Jorge Moraes

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ReportagemCarros

Fim do carro popular: por que eles estão cada vez mais caros no Brasil

Em 10 anos, o mercado de veículos no Brasil mudou. E como mudou. Quando olhamos os emplacamentos, a quantidade de carros era superior ao cenário atual, incluindo as promessas de crescimento da Anfavea que se baseia no dólar projetado para R$ 5,70. Mas isso está longe de acontecer. Nos modelos mais vendidos, as mudanças também estão lá.

Brasileiro gostava de carro hatch, com preços mais 'populares'. Naquele ano, Fiat Palio, Volkswagen Gol e Chevrolet Onix dominavam o mercado dos automóveis de passeio. Para recordar, R$ 34.060 era o preço do carro mais vendido em 2014.

Contudo, já este ano, com a mudança de mercado, o Volkswagen Polo é o carro de passeio que assumiu a liderança. No configurador da marca, um Polo Track zero quilômetro hoje custa R$ 90.990. Isso representa um aumento de 167% no preço do veículo de passeio mais vendido. O que explica esse crescimento tem a ver com o produto somado ao cenário econômico.

Esse descolamento no mercado não foi apenas uma questão de aumento de preços, mas de uma mudança no perfil de consumo e desejo da sociedade. Os SUVs representam a maior parcela de compra em 2024. No acumulado deste ano, entre janeiro e novembro, essa categoria representou 47,91% dos emplacamentos.

"O aumento da demanda por carros mais sofisticados, com maior conectividade e recursos avançados, fez com que as montadoras tivessem que se adaptar, oferecendo opções mais caras, alinhadas ao poder aquisitivo da nova realidade do mercado", avalia o professor de MBAs da FGV e especialista no setor automobilístico, Antônio Jorge Martins.

Além dos avanços tecnológicos envoltos na cadeia automotiva, há também outras explicações para esse aumento no valor dos automóveis.

"O preço do carro reflete na melhoria dos veículos produzidos, mas também no cenário macroeconômico, com carga tributária maior, dólar alto e protecionismo forte da indústria nacional. Isso complica o preço dos veículos", explica o professor titular de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ecio Costa.

O mercado espera até o fechamento do primeiro trimestre uma correção de 3% a 4% nas tabelas de preços.

*Colaborou Rodrigo Barros

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

102 comentários

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Alan Maximiano Duz

Estou vivendo um dilema bipolar: a tristeza de ver esse país indo para o buraco misturada com a felicidade imensa  em ver quem apertou o treze tomando na bunda. Mais alguém?

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Torquato Tasso Bezerra das Candeias

O aumento da demanda por automóveis mais sofisticados e assim bem mais caros foi algo natural do mercado consumidor ou inflado artificialmente pelos fabricantes ? Porque assim com menor custo de montagem podem lucrar muito mais , devido ao valor agregado (que em várias vezes não passa de perfumaia)

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Marcos Buono

Grande balela... As montadoras perceberam que lucram mais vendendo um veículo mais caro ao invés de três baratos. Usam menos mais de obra, tem custos menores. Daqui a alguns anos, com o envelhecimento da frota, cairá a falácia do "mercado pediu mais sofisticação" ainda mais com juros a 15% ao ano. Ficará caro financiar o carro... Quem quiser trocar dará um rim em troca 

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