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Jorge Moraes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Estratégia da Toyota no Brasil ainda passa longe do carro 100% elétrico

Divulgação
Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

19/04/2023 16h41

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O anúncio da Toyota sobre o investimento bilionário na planta de Sorocaba para a produção de um SUV compacto com a tecnologia híbrida flex mostra - por alguns motivos que vamos explicar aqui - que a estratégia dos japoneses para o mercado brasileiro ainda não passa nem perto de investir em carros 100% elétricos. Pelo menos por enquanto.

A chegada do novo compacto híbrido está prevista já para 2024. Essa rapidez só pode ser explicada pelo uso de uma plataforma já existente, neste caso, a do Yaris. A marca não confirma essa informação. No mesmo ano teremos a renovação do híbrido mais vendido do país, o Corolla Cross, que ficará mais potente e receberá um tapa no visual.

Sobre a estratégia da Toyota, ficou claro que a aposta será em híbridos flex, uma tecnologia pioneira da marca e que caiu no gosto do brasileiro. Com ela, você consegue uma autonomia quase tão significativa quanto a de alguns híbridos plug-in, sem ter que recarregar o carro na tomada.

Além de um investimento bilionário (R$ 1,7 bilhão) para a produção de um novo modelo híbrido, outro indicativo de que a Toyota não tem pressa em trazer modelos 100% elétricos para o Brasil está em sua divisão de luxo.

Enquanto lá fora, em seus principais mercados, como os Estados Unidos, a Lexus já oferece uma oferta de veículos 100% elétricos ou híbridos plug-in, no Brasil, toda a gama é composta por modelos full hybrid, ou híbridos regenerativos. Nos próximos dias chegará por aqui mais um modelo da Lexus com essa tecnologia. Ou seja, nada de elétricos ou PHEV.

Outro fator que explica a falta de pressa da Toyota para trazer novas tecnologias de eletrificação para o Brasil é o mercado. Corolla e Corolla Cross são os carros eletrificados mais vendidos do país. Muito disso passa pela desconfiança (justificada ainda) que o brasileiro tem sobre a infraestrutura para carregamento de carros elétricos ou PHEV.

Por isso, também, que outras montadoras vão seguir esse caminho da Toyota e apostar em híbridos flex. Mesmo que a maioria delas prefiram, por questão de custo também, investir no tal do "híbrido leve" que usa uma bateria de 48V, mas que pouco entrega de eficiência energética.

Concluindo, se a Toyota apresentar mais do que um "Yaris Cross Hybrid" em 2024 e trouxer de fato um moderno SUV compacto com a tecnologia híbrida flex já bem conhecida por aqui, a concorrência pode começar a se preocupar. Os japoneses da Toyota não gostam de entrar em campo para serem meros coadjuvantes.

* Colaborou Bruno Vasconcelos