Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Mini Cooper repete virtudes e limitações em segunda encarnação elétrica
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(SÃO PAULO) - Veículos elétricos eram ainda um pontinho num horizonte distante quando a BMW apresentou o Mini E durante o Salão de Los Angeles de 2008. Dona da marca inglesa desde 1994, a fabricante alemã inaugurava o Project i, que se tornaria sua grife de modelos eletrificados. Quem mais apto a desbravar os novos caminhos da mobilidade urbana do que um Mini, por essência um carro urbano?
Foram construídos cerca de 600 protótipos, entregues a voluntários dispostos a desembolsar uma quantia mensal que variava em cada país - apenas alguns estados dos EUA, além de Alemanha, Inglaterra, França, Japão e China viram de perto o Mini E. Na Califórnia, rodar com um desses custava US$ 850 por mês; em Londres, £ 330. Mais de 25 mil se candidataram ao experimento.
Um ano depois, a BMW recolheu os carros para examiná-los. Reconhecia que o Mini E era um teste fundamental para a mobilidade elétrica, mas descartava oferecer um veículo do tipo em massa nos próximos cinco anos. (O i3, primeiro elétrico produzido em escala pela fabricante, é de 2013).
Dez anos depois das aventuras do Mini E, o Mini Cooper S E estreia. Revelado mundialmente em 2019, desembarca agora no Brasil. De lá pra cá, o cenário da eletrificação veicular se transformou. Daqueles tempos restou o logotipo - genial, diga-se, com o "E" formado a partir de um plugue.
E x S E
Baseado na segunda geração - lançada em 2000, depois de 41 anos e 5,3 milhões de unidades da primeira espalhadas pelo mundo -, o Mini E trocava o motor 1.6 (aspirado ou turbo) por um elétrico de 201 cv, abastecido por bateria de íon de lítio acomodada no lugar do banco traseiro.
Recarregá-la podia levar de quatro a dez horas, dependendo do poder do aparelho; cheia de energia, entregava de 160 a 190 quilômetros de autonomia. De 0 a 100 km/h o Mini E ia em 8,5 segundos, e a velocidade máxima era limitada a 150 km/h.
Nesta terceira geração do compacto, o Cooper S E carrega uma bateria (agora instalada sob o assoalho) de 32,64 kWh de armazenamento, dividida em 12 módulos (a garantia é de oito anos ou 100.000 km). O tempo de recarga em um Wallbox de 11 kW é de duas horas e dez minutos. Quando conectada a uma corrente rápida (DC), pode ser restaurada em 29 minutos.
Ela abastece um motor de 184 cv e 27,5 kgfm de torque. Embora menos potente, o Cooper S E anda mais, rompendo os 100 km/h em 7,3 segundos. No entanto, a velocidade máxima foi igualmente limitada a 150 km/h para que a autonomia, que aqui é de 234 km, não seja devorada rapidamente.
Em relação ao Cooper a combustão, o S E ficou 18 cm mais alto, porém com centro de gravidade 3 cm mais baixo. E mesmo 190 kg mais pesado, se manteve esguio, com 1.365 kg.
Lá em 2010, o Mini E fora elogiado pela imprensa especializada, com ressalvas em relação à autonomia. A revista inglesa EVO disse: "é muito bom, com uma grande desvantagem: a experiência de dirigir simplesmente não dura o suficiente. Ao viajar em estradas a uma velocidade constante perto do limite da rodovia, descobrimos que a bateria poderia ficar energia depois de apenas 90 quilômetros".
A Motortrend também aplaudiu o Mini E. "É um ótimo carro pequeno. Um Cooper normal, mas com motor elétrico, que arranca com uma ansiedade surpreendente. É um carro divertido", avaliou a revista americana.
Depois de experimentar o Cooper S E por um dia inteiro, penso que esta reencarnação do hatch elétrico é exatamente o que se espera de um Mini. Essencialmente urbano, confortável e espaçoso para motorista e passageiro, caprichosamente bem acabado, descolado, rápido e, sobretudo, divertido.
É disso que se trata um Mini, afinal - e prova-se agora que a matriz energética fica em segundo plano nesse intento. Pois de resto está tudo ali: direção direta e aguçada, suspensão firme e o tal do "kart feeling".
Quanto à autonomia, dificilmente se chega aos 234 km declarados. O que, de fato, pode limitar travessias para além do perímetro urbano. Seria preciso abandonar os modos Mid, Sport e Green e rodar sempre no Green+, que, desconfio, será quase sempre ignorado por proprietários que não topam ficar sem ar-condicionado e não passar dos 90 km/h.
No mais, quem desembolsa R$ 239.990 (preço da versão Exclusive; a Top salta para R$ 264.990 e a Top Collection chega a R$ 269.990) pelo Cooper S E deve ter condição de comprar um carregador a mais para instalar na casa de veraneio. E é bom lembrar que a capilaridade dos postos públicos está avançando, inclusive para os litorais e interiores.
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