Renault que nasceu compacto e urbano, Clio já foi "foguete" de 250 km/h
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(SÃO PAULO) - A estatura do Renault Clio deve ser medida não pelas compactas dimensões, mas sim pela carreira, que acaba de somar 30 anos. Apresentado no Salão de Paris de 1990 para substituir o longevo Renault 5, nasceu como um "pequeno carro versátil projetado e produzido de acordo com os mesmos critérios rigorosos dos carros grandes", nas palavras da marca francesa.
Trazia para o segmento de entrada equipamentos até então disponíveis apenas nos andares superiores, como freios ABS, ar-condicionado, alarme, direção hidráulica e espelhos externos com função de degelo, entre outros itens. A oferta de motores começava pelo modesto 1.2, passava pelo 1.4 e terminava no 1.7 da versão RT.
Foi eleito Carro Europeu do Ano em 1991 e novamente em 2006.
Alguns rivais - como Volkswagen Golf GTI, Autobianchi A112 Abarth e Peugeot 205 GTI - já faziam parte do clube dos hot hatch quando o Clio quis ser membro, em 1993. E chegou com uma credencial e tanto: a versão Williams celebrava a parceria da Renault com a equipe de Fórmula 1. Devia ser limitado a 3.800 unidades, mas se despediu com 12.100 exemplares produzidos.
A segunda geração estreou em 1998, e foi nessa fase que o Clio V6 surgiu.
Nem é preciso ter dirigido um para imaginar o quão insano era um carro compacto, urbano e funcional de repente abraçar um motor seis-cilindros. Que não poderia caber no cofre, e por isso foi parar nas costas do motorista, o que eleva o nível do desatino. Bem, já que o motor está onde estaria o banco traseiro, o mais coerente é que tracione as rodas traseiras.
É tão maluco que a gente se pega repetindo: Cliovêseis. Vê seis. Num Clio! Está certo, a Renault já tinha feito o 5 Turbo. Mas o que se revoltava atrás do piloto era um motor 1.4 turbo de 160 cv - e não um 3.0 V6 de 230 cv e 30 kgfm de torque, que administrado por um câmbio manual de seis marchas catapultava o hatch aos 100 km/h em 6,4 segundos.
Concebido pela Renault Sport, era produzido pela Tom Walkinshaw Racing em Uddevalla, na Suécia. De 2001 a 2003, foram fabricadas ali 1.631 unidades. Naquele ano, a construção do Clio V6 passou para a sede da Renault Sport, em Dieppe, na França, onde começou a fase 2.
Reestilizado, teve a potência do motor incrementada para 255 cv, o bastante para alcançar os 250 km/h de máxima e reduzir o 0 a 100 km/h para 5,8 segundos. Outros incrementos foram suspensões mais firmes e um entre-eixos alongado em 2,2 centímetros. Até 2005, foram mais 1.309 exemplares.
Ou seja: produzido em baixa escala, veloz, audacioso e improvável, tem a receita certa para se tornar um clássico - se é que já não é.
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