do que montadoras divulgam

Pesquisa aponta que maioria dos usuários de híbridos do tipo plug-in nunca recarrega baterias na rede elétrica - Getty Images
Pesquisa aponta que maioria dos usuários de híbridos do tipo plug-in nunca recarrega baterias na rede elétrica Imagem: Getty Images

Jorge Moraes*

Colunista do UOL

24/02/2023 04h00

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Os carros híbridos são uma alternativa para reduzir as emissões de poluentes.

Os modelos podem ser desde híbridos leves, médios e híbridos plug-in. No entanto, um estudo de uma ONG europeia revelou que esses modelos poluem mais do que divulgam as respectivas fabricantes.

A Transport Environment contratou a Universidade Técnica de Graz, na Áustria, para testar três modelos bem conhecidos com a tecnologia - BMW Série 3, Peugeot 308 e Renault Mégane.

As principais conclusões foram as seguintes: as emissões reais de CO2 dos PHEVs (híbridos plugin, cujas baterias são recarregadas na rede elétrica), são três vezes maiores do que a classificação oficial.

Além disso, a autonomia elétrica ficou abaixo dos dados oficiais. No BMW, ela ficou 26% abaixo do esperado. Já no Peugeot a redução foi de 47%.

"Quando testados na rota suburbana, partindo com a bateria totalmente carregada e dirigindo no modo selecionado pelo PHEV, o Peugeot e o Renault emitiram de 1,2 a 1,7 vezes o dióxido de carbono oficial", diz o estudo.

Segundo a ONG, os dados mostram que muitos PHEVs raramente, ou nunca, têm as baterias recarregadas na tomada ou em um carregador específico.

"Quando testado com uma bateria vazia na cidade, as emissões de CO2 ainda eram muito altas (~200 g/km) para o BMW e o Peugeot. Isso equivale às emissões do VW Tiguan convencional. Já o Renault teve emissões mais baixas, de 138 g/km.", afirma outro trecho da pesquisa.

Ou seja: sem vaga nos carregadores públicos, porque a maioria dos donos de veículos elétricos não os têm nas suas residências, o resultado é esse.

Alcance elétrico na cidade

O alcance elétrico dos carros híbridos ainda é limitado.

Ao dirigir pela cidade de Graz, no Sul da Áustria, a entrega de todos os três PHEVs foi inferior a 50 km.

No Brasil, a autonomia já tem sido revista para baixo, na comparação com a até então informada pelas montadoras.


O modelo da BMW alcançou autonomia elétrica 26% menor do que a anunciada, contra 47% do Peugeot.

Apenas a Renault confirmou o alcance elétrico oficial. Ponto para os franceses.

O estudo traz algumas recomendações para os PHEVs. Confira:

  • Os PHEVs não devem ser tratados como emissão zero, mesmo que tenham capacidade de rodar apenas com as respectivas baterias
  • A concessão de benefícios fiscais deve ser restrita a PHEVs de órgãos públicos, além de ser baseada na redução real de CO2 proporcionada no mundo real
  • PHEVs de propriedade privada não devem receber subsídios de compra. Onde existirem, eles devem ser baseados em critérios como alcance elétrico mínimo de 80 km; potência do motor elétrico pelo menos igual à potência do equivalente a combustão; capacidade de carga rápida; e emissão máxima de CO2 fixada em apenas 139 g/km.
  • Nenhum subsídio de compra deve ser dado aos carros de empresas privadas
  • As emissões oficiais de dióxido de carbono em PHEVs precisam ser atualizadas regularmente com dados do mundo real
  • A opção de carregar o PHEV usando o motor de combustão interna deve ser removida pelas montadoras
  • As montadoras devem educar e recompensar os motoristas de PHEV por dirigirem eletricamente

*Colaborou Rodrigo Barros