Ka e EcoSport foram pioneiros antes de virarem genéricos e darem adeus
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(SÃO PAULO) - Foi no Salão de Genebra de 1994 que o Ka - ou o que se tornaria o Ka - apareceu pela primeira vez, com elementos ovais e circulares que desapareceriam dois anos depois, quando o estúdio Ghia revelou o também conceitual Saetta - este sim com instruções sobre o desenho final. Era um dos primeiros frutos do New Edge Design, conceito estilístico, saberíamos tempos depois, não muito bem digerido no Brasil.
No Salão de Paris daquele longínquo 1996 veio o Ka definitivo, esbanjando curvas, cantos vivos e originalidade. Que se repetia no interior com recortes no painel e profusão de nichos. Era genuinamente um subcompacto, a julgar pela sua condição de levar quatro, e não os habituais cinco passageiros.
Nada conservadora, a Ford do Brasil daqueles tempos logo se envolveu no desenvolvimento do Ka e o resultado foi um carro global lançado por aqui em março de 1997, poucos meses após a estreia na Europa. Seu pecado eram os antiquados motores Endura-E 1.0 e 1.3, que não passavam dos 60 cv. Em 2000 foram substituídos pela eficaz família Zetec Rocam.
A dirigibilidade aguçada e o visual progressista eram acompanhados por recursos distintos em um carro da categoria, como imobilizador com chave codificada, suspensão dianteira sobre subchassi, direção com relação variável e faróis com duplo refletor. Um tanto incomum para modelos populares era uma versão genuinamente esportiva: com 95 cv e temperamento arisco, o XR é hoje cobiçado por entusiastas que apostam em um eventual neoclássico.
Em 2002 o Ka passou por uma reestilização que pretendia eliminar, ou ao menos amenizar, as críticas direcionadas à parte traseira, que a partir de então adotava lanternas mais convencionais. Outras discretas atualizações foram aplicadas nos anos seguintes, até que em 2007 o primeiro Ka se despediu.
No final daquele ano um Ka redesenhado, maior e mais potente - e igualmente mais genérico e tosco - era apresentado, com estreia marcada para janeiro.
O Ka que se despede agora é da terceira geração, lançada em 2014. Novamente espichado, econômico, bem equipado e dono de ótima ergonomia. Pena que virou carro de locadora.
EcoSport abriu mercado de SUVs
Revelado no Salão de São Paulo de 2002, o EcoSport conviveu com as três gerações do Ka. Partindo de Camaçari, na Bahia, o principal produto do "Projeto Amazon" desbravou um mercado, o de SUVs compactos - depois dele virou moda elevar a altura de um hatch compacto (o Fiesta, no seu caso) e chamá-lo de utilitário esportivo.
Outra sacada da Ford foi pendurar o estepe na tampa traseira, aí o pessoal com espírito aventureiro pirou. Parecia que o pneu sobressalente, ali, estava mais pronto para salvar o carro de eventuais furos ou rasgos consequentes de uma aventura epopeica.
Não havia nada de especial no EcoSport, frequentemente criticado pelo acabamento interno e pelo espaço limitado (sobretudo o do porta-malas, que levava apenas 296 litros). A ousadia estava no conceito.
Em 2004 uma versão 4x4 foi lançada, com tração integral por acoplamento viscoso e motor 2.0. Atualizações estéticas e mecânicas foram o bastante nos anos seguintes, pois o EcoSport deslanchou sem dor de cabeça. A primeira a revidar foi a Renault, com o Duster, em 2011.
Sobre a plataforma do renovado Fiesta, a segunda geração do Ecosport aparecia em 2012 como um projeto global, também fabricado na China, Índia, Romênia, Rússia, Tailândia e até no Vietnã. O que chamou bastante atenção na época foi o câmbio automatizado de dupla embreagem, o primeiro do tipo em um nacional. Chamou tanto pelo sabor na dirigibilidade quanto pela quantidade de reclamações por mau funcionamento.
O "Eco" resistiu bem à chega de concorrentes como Honda HR-V, Jeep Renegade, Peugeot 2008, Chevrolet Tracker e Nissan Kicks. Mas, há cerca de dois anos, tem assistido a renovação do segmento (VW T-Cross, VW Nivus e Tracker e Duster reformulados) sem reação - talvez já prevendo seu fim.
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