Jorge Moraes

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Por que Citroën Basalt não terá vida fácil mesmo sendo o SUV mais barato

"O SUV mais acessível do Brasil". Esse é o apelo e aposta da Citroën para tentar fazer o Basalt se sobressair nas vendas no mais disputado segmento do mercado automotivo nacional. Por R$ 89.990, o SUV/cupê de porte compacto está bem abaixo da faixa inicial dos rivais, mas será que isso será suficiente? Afinal, são 15 competidores. Entrar nesse campo de batalha pode não ser uma decisão muito boa, principalmente se você não tiver as armas certas.

Os SUVs (modelos de salto alto) representam hoje cerca de 48% das vendas de automóveis de passeio no país. Deste montante, 67% são do segmento B-SUV, conhecidos também como SUVs compactos. São 15 modelos disputando essa gorda fatia do bolo, com o T-Cross, da Volkswagen, sendo o mais vendido da turma, com uma média de 6 mil unidades emplacadas por mês em 2024.

Para se ter uma ideia da diferença de valores entre o líder de vendas e o novato Basalt, o T-Cross mais barato hoje custa R$ 120 mil, na versão Sense linha 2024. Se olharmos os modelos 2025, o mais barato passa a ser o T-Cross 200TSI, que custa nada menos que R$ 148.990.

Mas é claro que não é daí que a Citroën quer tirar clientes. Na verdade, a impressão que fica ao ver o posicionamento de preço da marca francesa para o Basalt é que ela quer pegar consumidores dos hatches compactos que sonham com um SUV na garagem, mas não podem pagar pelo preço que as montadoras cobram. Isso quando olhamos a versão de entrada por R$ 89.990.

Hoje, o 'compacto mais barato' - nos preços oficiais de tabela - é o Fiat Pulse, que custa R$ 105.990 com motor 1.3 aspirado e câmbio manual de 5 marchas. Esse valor é superior aos R$ 104.990 que a Citroën pede pela versão Shine Turbo 200, a topo de linha, quando excluímos a versão especial de lançamento, a Fist Edition por R$ 107.390.

Então porque dizer que a Citroën mira nos clientes dos hatches e não dos SUVs compactos que podem querer um modelo mais "acessível" dentro da mesma categoria?

A resposta está na composição do Basalt em sua versão de entrada. A Feel com motor 1.0 aspirado de 75 cv e câmbio MT5 deu ao modelo o título de 'SUV mais acessível do Brasil', como a Citroën chamou em seu comunicado de lançamento.

Não tivemos a oportunidade - ainda - de testar o Basalt, mas imagina o esforço que o pequeno motor tricilíndrico Firefly de 71 cv (gasolina) e 75 cv (etanol) fará para puxar o SUV/cupê de 1.120 km, sem contar com o peso dos passageiros e bagagens.

Talvez, por isso, seja prudente começar a falar de Basalt rivalizando entre os SUVs na versão Feel Turbo 200, que custa R$ 96.990 e dá ao modelo o título de "SUV turbinado mais barato do mercado".

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Com preço agressivo em um compacto puxado pelo bom conjunto mecânico do 1.0 turbo de 130 cv e 21,4 kgfm de torque distribuídos pela eficiente transmissão CVT, essa versão, sim, deverá incomodar os modelos de entrada dos rivais entre os SUVs compactos.

Isso porque, além de custar cerca de R$ 10 mil a menos que o concorrente mais 'acessível', o Basalt sai de fábrica já com roda 16'' de liga-leve, painel de instrumentos digital 7'', central multimídia 10'' com conectividade sem fio e câmera de ré.

Isso tudo além do "básico" direção elétrica, ar-condicionado, retrovisores, vidros e travas elétricas, monitoramento da pressão dos pneus, alarme com comando na chave canivete, 4 airbags (frontais e laterais), DRL de LEDs, e assistente de partida em rampa (inclusive para manobras de ré).

Essa é uma boa lista de equipamentos para a versão de entrada (turbinada) que está abaixo da casa dos R$ 100 mil. A Shine Turbo 200, de R$ 104.990, ganha mais alguns equipamentos interessantes, como ar-condicionado digital, sensor de estacionamento traseiro, faróis de neblina, rodas 16'' diamantadas e bancos com "revestimento premium". Sentimos falta, porém, dos faróis e lanternas em LED.

Passando para os números da ficha técnica do Basalt também encontramos aspectos interessantes do SUV da Citroën. Falando de carroceria cupê a comparação direta é com o "primo" Fastback da Fiat (do mesmo Grupo Stellantis). Esse mede 4,42 metros de comprimento contra 4,34 do francês.

O curioso é que, apesar de ser 8 cm menor nessa medida, o Basalt é 11 cm maior no entre-eixos (2,64 m contra 2,53m do Fastback). Isso deixa claro, mesmo sem entrar no carro, que a Citroën privilegiou o espaço para as pernas dos passageiros do assento traseiro. Mas será que isso afetou o volume do porta-malas? Pelos números oficiais, não. São 566 litros do Basalt contra 600 litros do Fastback. Ambos gigantes nesse quesito.

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Essa análise feita através da lista de equipamentos de série, ficha técnica e tabela de preços conclui que o Basalt pode incomodar alguns rivais, mas dificilmente tirará clientes de T-Cross, Creta, Renegade, HR-V e até mesmo do primo Fastback.

A Citroën "mirou pra baixo" e deve acertar nos clientes da faixa de entrada entre os SUVs mais baratos ou nos donos de hatch que querem subir de patamar em relação ao porte do veículo.

Quando tivermos contato com o carro (em muito breve) poderemos analisar se os números e listas que apresentamos aqui correspondem de fato com a realidade do automóvel apresentado.

Para quebrar a desconfiança do consumidor brasileiro com a marca francesa será preciso muito mais do que números e listas atrativas. O produto precisa ser muito bom.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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