Ícone da Volvo nos anos 1960, P1800 é relançado como carro de corrida
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(SÃO PAULO) - O Volvo P1800 acaba de ser reinterpretado pela Cyan Racing como um esportivo destinado às pistas, mas com permissão para rodar nas ruas. E como carro de corrida, não conta com ABS ou controle de tração.
Sob o capô, o novo P1800 traz um 2.0 turbo de 420 cv, acoplado a um câmbio de cinco marchas desenvolvido pela Holinger, marca especializada em transmissões de carros de corrida. Há outras modernidades, como suspensão hidráulica e amortecedores ajustáveis. O chassi é feito de fibra de carbono.
Cyan Racing é o braço de competição da Geely, fabricante chinesa que hoje é dona da Volvo. Por isso o novo P1800 terá produção limitada e custará muito dinheiro: US$ 500 mil, o equivalente a R$ 2,68 milhões.
E quem foi P1800?
Caminhando para o fim dos anos 1950, a Volvo se ancorava principalmente em dois modelos: o econômico e confiável PV444, já com certa idade; e o Amazon, um sedã de estilo americanizado que se destacou por pioneirismos, como vir de fábrica com cintos de segurança. Faltava-lhe algo mais comovente, porém.
Pois essa era a razão de existir do P1800: atrair com seu desenho singular mais consumidores para as lojas da marca. Que se consolidara como fabricante de modelos competentes, porém não muito atraentes do ponto de vista emocional.
Não era o primeiro esportivo da Volvo, entretanto. Este foi o Sport, um conversível com carroceria em fibra de vidro que entre 1955 e 1957 somou apenas 67 unidades. "Não é um carro ruim, mas um Volvo ruim", admitira o então presidente da empresa, Gunnar Engellau, ao aposenta-lo. Logo que o Sport saiu de cena, a Volvo recrutou para a criação de seu sucessor o engenheiro Helmer Petterson - protagonista de um episódio polêmico sobre o nascimento do P1800.
"Helmer havia conseguido um emprego para seu filho Pelle no estúdio de design de Pietro Frua. Quando chegou a hora de revelar as quatro propostas (do novo esportivo) para a diretoria da Volvo, em 1957, Helmer introduziu sorrateiramente o quinto projeto, assinado por Pelle - e foi esse que todos escolheram. Engellau, em particular, gostou, pois tinha opiniões muito definidas sobre o desejo de um carro de desenho italiano. Quando a verdade por trás da proposta de design vencedora surgiu, o colérico Engellau sentiu que tinha sido enganado e prometeu que Pelle nunca seria reconhecido como o designer do carro. E, de fato, muitos anos se passaram antes que a verdade se tornasse conhecida e Pelle Petterson recebesse o crédito que merecia", conta a própria Volvo. Ou seja: o P1800 teve a engenharia do pai e os contornos do filho.
O P1800 também foi o primeiro Volvo a concretizar a ideia de carro internacional: planejado na Suécia, foi desenhado na Itália para, em 1960, ser revelado em um Salão de Bruxelas, na Bélgica. A produção, a partir de 1961, inicialmente era na Inglaterra, com a carroceria vinda da Escócia.
"Nessa época, a Volvo se encontrava em uma fase de enorme expansão e a empresa percebeu desde o início que não tinha capacidade interna suficiente para fabricar o novo modelo. Nem para prensagem de painéis de carroceria, nem para pintura ou montagem, nem mesmo em pequena escala. Após muita deliberação foi tomada a decisão de usar duas empresas britânicas para construir o carro: a Pressed Steel iria construir as carrocerias e a Jensen Motors pintaria e montaria os carros", relembrava a marca na ocasião dos 50 anos do P1800.
Problemas relacionados à qualidade, à logística e aos fornecedores logo surgiram, e então a Volvo trouxe a produção do P1800 para a Suécia, em 1963. Foi quando o modelo perdeu o "P" do nome e ganhou um "S", de Suécia, no fim.
Baseado na plataforma do Amazon, o P1800 - posteriormente 1800 S - era equipado nos primeiros anos com um motor 1.8 de quatro cilindros e 100 cv. A idade avançava e apenas novas cores e discretíssimas atualizações em grade, rodas e afins atualizavam o modelo, que também era incrementado com motores mais potentes, como um 2.0 de 120 cv. Em 1971 é lançado o 1800 ES, uma estilosa perua de duas portas que seguiu até o fim do modelo, em 1973. Ao todo, cerca de 45 mil unidades foram fabricadas.
4.500.000 de quilômetros
No fim das contas, o P1800 estava muito mais para esportivo prático e robusto do que veloz, embora sua característica dirigibilidade fosse elogiada. Tanto que o ator Roger Moore comprou um para uso pessoal após anos dirigindo o cupê na série inglesa The Saint, interpretando o detetive Simon Templar.
De tão robusto e versátil, um 1800 S chegou em 2013 aos 4,5 milhões de quilômetros nas mãos de Irv Gordon. "Não se trata apenas dos milhões de quilômetros, mas sim das viagens que me levaram a isso e o que experimentei ao chegar lá. Eu simplesmente gostei de dirigir e experimentar a vida através do meu Volvo", disse à época o nova-iorquino, que adquiriu seu Volvo em 1966. Sua façanha está no Guiness Book.
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