Por que GWM e BYD devem 'agradecer' à atuação da Caoa Chery no Brasil
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Duas gigantes do setor automotivo mundial desembarcaram no Brasil e rapidamente conseguiram números que boa parte das marcas tradicionais no país têm dificuldade de apresentar nos segmentos atuados. As chinesas BYD e GWM chegaram com grande volume de vendas, dando a impressão que foi quebrada a barreira do preconceito com os carros vindos do país asiático. Mas será que foram elas que galgaram esse caminho no Brasil?
A resposta é não. A história das marcas chinesas no país tem muitos capítulos, passando por decisões erradas e fracassos de mercado que só pioraram a imagem dos produtos vindos do outro lado do mundo. Quem lembra da Lifan, Effa Motors e algumas outras chinesas que se instalaram por aqui, mas que não duraram muito tempo - assim como a durabilidade de seus carros.
A JAC Motors até teve seu momento de grande volume de venda com o "Carro do Faustão", o J3, e chegou a anunciar a construção de uma fábrica no país, com lançamento de pedra fundamental, enterro e ressureição de um carro e tudo mais... Mas nada saiu do papel e a marca hoje sobrevive com poucas lojas abertas e alguns modelos elétricos emplacados.
Tudo começou a mudar quando Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o saudoso Doutor, fez um acordo com a Chinesa Chery e assumiu a marca no Brasil em 2017, lançando a Caoa Chery. O Doutor tinha uma ampla experiência no mercado automotivo com a maior rede de concessionárias Ford no país como também o controle da importação de outras marcas, como Hyundai importados (fabricação de alguns modelos, como o Tucson e o caminhão HR) e a Subaru, por exemplo.
A Caoa Chery investiu pesado em publicidade com muitos superlativos: "O melhor carro do mundo", "A oitava maravilha do mundo", "O SUV dos SUVs"… A Caoa Chery podia não ter o melhor carro do mundo, mas conseguiu apresentar produtos com um acabamento bem superior aos concorrentes na faixa de preço. Disso ninguém duvida.
E aprendi com o engenheiro e cientista Márcio Alfonso, ex-executivo da marca, como entender o passo a passo da Caoa, assim como seu programa de eletrificação. A empresa, hoje presidida por Carlos Filho, também inaugurou uma rede de concessionárias em todos os cantos do país e hoje fabrica em solo nacional a maioria dos modelos que vende por aqui. O que falta a Caoa é expandir seu programa de pós-venda para atender com mais velocidade a clientela.
Se BYD conseguiu vender mais de 3 mil unidades do seu elétrico e simpático Dolphin (número que ainda não reflete em emplacamentos, claro) em um mês, após o lançamento do seu SUV, a GWM assumiu a liderança dos carros híbridos no Brasil no último trimestre com o Haval 6 - passando até mesmo a Toyota - é porque lá atrás, outras marcas chinesas mostraram o que não deveria se fazer no mercado nacional e, mais importante ainda, a Caoa Chery deu a pista do caminho a se seguir para conquistar os consumidores daqui: tragam produtos com qualidade e preços justos que o brasileiro compra.
Tudo leva a crer que agora os chineses encontraram seu lugar no nosso país. As duas novas gigantes estão implantando suas fábricas, gerando empregos e conquistando o respeito da clientela. São os melhores carros do mundo, como diz a propaganda? Não precisam ser. Basta que entreguem um bom produto e garantam um pós-venda respeitoso para ganhar um lugar no enorme coração dos brasileiros.
Os chineses sabem que nós estamos de olho e exigimos respeito. Entreguem portanto o melhor, pois não faltarão bons cobradores para dar a César o que é de César e ao comprador brasileiro o que nós vamos exigir sempre: preço, garantia e qualidade.
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