Jorge Moraes

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Invasão chinesa: novas marcas podem engolir mercado de carros no Brasil?

Muito provavelmente você já comprou um eletrônico, acessório ou roupa de um site chinês e recebeu o produto no conforto de casa, com um preço mais acessível que em nossas lojas locais ou shoppings. Mesmo com os novos impostos e as taxas de importação, muitos produtos do país asiático ganharam a preferência dos brasileiros e a antipatia de parte da indústria nacional, que enxerga uma competição injusta com os itens vindos do outro lado do planeta.

Essa concorrência também chegou ao setor automotivo e o mesmo filme parece se repetir. Mas será que a poderosa indústria automotiva se renderá ao poderio chinês ou "declarará guerra" e competirá com os produtos tecnológicos e bem-acabados dos chineses?

Com poucos meses de mercado, BYD e GWM conseguiram desbancar tradicionais montadoras nacionais no ranking de vendas no segmento mais rentável do setor, mesmo oferecendo apenas produtos eletrificados. As gigantes chinesas chegaram com produtos de qualidade, tecnologia de ponta e preços que concorriam com modelos locais "menos modernos".

O efeito foi imediato e a invasão dos estrangeiros vindos de longe chegou rapidamente às ruas. Tão rápido foi o lobby das fabricantes nacionais para que o governo voltasse a taxar os carros elétricos e híbridos importados, mesmo que isso vá contra toda política ambiental prometida pelo Estado e cantada aos quatro cantos do mundo.

A retomada do imposto está sendo gradual, mas parece que as gigantes asiáticas não pretendem repassar toda a carga tributária para os consumidores. Se isso acontecer de alguma forma, só restará às nossas queridas montadoras nacionais enfrentar o Golias de frente, ou seja, de forma direta e clara: melhorar seus produtos e baixar os preços, principalmente isso. Como vão fazer isso? Talvez devam perguntar aos chineses.

Mas o mesmo governo que cobra da importação não perde nada do montante na fabricação local. É um "sócio pelos tributos" do seu carro, antes de chegar a garagem de destino.

BYD e GWM estão preparando suas fábricas e prometem manter a qualidade dos produtos com preços ainda mais competitivos. Se isso será possível saberemos quando tivermos os primeiros carros 100% elétricos sendo fabricados por aqui, para observar quanto custarão na ponta do mercado.

Se isso se confirmar, será mais um motivo para que nossas tradicionais montadoras acelerem o processo (ainda lento) de eletrificação nacional. Será que não temos mercado para suportar um volume de carros BEVs ou PHEVs em nosso território? Ou vamos ficar limitados aos HEVs e MHEVs?

Fiat (Stellantis), Volkswagen e Chevrolet, os três maiores grupos automotivos do país, prometem muitos lançamentos de eletrificados para os próximos dois anos, mas a maioria de híbridos leves. Os plug-in (PHEV) e os 100% elétricos (BEVs) continuarão sendo importados de seus mercados "mais evoluídos", como Europa e Estados Unidos.

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JAC, Omoda & Jaecoo, Neta, Seres e quem sabe outras mais estão no jogo ou na preliminar dele. Veremos novas fábricas dos chineses por aqui. Isso é bom para o Estado e para a competição da livre escolha.

Dezenas e dezenas de navios saem todos os meses da China, com peças, eletrônicos ou roupas. Muitos outros vêm carregados de carros híbridos e elétricos para atender a uma demanda real, que busca inovação e ainda tem dificuldade de encontrar isso nas concessionárias de marcas tradicionais. Até quando?

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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