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Jorge Moraes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Líder entre as picapes, Fiat entra em terreno desconhecido com a Titano

Fiat Titano - Divulgação
Fiat Titano Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

15/05/2023 04h00

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Mesmo sendo líder absoluta do segmento das picapes no Brasil, a Fiat não vai encontrar um território convidativo para a Titano. Isso porque, diferentemente do que ocorre com Strada e Toro, que praticamente não têm concorrentes à altura, a inédita picape média terá um desafio digno de histórias mitológicas.

O próprio nome "Titano" nos dá um spoiler de como será a vida da picape no Brasil. A Fiat se inspirou na entidade da mitologia grega que enfrenta Zeus e os demais deuses do Olimpo em sua ascensão ao poder.

A analogia é clara: Titano (a picape) enfrentará Zeus (a líder Toyota Hilux) e os demais deuses do Olimpo (nova Ford Ranger, Nissan Frontier, Chevrolet S10, Mitsubishi L200, Volkswagen Amarok) em uma batalha épica pela liderança no valioso segmento.

Os desafios da picape da Fiat serão muitos. A montadora pouco poderá aproveitar de sua expertise conquistada com a Toro e a Strada. O público-alvo é muito diferente quando falamos de picapes médias.

Enquanto as compactas conseguem conviver bem no uso urbano como veículos comerciais-leves ou de passeio, as picapes médias são essencialmente pensadas para o campo ou uso misto. Poucas pessoas compram um utilitário 4x4 a diesel de caçamba para usar exclusivamente na cidade.

Proprietários de picapes médias também são mais conservadores e fiéis às marcas. Se ele confia naquela montadora, geralmente ele permanece com ela por muito tempo. E como a Fiat nunca esteve nessa faixa de segmento, terá que tirar clientes de Toyota, Ford, Chevrolet, Volkswagen, Nissan, Mitsubishi…

Tecnologia e design são importantes para os clientes de picapes médias, mas não são aspectos prioritários. Força, condução de carga e durabilidade estão no topo da lista de referências que os "picapeiros" priorizam.

Ninguém duvida da capacidade da Fiat em fazer uma picape bonita e tecnológica. Basta olhar para a Toro e ver tudo que ela oferece nesses quesitos. Mas qual será, ou quais serão, os trens de força que vão puxar a Titano? O 2.0 diesel de 170 cv da família seria a primeira opção?

Graças à vasta aliança de marcas sob o guarda-chuvas da Stellantis, são muitas as opções de motores e câmbios. Vale lembrar que uma dessas marcas é a RAM, com grande experiência em picapes. Mas, calma, não teremos Titano com motores V8 Cummins ou algo parecido.

Ainda não se sabe se a Fiat vai apostar apenas no diesel ou se terá versões a gasolina. As médias hoje no Brasil são, essencialmente, movidas a óleo. Um dos conjuntos favoritos, penso eu, para puxar a Titano é o 2.2 turbodiesel de 200 cv e 46 kgfm de torque da Ducato. Mas ele pode ser calibrado para ganhar mais força e se destacar.

O certo é que a Fiat terá que ser agressiva nos preços para poder tirar clientes de marcas consolidadas no segmento. Não pode mirar valores próximos aos de Zeus… quer dizer, da Hilux, nem mesmo da nova Ranger.

Para essa luta mitológica ser justa, Titano precisará de muitas "armas" para tentar vencer os deuses que já estão no Olimpo há muitos e muitos anos. Quem tem a ganhar com essa batalha somos nós, mortais consumidores.

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* Colaborou Bruno Vasconcelos à coluna