Jorge Moraes

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BYD Shark: nova picape híbrida fará sucesso mesmo mais cara que rivais?

A BYD não repetiu com a picape Shark a mesma estratégia que usou nos outros segmentos e que gerou um sucesso meteórico da marca no país. Diferentemente de King, Song, Yuan, Dolphin e Mini, que são eletrificados e ficam entre os mais baratos em suas respectivas categorias, o novo lançamento estreia no disputado segmento das caminhonetes médias como a mais cara da turma, por R$ 379.800.

Líder do segmento, Toyota pede R$ 333.290 pela Hilux SRX Plus e R$ 371.190 na variante esportiva GR-S. A Ford, que agora assumiu a segunda posição com a Ranger, cobra R$ 351.990 na versão Limited com kit opcional. E a Chevrolet, na terceira colocação, pede R$ 311.990 na S10 High Country. Ainda temos Mitsubishi L200 chegando com nova geração, Nissan Frontier e Volkswagen Amarok.

O que muita gente esperava, levando em consideração a estratégia que víamos na BYD em outros segmentos, é que a Shark estreasse com preço abaixo de todas essas que listamos acima.

Era o que fazia sentido, afinal, apesar de ter a tecnologia de eletrificação híbrida plug-in, a Shark está enfrentando gigantes do segmento de picapes, que tem o consumidor mais 'fiel' do mercado. Fazer um 'picapeiro raiz' mudar de marca e se aventurar em novas tecnologias não é uma tarefa fácil, mas vamos ver como ela se comporta porque no preço está a nova alíquota de importação que chegou na casa dos 20%.

Enquanto as rivais são puxadas por confiáveis motores turbodiesel, que para os conservadores habituais desse segmento é a melhor motorização, a Shark tem um moderno conjunto de três motores, dois elétricos nos eixos e um a combustão de gasolina 1.5 turbo de respeito.

Claro que os números são favoráveis para a picape da BYD. O conjunto motriz moderno aliado a toda tecnologia da picape faz dela a mais potente do segmento, com 437 cv de potência e 65 kgfm de torque. Acelera como um esportivo, com o 0 a 100 km/h em 5,7 segundos, mas será que está pronta para o trabalho pesado do agro?

Todos esses números superlativos da Shark e a qualidade do acabamento que já conhecemos na BYD poderiam ser suficientes para ela decolar nas vendas, mas no segmento das picapes médias não é tão simples. Ainda mais quando você chega como a mais cara da turma e na defesa do agronegócio.

Fazendo um ensaio de suposição: se a Shark 4X4 com sua riqueza tecnológica e modos de condução custasse R$ 299.800, dando uma margem de troco na diferença para as rivais, a receptividade seria outra? Será que só o preço mais em conta seria suficiente para repetir o sucesso dos outros carros eletrificados da marca? Nunca saberemos essa resposta porque a BYD mudou sua estratégia com a Shark. Tecnicamente foi obrigada pelos tributos.

A Fiat está 'suando a camisa' para vender 600 unidades/mês de sua picape média. E isso está acontecendo mesmo com um preço bem inferior da Titano quando comparamos com as líderes, que vendem muito mais. Só um paragráfo para lembrar dela que está em outro estágio de vida, longe dessa concorrência.

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Não estamos aqui analisando o produto Shark, nem querendo fazer comparação com Titano ou Hilux. O que estamos visualizando aqui é o disputado segmento das picapes médias, com seu consumidor conservador e fiel às suas escolhas de marcas.

A BYD já teria um desafio enorme com a Shark mesmo se ela chegasse como a mais barata entre as mais vendidas. Eles sabem disso e tem um bom produto para tal. Agora, com esse preço superior, o desafio será digno de Hércules.

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