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Com Ford Bronco, time de SUVs retrô chega a 5 modelos; entenda o segmento

Colunista do UOL

11/07/2020 08h00

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(SÃO PAULO) - Utilitário esportivo toda fabricante tem. Mas jipes com história e legado, poucas. Jeep Wrangler, Land Rover Defender, Mercedes-Benz Classe G e Suzuki Jimny carregam valores que os SUVs urbanos não podem compreender: liberdade, coragem, essência, personalidade...

E vem aí o Ford Bronco. Lançado na linha 1966 em agosto do ano anterior, teve cinco gerações até 1996, quando saiu de linha encurralado pelos mais modernos Explorer e Expedition. Na sexta encarnação, mesclará modernidades como faróis em LED, motores turbo e central multimídia à tosquice (no bom sentido) do original - o que significa inclusive poder dispensar as portas.

Bronco 2020 - Divulgação  - Divulgação
Imagem: Divulgação

O que, afinal, esses veículos têm de diferente? Onde está a licença poética para manter ou resgatar um visual elaborado décadas atrás?

"O Wrangler é um ícone, e ícones não podem mudar. Uma garrafa de Coca-Cola deixaria de ser se mudasse sua imagem, por exemplo. No dia que o Wrangler deixar de existir, a Jeep perde sua maior força", explica Alexandre Aquino, gerente de marketing da Jeep, que completa: "mas não tem a ver só com o carro, é sobre a essência da marca acima de tudo. Eles servem como uma assinatura para tudo o que ela propõe em termos de atributos e aspirações".

Jeep CJ-2A - Divulgação  - Divulgação
Jeep CJ-2A, pai do Wrangler
Imagem: Divulgação

Põe essência nisso. O Wrangler, na prática, é o sucessor da família CJ (abreviação de Civilian Jeeps, ou Jeep civil), que por sua vez descende nada menos do que do carro que nasceu para combater na Segunda Guerra Mundial, apenas desnudo da fantasia de camuflagem.

Wrangler 97 - Divulgação - Divulgação
Wrangler 1997
Imagem: Divulgação

A primeira geração, de 1986, atende por YJ. As outras são a TJ (1996 a 2006), a JK (2006 a 2018) e a atual JL - que no Brasil pode chegar a estratosféricos R$ 420 mil. Esta última tem muita tecnologia: motor 2.0 turbo casado com câmbio automático de oito marchas, estrutura em alumínio, diferenciais bloqueáveis, central multimídia, painel personalizável, airbags latarais e ar-condicionado digital. TODAS mantiveram estilo fiel ao avô militar.

Wrangler hoje - Divulgação - Divulgação
Wrangler 2020
Imagem: Divulgação

Renato Pereira concorda que é uma questão de identidade da marca. "É preciso estar no DNA da empresa. E a Suzuki tem esse DNA. Como a Jeep, que vejo como a única capaz de ter outro modelo nesse nicho, como tem o Renegade", analisa o gerente de desenvolvimento estratégico da Suzuki.

Seu colega da Jeep, claro, consente. "Sempre me perguntam como vai ser o próximo Renegade. Digo que ele não vai mudar, vai ter sempre esse estilo. Porque no dia que mudar, vai deixar de ser o Renegade e carregar a herança da marca. É preciso lembrar de onde se veio e ter orgulho disso", filosofa Aquino, da Jeep.

Para Pereira, trata-se também de uma questão de utilidade. "Nos modelos com desenho mais quadrado explora-se melhor o espaço interno. Esses carros têm que ser úteis, acima de tudo", explica o executivo da Suzuki.

Suzuki Jimny LJ10 1970 - Divulgação  - Divulgação
Suzuki Jimny LJ10 1970
Imagem: Divulgação

Que pra quem não sabe começou a produzir o Jimny em abril de 1970, no Japão. Não assustava ninguém: motor de 360 cc refrigerado a ar e de 25 cv, 590 quilos e velocidade máxima de 75 km/h. Mas fez tanto sucesso que resiste até hoje, já na (recém-lançada) quarta geração. Por aqui, não sai por menos de R$ 110 mil.

Jimny sierra  - Divulgação - Divulgação
Suzuki Jimny, no Brasil, carrega o sobrenome Sierra
Imagem: Divulgação

Bem, sutilmente mais barato que o Mercedes-AMG G 63, que pode ser seu por R$ 1.342.900. Desenvolvido sobre conceitos militares e colocado à venda para civis em 1979, o G-Wagen (como foi chamado até 1998) sofreu atualizações e reestilizações ao longo da vida, mas nunca deixou de ter o desenho de um Lego montado por uma criança de dois anos.

G63 - Divulgação - Divulgação
Mercedes-AMG G63
Imagem: Divulgação

Há dois anos, durante o Salão de Detroit, a Mercedes apresentou a segunda geração do jipe quadradão, que do antigo manteve apenas três peças, entre elas as maçanetas, segundo a marca. Mais comprido e mais largo, manteve fielmente os contornos que fazem sua fama desde o início dos anos 1980.

Classe G Gen - Divulgação  - Divulgação
Classe G
Imagem: Divulgação

"Hoje, com toda a tecnologia embarcada no modelo, ele mantém até mesmo o barulho 'seco' típico de um jipe ao fechar a porta", exemplifica Evandro Bastos, gerente de produto da empresa.

E sem falar no Land Rover Defender, que dispensa apresentações - e acabar de desembarcar no Brasil por R$ 400 mil.

Defender - Divulgação - Divulgação
Defender 2020
Imagem: Divulgação

Mas esse tal de DNA é algo que ou você nasce com, ou compra por muito dinheiro. "Depende da relação do investimento. Se houvesse alguém disposto a descarregar uma fortuna, daria para forjar esse estilo. Levaria algum tempo para se ter pertencimento daquilo, para pessoas reconheçam aquilo imediatamente. Mas com comunicação e dinheiro se consegue", explica Aquino, da Jeep.

Defender - Divulgação - Divulgação
Land Rover Defender
Imagem: Divulgação

"A Tesla em tese não tem aderência nesse segmento (de SUVs rústicos). Mas com o dinheiro e poder de influência que tem, provavelmente conseguiria (emplacar um rival para Bronco, Wrangler e companhia)", finaliza.

As gerações do Bronco

1965 a 1977

A criação do Jeep Willys é um dos pontos de partida mais interessantes da história automotiva. Porque o Bronco também é, assim como os Jeeps, um descendente do 4x4 militar da Segunda Guerra. Só que aqui sob a casca da Ford e um nome pra lá de másculo.

Bronco Wagon 1967 - Divulgação  - Divulgação
Bronco Wagon 1967
Imagem: Divulgação

Eram seis versões: "Roadster", com ou sem bancos traseiros e portas opcionais; "Sports Utility", uma espécie de picape; e "Wagon" (com e sem bancos traseiros), e "Roadster" com teto removível. O motor era 2.8 um seis-cilindros, de 105 cv, combinado a uma transmissão manual de três marchas. Pueril. De acordo com a FourWheeler, um total de 225.585 Broncos de primeira geração foram construídos entre 1965 e 1977, quando a produção terminou. Desses, 203.544 eram Wagon, 17.262 Sports Utility e 5 mil Roadsters.

Bronco Roadster 1966 - Divulgação  - Divulgação
Bronco Roadster 1966
Imagem: Divulgação

1978 a 1979

Uma reestilização acompanhou motores mais potentes, como um 6.6 V8 de 149 cv - poderosos na época, razoáveis para um 1.4 turbo moderno.

Bronco 78 - Divulgação  - Divulgação
Bronco 1978
Imagem: Divulgação

1980 a 1986

O que a Ford chama de terceira geração foi um Bronco com suspensão dianteira independente e V8 de até 210 cv. E o Ford Bronco II, mais compacto, tinha visual mais jovem. Foi assim até 1990.

Bronco 83 - Divulgação  - Divulgação
Bronco 1983
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1987 a 1991

O período de 1987 a 1991 é considerado a quarta geração do Bronco. Com frente de F-150, o jipe trazia motor V8 que trocava o carburador pela injeção. Havia agora um câmbio manual de cinco marchas e um automático de quatro velocidades.

Bronco 1987 - Divulgação  - Divulgação
Bronco 1987
Imagem: Divulgação

1992 a 1996

O início do fim do Bronco chama-se Explorer, um SUV mais moderno, mais familiar e mais eficiente. O Expedition, de 1996, foi a extrema-unção do Bronco.

Bronco 1995 - Divulgação  - Divulgação
Bronco 1995
Imagem: Divulgação