Jorge Moraes

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Guerra das montadoras: importadoras cobram que governo 'cumpra palavra'

"Acho um absurdo esse tipo de proposta. Quebra das regras", afirmou o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos. A "proposta" mencionada por Bastos refere-se a um pleito da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) que pede a antecipação do imposto de importação para carros eletrificados.

Apesar da reivindicação da associação, Bastos detalhou à reportagem que o apelo não deve seguir em frente. "Estive com Alckmin na China e ele falou ao fundador e chairman da montadora chinesa GWM, Jack Wey, que pode investir no Brasil, que [o país] respeita os contratos e o que a Anfavea quer é desestabilizar tudo" afirmou o presidente da ABVE desacreditando sobre o continuidade da solicitação.

"Toda essa questão não terá espaço quando olhamos a relação entre Brasil e China. O Brasil tem muito a perder com isso", reforçou Bastos, ainda dizendo que pedir mais proteção é uma atitude desesperadora seis meses após o início da tributação. "Tenho certeza que o governo vai manter a palavra. Alckmin prometeu o cumprimento das regras", assegurou .

Quanto a nova fase dos impostos de importação, prevista para a próxima segunda-feira, o executivo comentou que não vai dar para sustentar 20% sem mexer no processo, nos benefícios e preços dos produtos. "Quem paga a conta é o consumidor, infelizmente".

A atitude da Anfavea também repercutiu entre as importadoras, que já se manifestou sobre o assunto:

"A Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) vem a público manifestar contrariedade, na medida em que a incidência de novas alíquotas de 18% (carros elétricos), de 24% (híbridos plug-in) e 25% (híbridos) passará a vigorar a partir do próximo dia 1º de julho, e solicita previsibilidade nas políticas industriais do setor automotivo brasileiro, sobretudo em respeito aos clientes/consumidores que têm direito ao acesso e a escolha por tecnologias de ponta", diz a Associação em comunicado.

"A entidade reforça o argumento de que políticas protecionistas não trazem benefícios ao Brasil, ressaltando que nos anos 1990, não fossem a abertura do mercado interno para veículos importados, o País não teria o parque industrial de hoje com algumas dezenas de fabricantes", acrescenta o documento.

Nesta última quarta-feira (26), a Anfavea reuniu-se com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços, Uallace Lima. O gerente de Imprensa da Anfavea, Glauco Lucena, em conversa com a reportagem, afirmou que o ministro ouviu os argumentos da entidade.

"Falamos muito da queda das exportações. A gente importa mais que exporta e isso está afetando a balança comercial do setor", afirmou Lucena. "Foi uma reunião produtiva, que pode ou não render fruto. A gente fez o nosso pleito", disse.

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*Colaborou Rodrigo Barros

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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