Jorge Moraes

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Invasão chinesa: 20 novas marcas asiáticas devem vender carros no Brasil

A reindustrialização do setor automotivo no Brasil decolará nos próximos dois anos a reboque da venda e da produção local de veículos elétricos e híbridos de marcas chinesas.

Além de GWM, BYD, Caoa Chery, JAC e Seres, novas marcas estão começando a operar ou iniciando contatos com o governo federal e empresários candidatos a representá-las em nosso país.

Em recente conversa com concessionários da Chevrolet, o presidente da GM na América do Sul, Santiago Chamorro, disse que 20 novas chinesas estão se mexendo para participar do mercado brasileiro.

De fato, no Salão do Automóvel de Pequim (China), que termina neste domingo (5) e esta coluna conferiu de perto, montadoras de prestígio local sinalizaram a intenção de operar no Brasil - dentre elas GAC, Xpend, Changan, MG e a Huawei - essa mesma, a dos celulares.

Smartphones e carros no mesmo showroom

SUV elétrico Aito M5 é outro automóvel que a Huawei irá comercializar no mercado brasileiro
SUV elétrico Aito M5 é outro automóvel que a Huawei irá comercializar no mercado brasileiro Imagem: Divulgação

Será que teremos um novo conceito de loja vendendo smartphones e carros, como na Ásia? Bem provável que em um segundo momento isso aconteça. Só enxergar o plano da BYD no Brasil para as telhas solares dentro do negócio de automóveis.

A Huawei está conversando com empresários brasileiros, que fizeram visita à sede da marca, conheceram processos e ouviram sobre a Aito, a divisão de automóveis da marca chinesa de smartphones.

Durante visita técnica às instalações da GWM e da Svolt, empresa de baterias do mesmo grupo automotivo, o presidente da Anfavea (a associação das montadoras instaladas no Brasil), Márcio Lima, acompanhado do presidente da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), Ricardo Bastos, falou ao UOL Carros que o Brasil precisava voltar aos tempos da reindustrialização e o plano do governo com o Mover está impulsionando isso.

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Huawei Aito M5
Huawei Aito M5 Imagem: Daniel Neves/UOL

"O retorno do imposto de importação para híbridos e elétricos alavancou o interesse dos chineses em investir e produzir no país e não somente importar", disse Lima, que também destacou que não dava para ficar no camarote vendo os produtos chegarem da China com taxa zero combatendo a indústria nacional.

Os carros da China vivem um alto padrão de construção e, pelo radar de consulta local, modelos de 2017 e 2018 têm provado durabilidade, calando críticos leigos que dizem: "quero ver esses carros daqui a três anos". O mundo mudou e os bons carros não virão apenas do Japão, da Europa, dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.

O presidente da Anfavea também destacou que o crescimento do setor não será percebido em 2024, com a previsão dos 2,2 milhões de veículos produzidos no Brasil, mas sim a partir do ano que vem.

"Os chineses, como novos players, estão crescendo, mas sem representar uma movimentação direta diante do volume dos carros feitos no país. Eles estão na competição e, sim, começam a tirar participação dos líderes do mercado", afirmou.

Haval H4, batizado com Jolion Pro na China, será montado no Brasil como opção mais acessível ao H6 já comercializado aqui e importado do país asiático
Haval H4, batizado com Jolion Pro na China, será montado no Brasil como opção mais acessível ao H6 já comercializado aqui e importado do país asiático Imagem: Jorge Moraes/.UOL
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BYD e GWM, sem aumentar de preço, absolveram os primeiros 10% do imposto de importação e ninguém sabe ainda se, na metade do ano, com a segunda fase da alíquota, vão subir seus valores.

Juntos vem registrando no mês a mês volumes crescentes de vendas e liderança entre elétricos e híbridos. Essas marcas chinesas não vendem veículos convencionais, movidos exclusivamente a combustão, nem atuam com a tecnologia híbrida leve - que irá equipar carros nacionais, como Fiat Fastback e Pulse, Jeep Compass e Volkswagen T-Cross, dentre outros.

A Moura, uma das maiores fabricantes de baterias do mundo, entrou no segmento para produção das baterias 48 volts que equiparão os híbridos leves flex nacionais.

O diesel vai morrer?

Outra mudança que será implementada nos próximos dois anos será o começo da troca da cultura do diesel e o avanço do segmento híbrido para as picapes médias. Mais uma vez, BYD e GWM vão protagonizar o ingresso dos seus modelos com a mistura da combustão e do sistema elétrico.

Caoa Chery, Omoda e Jaecoo

Jaecoo J7 PHEV
Jaecoo J7 PHEV Imagem: Divulgação
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Na China, durante a convenção da Chery Internacional, a empresa confirmou que fará a estreia das marcas Omoda e Jaecoo no próximo semestre. Apresentou o Omoda 5 nas duas versões, híbrida leve e elétrica, assim como o J7 da Jaecoo.

Os SUVs antecipam a chegada do luxoso J8, que estará à venda a partir de abril de 2025. Esse é uma variação do Tiggo 9, que será vendido pela Caoa Chery no ano que vem. O gigante chinês também surpreendeu ao afirmar que logo em breve eles vão revelar uma picape.

Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, presidente do grupo Caoa, esteve com dirigentes da Chery e participou ao lado de outros empresários da apresentação do Tiggo 9 e também do Tiggo 8 Pro - que chegará como modelo 2025 a partir de junho.

"Estamos otimistas com o futuro e com a nossa estratégia para o crescimento da empresa no país", destacou o industrial. O diretor da empresa, Roberto Pedrosa, reforçou o trabalho na fábrica de Anápolis (GO) para antecipar o volume de produção e atender os cerca de 10 mil pedidos do carro.

Logística e fábricas

Diversos estados estão de olho nesta investida chinesa. Além de Jacareí (SP), que pode receber a operação da Omoda e Jaecoo na antiga fábrica da Chery, cidades localizadas em Minas Gerais, Santa Catarina, Ceará e Pernambuco estão conversando com investidores do país asiático - que inicialmente optarão pelo regime de CKD para montagem local com peças 100% importadas.

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