Por que preço de carros elétricos ainda não subiu mesmo com alta no imposto
O primeiro dia de julho iniciou um novo capítulo para a importação de carros híbridos e elétricos. O imposto para esse tipo de veículo mudou desde segunda-feira (1°), com novas alíquotas sendo majoradas para 25% aos modelos híbridos, 20% para os híbridos plug-in e 18% para carros totalmente elétricos.
Este é o segundo aumento escalonado desde janeiro, impactando diretamente o bolso dos consumidores e as estratégias das montadoras. Vale lembrar que em janeiro, mês que o tributo retornou, a taxa era de 12% para híbridos convencionais e plug-in e 10% para veículos elétricos.
O aumento do tributo para carros eletrificados vai subir de forma progressiva, até chegar a 35%, em 2026. A regra é válida para todos os veículos das categorias importados e chegou como forma de incentivar a produção nacional dos automóveis com a tecnologia das baterias.
Importante destacar que, não necessariamente, os preços subirão de forma imediata, uma vez que as concessionárias também contam com estoque e os fabricantes já anteciparam a importação antes da majoração da alíquota.
A BYD, por exemplo, trouxe um navio que atracou no Porto de Suape (PE), no início de junho, com quase 5,5 mil unidades. Na data, o Explorer 1 desembarcou também modelos que ainda serão lançados no país, como o Song Pro.
Fontes internas da GWM, disseram à reportagem, em condição de anonimato, que haverá sim um aumento de preços, mas ainda não se sabe de quanto ou quando. É possível que a montadora esteja esperando pela BYD. Como a chinesa concorrente é a que mais vende elétricos no Brasil, a GWM pode aguardar os passos da adversário para se adequar aos novos preços.
Briga das montadoras
Recentemente, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) conversou com o governo para pedir a antecipação do imposto. O gerente de imprensa da Anfavea, Glauco Lucena, em conversa com a reportagem, afirmou que o ministro ouviu os argumentos da entidade.
"Falamos muito da queda das exportações. A gente importa mais que exporta e isso está afetando a balança comercial do setor", afirmou Lucena. "Foi uma reunião produtiva, que pode ou não render fruto. A gente fez o nosso pleito", disse.
A proposta, no entanto, não agradou o setor dos carros eletrificados. "Acho um absurdo esse tipo de proposta. Quebra das regras", afirmou o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos.
O conselheiro especial da BYD, Alexandre Baldy, também se manifestou a respeito do assunto. "O pedido de aumento imediato da alíquota do imposto de importação de carros elétricos e híbridos é um ato do qual a associação deveria se envergonhar", destacou.
"A medida afetaria negativamente o poder de compra dos consumidores, limitando o acesso a tecnologias inovadoras e veículos mais eficientes que contribuem para reduzir a emissão de poluentes e ajudam a proteger o meio-ambiente", complementou Baldy.
A Abeifa (Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores), através do seu presidente Marcelo Godoy - que também dirige a Volvo -, declarou que a entidade reforça o argumento de que políticas protecionistas não trazem benefícios ao Brasil, ressaltando que nos anos 1990, não fossem a abertura do mercado interno para veículos importados, o país não teria o parque industrial de hoje com algumas dezenas de fabricantes.
Medidas protecionistas ou barreiras alfandegárias artificiais são ineficazes, declarou a nota da Abeifa, que representa os importados. A médio e longo prazos, são prejudiciais a toda a cadeia automotiva, mas em especial ao Brasil.
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Quero receber*Colaborou Rodrigo Barros
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