Museu de Arte Moderna de NY também tem motos e carros clássicos; conheça
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(SÃO PAULO) - Alguns veículos podem ser considerados obras de arte? Uma visita ao Museum of Modern Art, em Nova York (EUA), mostra que sim. Entre as 200 mil obras que compõem sua coleção, há nove carros e duas motocicletas - mas também um helicóptero, uma bicicleta e até um trailer. Se encaixam, portanto, no "ideal de beleza e harmonia e expressão da subjetividade humana", como define arte o dicionário Houaiss.
Primeiro a desembarcar ali foi um Cisitalia 202 GT 1946, presente da Carrozzeria Pininfarina entregue em 1972, mais de vinte anos após 8 Automobiles, a exibição que estreou o tema automotivo no MoMA e que contou com o mesmo exemplar agora exposto permanentemente.
O raríssimo modelo (apenas 200 unidades foram construídas, artesanalmente), foi ainda o primeiro automóvel a integrar um museu de artes nos EUA. Segundo o MoMA, tratava-se de um barn find que chegou ao museu após um longo processo de restauração executado pela Pininfarina - seu fundador, Battista "Pinin" Farina, é o autor do design do esportivo feito em alumínio e lançado em 1947, um ano após o surgimento da marca italiana.
Demorou um tanto até que o segundo carro chegasse ao MoMA, em 1994. Foi a Ferrari 641/F1-90 de Alain Prost e Nigel Mansell. Equipada com um motor 3.5 V12, venceu seis corridas naquela temporada e marcou a estreia dos paddle shifts, as trocas de marchas no volante, nos bólidos da Fórmula 1.
Dois anos depois foi a vez de um Jaguar E-type Roadster 1963. O esportivo britânico saiu das mãos do engenheiro aeronáutico Malcolm Sayer, que pegou o D-type vencedor das 24 Horas de Le Mans e o reinterpretou para uso fora das pistas. Há quem diga que nem mesmo o Mini Cooper traduziu para o mundo automotivo os Swinging Sixties - como ficou conhecida a revolução cultural que marcou o Reino Unido nos anos 1960 - tão fielmente quanto o E-type. De 1961 até 1975, quando se aposentou, o E-type se dividiu em três fases: Série 1 (seis-cilindros, no começo 3.8 e posteriormente 4.2), Série 2 e Série 3, este equipado com um 5.3 V12.
Em 2002 a coleção automotiva do MoMA foi incrementada com dois dos carros mais importantes do mundo. Para o museu, a presença de um Volkswagen Fusca 1959 justifica-se pela sua importância histórica e por ser "verdadeiramente global". Em junho de 1934, Adolf Hitler (1889-1945) e Ferdinand Porsche (1875-1951) assinaram o contrato para desenvolver o "carro do povo", que de acordo com as orientações do Führer deveria ser robusto, econômico, barato e tecnicamente capaz de transportar dois adultos e três crianças a 100 km/h. Os protótipos finais desenhados por Porsche e seu braço direito, Erwin Komenda, foram apresentados em 1938, mas poucas unidades foram produzidas antes da Segunda Guerra Mundial. Em 27 de dezembro de 1945 a produção civil foi retomada.
Já o Willys Jeep M38A1 1953 está ali por ser "uma ferramenta pragmática e objetiva". Tudo começou quando os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945). Em meados de 1940, um comitê dentro das Forças Armadas disparou aos fabricantes de automóveis - que a partir de fevereiro de 1942 suspenderiam a produção civil - especificações para um novo veículo militar: leve, ágil, capaz de carregar quatro soldados e armamentos, versátil o bastante para se converter, por exemplo, em ambulância, e ter tração nas quatro rodas. Apenas American Bantam, Ford e Willys-Overland apresentaram protótipos - BRC40, GP e MA, respectivamente. A Willys levou o braço de ferro e, em 1945, surgia o CJ-2A, considerado o "pai" de todos os SUVs.
De quebra, 2002 também marcou a chegada de um Smart Fortwo 1998, "desenvolvido para maximizar a conveniência, o conforto e a segurança do motorista e do passageiro, ao mesmo tempo que minimiza o impacto no meio ambiente. Os carros são vendidos em "centros inteligentes" em toda a Europa, onde os veículos de cores vivas são empilhados em torres como objetos em uma vitrine, claramente voltados para consumidores jovens e preocupados com o estilo que procuram um carro acessível", diz o MoMA.
Há também no museu nova-iorquino um Cinquecento 1968. "O humilde Fiat 500 incorpora muitos dos princípios que orientaram o design moderno de meados do século: sua aparência expressa claramente sua função, o uso lógico e econômico dos materiais e tinha um preço modesto e, portanto, amplamente acessível. O desenvolvimento de carros baratos e confiáveis como esse no período do pós-guerra foi fundamental para unir as nações anteriormente díspares da Europa e promover a liberdade de movimento em todo o continente", explica o MoMA. Precisa dizer mais sobre a criação de 1957 do genial Dante Giacosa?
Outro ícone por lá é um Porsche 911 1965. Ferdinand Porsche é o pai do Fusca, seu filho Ferdinand "Ferry" o do 356 e seu neto, Ferdinand "Butzi", é quem assina o 911, apresentado no Salão de Frankfurt de 1963 ainda como 901. Quando a Peugeot reclamou que já havia registrado essa combinação de números, a Porsche mudou o nome de seu novo esportivo para 911. É o único carro do museu que jamais fora restaurado.
Faz sentido um Citroën DS estar em um museu de arte. Seu nome vem de déesse, deusa em francês. Revelado no Salão de Paris de 1955, o sucessor do Traction Avant recebeu 12 mil encomendas no primeiro dia de estreia. Foi um dos precursores dos conceitos de aerodinâmica, quando o tema ainda era vago. Já naqueles tempos tinha suspensão hidropneumática, capaz de manter a altura constante acima do chão com qualquer carga. O do MoMA é um 1973.
Quanto às motos, o acervo guarda uma Vespa GS 150 de 1955 e uma Vincent-HRD Series C Black Shadow 1949.
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