Jorge Moraes

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Volvo 'engata a ré' nos planos de ter só carros elétricos até 2030

Maior defensora da eletrificação total dos carros, a Volvo precisou recuar do ousado plano de vender apenas modelos BEVs (100% elétricos) até o ano de 2030. Mesmo tendo mais seis anos para cumprir a promessa, a montadora sueca calculou que não conseguiria alcançar a façanha nesse período.

Atualmente, 26% dos modelos vendidos pela Volvo no mundo são 100% elétricos. A marca fala agora de "meta a longo prazo" para ser tornar 100% eletrificada e espera, até 2030, ter pelo menos 90% das vendas de modelos ligados na tomada (híbridos plug-in e elétricos), mas sem especificar quanto desse percentual seria de BEVs e PHEVs. O restante, 10% ou menos, seria de carros "mild hybrid" (híbridos não plug-in).

É isso mesmo, em 2030 a Volvo ainda venderá carros que não são recarregados na tomada. Uma tremenda marcha à ré nos planos da montadora que pertence ao grupo Geely, da China.

Vale lembrar que, enquanto a sueca batia o pé na eletrificação total da frota num prazo ousado, outras montadoras, como as do Grupo Stellantis, afirmavam que o caminho era o investimento em modelos híbridos. A General Motors, assim como a Volvo, também já levantou a bandeira da frota 100% elétrica num médio prazo, mas também teve que recuar da ideia e aportar recursos para fazer híbridos.

Ao anunciar as mudanças de planos, a Volvo fala em "fatores externos", ou seja, "a culpa não é minha por não conseguir ter só carros elétricos até 2030". O primeiro ponto destacado pelos suecos é o que muita gente já sabia que seria o principal entrave para um mundo só de carros ligados na tomada: falta de pontos de carregamento. A Volvo afirma que essa estrutura "não avançou tão rápido como o esperado".

Somado a isso, os escandinavos reclamam que políticas locais e impostos de importação de veículos elétricos também contribuíram para esta reavaliação. "A Volvo Cars reforça a necessidade de políticas governamentais mais fortes e estáveis, em prol da eletrificação", disse a empresa em comunicado.

"Estamos convictos na nossa crença de que nosso futuro é elétrico. Um carro alimentado pela bateria proporciona uma experiência de direção superior e aumenta a possibilidade de utilização de tecnologias, oferecendo uma melhor experiência aos clientes. De qualquer forma, está claro que a transição para eletrificação não será linear, pois os consumidores e os mercados se movem em diferentes velocidades. Somos pragmáticos e flexíveis, enquanto mantemos nossa posição de liderança na indústria em eletrificação e sustentabilidade", afirma Jim Rowan, CEO da Volvo Cars.

Dá para entender e concordar com a Volvo nas razões para as mudanças de plano. Mas, cá entre nós, achar que todos os mercados pelo mundo evoluiriam na eletrificação de uma forma linear em tão pouco tempo, foi um tanto precipitado.

Uma decisão amadora? Não sei bem, mas se nem mesmo a Europa ou Estados Unidos possuem um gráfico que aponte para a eletrificação total na próxima década, o que dizer então dos mercados emergentes?

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Olhando para o Brasil, mesmo que os BEVs estejam em uma acessão rápida, todas as montadoras falam na "aposta em híbridos". Até mesmo a BYD, líder de vendas de carros 100% elétricos no país, vem ampliando o portfólio de modelos que usam motor a combustão associado a motores elétricos. E esses carros são mais caros de fabricar e não deveriam custar muito mais. Porém, a realidade é outra.

É positivo que a Volvo agora também tenha essa visão, afinal, a marca foi uma das primeiras a apostar na eletrificação (plug-in) e tem uma vasta experiência nessa área. Os consumidores e os entusiastas, sabendo da mudança, agradecem.

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