Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Opala de R$ 500 mil: veja o que exemplar mais caro à venda tem de especial
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
(SÃO PAULO) - Anúncios de Opala SS a R$ 250 mil já não horrorizam mais. Entusiastas do cupê/sedã esportivo, quando encontram um impecavelmente original, topam investir no clássico nacional valor semelhante ao de clássicos americanos ou europeus de refinamento técnico e relevância superiores.
Mas um Opala Diplomata S/E a R$ 500 mil, aí sim, arrepia. Quando vi o anúncio no Veículos Clássicos, liguei para confirmar o preço. "Sim, o valor está certo. Também nos assusta", disse do outro lado do WhatsApp Airton Nichele, da Pastore Car Collection, encarregada de vender o carro de um proprietário que, evidentemente, quer ficar no anonimato.
E o que tem o Opala de R$ 500 mil, afinal?
Em primeiro lugar, trata-se de um dos 100 exemplares da série Collectors, inventada para marcar a despedida do sedã. Nada além de um Diplomata S/E completo, com direito a câmbio automático e toca-fitas, cujo único opcional era o revestimento interno em couro. Para identificá-lo, as inscrições "Collectors" (no volante) e "Diplomata S/E" (nas portas) são douradas.
A Chevrolet paparicava os 100 compradores com apetrechos que encantam colecionadores: acomodados em uma pasta de couro, carta assinada pelo então presidente da General Motors do Brasil, Richard Wagoner Jr.; VHS com a história do Opala, chaveiro banhado em ouro, caneta, relógio e um exemplar da Panorama, a revista interna da empresa.
Tudo guardado carinhosamente pelo proprietário, o único até aqui, que lá em 1992 chegou a telefonar para 126 concessionárias procurando pelo Opala Collectors - mal desembarcava nas lojas e a versão limitada já ia embora.
Quando achou um disponível, disparou rumo à concessionária num sábado com uma maleta de dólares para garantir que o carro não fosse vendido a outrem. Na segunda, fez o pagamento em cruzeiros, a moeda então vigente. Não havia Pix, é bom lembrar.
Outro "tempero" dos R$ 500 mil está no odômetro: 7.522 quilômetros, o que nem dá 260 km por ano. Para preservar rodas e pneus, um novo jogo foi montado no carro e os originais foram guardados em um saco fechado à vácuo. Revisões cumpridas a rigor e peças originais completam o pacote.
Vale?
Para o dono, somente os R$ 500 mil podem compensar o desapego emocional de um carro de que tanto gosta. Embutido no valor também estão o estado do veículo e o grau de raridade. Consta que dos 100 Collectors, apenas 65 sobreviveram. Dois destes sequer foram emplacados.
Ainda que raríssimo, o Collectors não é o Opala mais cobiçado. Num ranking imaginário, o SS 1971 lidera a lista de desejos, seguido pelos SS de 1978 a 1980. Depois vêm o Collectors e os SS de quatro cilindros, na avaliação de Sylvio Luiz Pinto e Silva.
"Os SS 1971, por serem sedãs, são os mais cobiçados e estão na faixa de R$ 290 mil. Esse Collectors é uma exceção, o normal é por volta de R$ 200 mil", pondera o presidente do Clube do Opala SP.
Para alguns comerciantes, o valor extrapola limites.
"Já vendi um por R$ 120 mil. Acho um absurdo R$ 500 mil, e o bom senso me diz que o Collectors não vai atingir este patamar", analisa Ricardo Robertoni, da Private Collections.
Pela GG World Veículos de Coleção já passaram três unidades do Opala Collector. "Um deles, com 30 mil km, saiu por R$ 250 mil. Esse de 7.500 km é carro de R$ 300 mil. Não pode valer mais do que isso. Um dia pode até chegar, mas vai levar um tempo", argumenta o comerciante Alex Fabiano.
O último
Produzido desde de 1968, o Opala seguiu em linha até 16 de abril de 1992, quando um Diplomata S/E Collectors da cor Vermelho Ciprius demarcou o fim de um dos modelos nacionais mais longevos e venerados.
Esse exemplar hoje pertence a Alexandre Badolato, que faz ressalvas à série especial. "Foi uma homenagem que não está à altura da história do Opala. Deveriam ao menos ter numerado as 100 unidades com uma plaqueta no carro. Ou fazer algum tipo de marcação na numeração do chassi, que na linha de produção se intercalava com outros Opalas", lamenta o colecionador.
Ou seja, os 100 últimos não são todos Collectors. Entre um e outro houve Opalas convencionais e até Caravans convertidas em ambulância.
Mesmo para quem tem o último Opala produzido no Brasil - que também é um Collectors - meio milhão de reais é muito. "Eu não venderia o meu porque ele faz parte de um projeto que representa o que foi a General Motors do Brasil. Então, ter o último Opala ou o Corsa 001 e o Omega 001 faz parte de um contexto na minha coleção. Mas, se tivesse que vender, não acho que valeria R$ 500 mil", argumenta Badolato.
De acordo com Nichele, da Pastore, várias propostas foram recusadas pelo proprietário, que avalia neste momento uma oferta de R$ 470 mil.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.