Civic Si nacional anda menos, porém encanta mais que sucessores importados
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(SÃO PAULO) - Encorajado pelas experiências com o primeiro Mercedes Classe A nacional, o Fiat 147 "Cachacinha", o Santana EX da Engenharia da Volkswagen e o Plymouth Belvedere de 700 cv da Mopar - todos eles patrimônios históricos das fabricantes -, pedi à Honda a chave do primeiro Civic Si produzido em 2009. Com pouco mais de 900 quilômetros no odômetro, é o único exemplar dessa fase preservado pela marca.
E me deram, a chave. Mas, com duas condições. A primeira era não sair da fábrica onde fica guardado, em Sumaré, no interior de SP. Ou seja, a pista de testes da Honda estava só para nós, algo como alguns campos de futebol reunidos, sem obstáculos. A segunda: "nada de manobras radicais. Esse carro faz parte do acervo da Honda e precisamos preservá-lo como item histórico", suplicou o assessor de imprensa da fabricante.
"Vou me comportar", prometi, cruzando os dedos secretamente e confabulando - "espero que sentir o iVTEC funcionando não conte como manobra radical".
Porque é o que se deve fazer ao guiá-lo: esticar as marchas até as 7.800 rpm para sentir o auge dos 192 cv. Essa é a mágica deste Si, pois quando se imagina que não há mais fôlego, o iVTEC tira do 2.0 16V de aspiração natural um suspiro final antes da marcha seguinte. É o tal do "VTEC kick", típico do sistema de variação do comando de válvulas da Honda. Os 19,2 kgfm de torque também alcançam a plenitude tarde, às 6.100 rpm.
Espartano, mas essencial
"A partir de 08 de março, a Honda Automóveis do Brasil inicia a comercialização do Civic Si. Disponível nas cores Vermelho Rally Sólido e Preto Nighthawk Perolizado, e em breve na Prata Global Metálico, é produzido na fábrica da Honda, em Sumaré (SP), e está à venda na rede de concessionárias pelo preço público sugerido de R$ 99.500. A Honda espera comercializar 1.000 unidades do modelo neste ano", anunciava a marca há 13 anos.
Mais de uma década atrás, os equipamentos relevantes eram outros: "também integrados ao painel encontram-se rádio AM/FM e CD Changer para seis discos compatível com os formatos MP3 e WMA (Windows Media Audio) e com o recurso SVC (Speed Volume Control), que adequa o volume de acordo com a elevação ou redução da velocidade, além do sistema de climatização digital, que permite o ajuste exato da temperatura desejada".
Hoje, em modelos desse porte, ar-condicionado digital é praticamente uma commodity e CDs foram engolidos pelas centrais multimídia. Se gabava ainda de ter bancos esportivos, painel com grafismos vermelhos, manopla do câmbio revestida em couro, pedais em alumínio, aerofólio traseiro, rodas de 17 polegadas, controle de velocidade de cruzeiro e controle de estabilidade. Como um bom Honda, era espartano mesmo para a época.
O que, no fim das contas, virou um charme do carro. Porque ser um neoclássico - e esse Civic Si definitivamente será, se é que já não é - tem a ver com dirigibilidade, propósito, design, relevância e compromisso com o prazer ao volante. E não com lista de equipamentos.
De frente com aquele volante de 360 mm de diâmetro e ótima empunhadura, o que interessa é ouvir o ronco ardido do motor, que solta seu berro derradeiro com a shift light no painel implorando pela marcha seguinte. É desfrutar e abusar de um câmbio de engates curtos, certeiros, confortáveis e próximos das mãos. É compreender que um pedal de embreagem mais afastado à esquerda faz diferença na tocada. É se comunicar com uma direção leve e ao mesmo tempo afiada.
Às favas com espalhamento celular e câmera de ré.
Da sexta geração do Si (oitava do Civic) pulei para seu sucessor, um cupê laranja (oficialmente Orange Fire Pearl), importado do Canadá e com motor 2.4 de 206 cv. Mais equipado, ousado no estilo e potente, fez tudo para superar o anterior, mas perdeu a magia - seu i-VTEC era configurado para entregar potência de maneira linear. É mais rápido e talvez até melhor no uso urbano pelo incremento de 5 kgfm de torque (total de 23,9 kgfm), mas não especial. Divertido e genuinamente esportivo, mas não marcante.
É pelo Si nacional que você cantarola When Will I See You Again, não pelo cupê laranja. E encontrá-lo novamente não vai ser fácil: entre 2007 e 2011, foram produzidas 3.525 unidades. Bem mais, contudo, do que os 294 importados entre 2014 e 2016.
A volta para casa foi de Si 2020. Motor 1.5 turbo (208 cv e 26,5 kgfm de torque), certamente o mais rápido dos três. O mais belo e bem equipado também, com direito a central multimídia de sete polegadas, recarga de celulares sem fio, modo Sport (que altera parâmetros de suspensão, acelerador e assistência da direção) e faróis em LED.
E o sistema de áudio de 450 watts e 10 alto-falantes é poderoso. Nele está embutido o Active Sound Control, recurso que amplifica o som do motor durante uma condução para envolver mais o motorista.
Nada, porém, que me tirasse aquele outro Si da cabeça.
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