Quem são e o que faziam as marcas que formam as argolas da Audi
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(SÃO PAULO) - August Horch nasceu a 12 de outubro de 1868, e aos 28 anos foi trabalhar para Karl Benz na fabricação de motores. Bastou-lhe três anos para aprender o que precisava para montar a própria oficina, em Colônia, na Alemanha.
O começo foi modesto, reparando e dando manutenção em motores que já rodavam. Mas logo veio o primeiro carro concebido por Horch, em 1901. O motor era instalado na frente, tal como insistia, em vão, para Benz fazer nos seus automóveis.
As inovações e a reputação de qualidade fizeram da Horch uma das grandes naquele início do século 20. Uma boa publicidade gratuita vinha das corridas disputadas com Horch ao volante de suas crias.
Tudo corria bem fora da empresa, mas nem tanto das portas para dentro. Divergências entre os membros da diretoria e Horch expulsaram o fundador da própria companhia, em julho de 1909.
Os novos donos então registraram nada menos do que 26 nomes - como Autohorch, A. Horch, Original Horch Car, entre outros - para impedir August de usar o próprio nome em outra empresa automobilística.
Daí veio "Audi", latim para "ouvir", que no idioma alemão é...."horch".
Enquanto a Horch seguia fabricando modelos destinados à elite alemã, a Audi Automobil-Werke (instalada em Zwickau e que depois virou Audiwerke AG) usava da boa reputação de August para também fabricar carros robustos e de categoria superior - embora não tão luxuosos quanto os da Horch.
Como boa parte das marcas, batizava seus carros com letras. Se o primeiro foi o Type A, de 1910, quando a Primeira Guerra Mundial estourou a Audi já tinha o Type E no mercado.
Wanderer e DKW
Fundada em 15 de fevereiro de 1885, em Chemnitz , a oficina de bicicletas de Johann Winklhofer e Richard Jaenicke partiu dois anos depois para a construção dos próprios modelos, vendidos sob a marca Wanderer.
A ideia dos dois sócios era ampliar o leque, e até máquina de escrever fizeram, estas sob a marca Continental. Mas, como bicicletas eram o carro-chefe e a mobilidade ganhava outras dimensões, não demoraram a motorizá-las - a começar por um modelo de 1902, equipado com motor monocilíndrico refrigerado a ar e com 1,5 cv. Pesando 45 quilos e sem suspensões, alcançava 50 km/h.
E por que não, agora, construir um carro? Pois o primeiro automóvel Wanderer apareceu em setembro de 1906, com um enorme 12 cilindros, mas foi apenas um protótipo filho único de mãe solteira. A produção em série teve início em março de 1913 com o Type W 3, popularmente chamado de "Puppchen".
No DNA da DKW também há rastros de uma, digamos, diversificação industrial. O dinamarquês radicado na Alemanha Jörgen Skafte Rasmussen, fundador da empresa que começou em Chemnitz como Rasmussen & Ernst, chegou a ter um moinho têxtil.
Em 1909, seu catálogo de produtos incluía, entre outros, sistemas de recuperação de vapor, separadores centrífugos de óleo, trocadores mecânicos. O flerte com coisas relacionadas a veículos sobre rodas deu os primeiros sinais no ano seguinte, com a oferta de para-barros, sistemas de iluminação, correntes antiderrapantes e demais salamaleques automotivos.
Mas foi somente em 1916 que Rasmussen começou experimentos com veículos a vapor, inclusive financiados pelo Ministério da Guerra alemão. É quando surge a marca DKW, uma balsâmica abreviatura para Dampfkraftwagen: "dampf" é vapor em alemão, enquanto "kraftwagen" significa veículo a motor. Contudo, limitações técnicas levaram ao abandono do projeto depois da Primeira Guerra Mundial.
Quando, em 1919, Rasmussen encomenda pequenos motores dois tempos de 25 cc, DKW vira "Des Knaben Wunsch", algo como "o desejo do garoto". Paralelamente, um motor maior, de 118 cc e 1 cv, é desenvolvido para equipar bicicletas. DKW agora significa "Das kleine Wunder", ou "o pequeno milagre".
A partir daí Rasmussen define o futuro da empresa: fabricar motocicletas e motores. Em 1928, a DKW já era uma das maiores produtoras mundiais de motos. No mesmo ano, lançou seu primeiro carro, P 15.
Em resumo, assim nasceram as quatro marcas que formariam a Auto Union em 29 de junho de 1932.
Cada marca atacaria um segmento do mercado: DKW o de motos e carros compactos; Wanderer o de médios; Audi num degrau acima, o de médios mais luxuosos; e Horch atenderia a elite com modelos luxuosos. E assim foi até a Segunda Guerra Mundial devastar a Alemanha.
A Auto Union então praticamente morreu após o desmantelamento das plantas de Chemnitz, Zwickau e Zschopau. Um plano de recuperação acabou levando a companhia para Ingolstadt, onde começaria uma nova vida.
Novamente reorganizada, a Auto Union foi comprada em 1958 pela Daimler-Benz, que em 1964 vendeu a empresa das quatro argolas à Volkswagen. Cinco anos mais tarde, a NSU também seria adquirida pela fabricante do Fusca. Era formada então a Audi NSU Auto Union AG, que virou...Audi.
Quanto às demais marcas, a Horch teve o último modelo fabricado em 1940, um ano antes do derradeiro Wanderer. Os DKW foram até 1968 com o off-road Munga.
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