Jorge Moraes

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Salão do Automóvel tem pressão de Lula, mas esbarra na briga entre marcas

Com mandato até abril de 2025, o atual presidente da Anfavea (associação que representa as montadoras), Marcio Lima, quer retomar a realização do Salão do Automóvel de São Paulo até março do próximo ano. O executivo revelou os planos em conversa exclusiva com a coluna.

As opções mais próximas seriam a São Paulo Expo, local do último evento, ou o centro de convenções do Transamérica Expo Center, com datas respectivamente em março e fevereiro do próximo ano. A promessa é que o evento ocorrerá de qualquer maneira.

Mayra Nardy, diretora do portfólio de eventos da RX Brasil, empresa vencedora da licitação do Salão desde o fim da edição de 2018, não para de trabalhar nas propostas: "não temos confirmação de data, e sabemos que é do interesse de todos. Demos possibilidades e algumas janelas para serem estudadas em conjunto, com datas mais prováveis no segundo semestre no Anhembi. E buscamos opções em todos os pavilhões da cidade".

Novos impostos melam relação e complicam Salão

Outro entrave está na participação de entidades como ABVE (que cuida dos associados eletrificados, como BYD e GWM) e a Abeifa (turma dos veículos importados). O presidente da Anfavea confia na união das três associações, mas as outras duas afirmaram ao UOL Carros que não querem tratar do tema.

"Ainda não temos uma posição final. Estamos avaliando as condições e consultando os associados", disse o presidente da ABVE, Ricardo Bastos. Segundo a Anfavea, no entanto, as chinesas BYD e GWM teriam sinalizado participação.

Já Marcelo Godoy, presidente da Abeifa e comandante da Volvo no Brasil, disse não ter sido consultado. E já afirmou que a marca sueca não participará da mostra.

No centro deste descompasso entre as associações está o novo imposto de importação a veículos eletrificados. Márcio Lima levou demanda da Anfavea ao governo federal, solicitando a antecipação da tributação - o que complicou a relação com as demais entidades, contrárias ao 'tarifaço'. Novas cobranças, como o chamado 'imposto do pecado', também não ajudam na demanda feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o retorno do Salão do Automóvel.

"Hoje, colocamos a necessidade da antecipação (do imposto de importação), para que não hajam mais problemas na produção como tem ocorrido. Cresceu o mercado interno, mas não a produção devido ao volume das importações", defende Lima.

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Ele minimiza o impacto disso em uma possível realização do Salão, defendendo que as instituições contam com mais pontos em comuns do que divergentes.

A verdade, porém, é que a Anfavea parece remar sozinha na luta pelo evento em São Paulo. "Ainda estamos trabalhando com possibilidade para 2024, mas temos problemas de espaço e ainda tem a Fenatran em novembro (de 2024)", explicou à coluna.

Mudanças no evento

O Salão do Automóvel promete ser um evento mais amplo, com tecnologia e novas marcas, em uma exposição minimalista sem exageros e igual para todos - contando inclusive com a força do agronegócio. Vale lembrar da vasta assessoria que a Anfavea recebeu da organização da Consumer Eletronics Show (CES), famoso evento realizado todo começo de ano em Las Vegas (EUA).

A dificuldade para locação de espaço permitiu que o Expo Transamérica entrasse na lista do destino e agradasse - mesmo sendo menor diante do que estava prometido para o Anhembi. A equipe técnica de avaliação esteve no local para checar as chances e Lima reforçou que os espaços estão sendo bastante disputados. Repetiu, porém, que a exposição vai acontecer de todo jeito.

Márcio Lima também revelou ter sido novamente procurado por Lula, que teria ligado para saber se está tudo certo para o retorno do Salão e cobrado pelas confirmações, prometendo ajudar no tema. A coluna questionou sobre as primeiras marcas que teriam garantido interesse e fechado participação, mas Lima não quis falar.

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Um retorno que parece certo é o da Chevrolet. A General Motors havia afirmado que não participaria mais de eventos como salões, mas Santiago Chamorro, presidente da Chevrolet Mercosul, afirmou recentemente que a empresa toparia participar de um novo formato.

Segundo a Anfavea, marcas do grupo Stellantis (Fiat, Jeep, RAM, Peugeot e Citroën), além de Mercedes, Mitsubishi e Renault manifestaram interesse em participar.

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