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Aos 72, Kombi renasce com motor elétrico; relembre história e as 6 gerações
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(SÃO PAULO) - A Volkswagen ainda não sabia como chamar seu segundo produto quando o apresentou à imprensa, em 11 de novembro de 1949. Seria Bully se outra empresa já não tivesse o registro. Quando o primeiro exemplar saiu da linha de produção da fábrica de Wolfsburg (Alemanha), em 8 de março de 1950, Transporter era o nome escolhido. Bulli, agora com "i" no lugar do "y", virou apelido.
Setenta e dois anos depois, o utilitário mais famoso e carismático do mundo renasce agora atendendo por ID. Buzz. Sai o motor quatro-cilindros refrigerado a ar, de 1,131 cm3 e 25 cv, capaz para 80 km/h de velocidade máxima, e entra um elétrico de 204 cv. A tração segue traseira.
Como os outros representantes da família, ID.3 e ID.4, a nova Kombi é baseada na plataforma modular para veículos elétricos MEB - cujo conceito é o mesmo das arquiteturas MQB e MLB, já presentes em modelos VW e Audi comercializados no Brasil.
Pon ou Porsche?
Pelo senso comum, quem inventou a Kombi foi o holandês Bem Pon. Importador oficial da Volkswagen em seu país, Pon frequentemente viajava à Wolfsburg a negócios. Numa das visitas, deu de cara com o Plattenwagen - nada mais do que uma chapa longitudinal (daí o "platten", que pode ser traduzido como prancha) montada sobre um chassi de Fusca.
Invenção do major inglês Ivan Hirst (1916 - 2000), então no controle da Volkswagen no período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, para driblar a escassez de empilhadeiras na fábrica.
Foi então que Pon rabiscou seu famoso esboço, logo ignorado por não haver condições, naquele momento, de a empresa construir outro veículo.
"O papel de Ben Pon na história da evolução da Kombi foi, assim, sumariamente encerrado, com seu esquema ambicioso, mas bastante factível, naufragado diante do primeiro obstáculo", explica Richard Copping, historiador automotivo e autor de Volkswagen Transporter: a celebration of an automotive and cultural icon (Ed. Haynes, 2011).
Contudo, para converter uma fábrica defasada em potência industrial, o engenheiro alemão Heinz Nordhoff - contratado para suceder Hirst como diretor-geral da Volkswagen em janeiro de 1948 - sabia que precisava de outro modelo para encaixar na linha de produção.
"Quem inventou a Kombi, ou melhor, desenvolveu um veículo de transporte usando parte dos componentes mecânicos do Fusca foi a equipe de técnicos da VW do pós-guerra contratados por Nordhoff", explica Alexander Gromow.
E assim nasceu a Transporter, nas versões Panelvan, Microbus e Kombinationsfahrzeug - esta última a inspiração para o nome brasileiro do utilitário, que desembarcaria aqui em setembro de 1950, importado, sete anos antes de se iniciar a produção local.
"Mas, para mim, a "origem dos tempos" no caso da Kombi iniciou com Ferdinand Porsche, e só não terminou com ele devido à Segunda Guerra Mundial", afirma o historiador, fundamentado em patente requerida pelo engenheiro austríaco em 1940 e homologada um ano depois.
No documento, Porsche resumia o que havia elaborado: "chassi para veículo automotor, no qual o banco do motorista foi movido para frente, para, por exemplo, entre as rodas dianteiras, isto para permitir uma grande área útil de carga". Bingo.
"Ben Pon era um comerciante que queria ter um produto para vender e fazer lucro. O esquema que ele fez naquela agenda qualquer um que estivesse em contato com a Volkswagen e conhecesse sua técnica faria. Chamá-lo de inventor da Kombi é uma grande bobagem", conclui Gromow.
Sofie, a mais antiga
Havia cinco meses que a produção da Kombi começara em Wolfsburg, na Alemanha, quando chegou a vez do chassi número 20-1880, em 5 de agosto de 1950. Seria apenas mais uma entre as pouco mais de 8.000 produzidas naquele ano, pois saindo da fábrica foi cumprir na cidade de Hildesheim a missão de veículo de transporte. Fora inventada para isso, afinal.
Após anos de trabalho e algum tempo encostada, encarou uma restauração no início dos anos 2000 e voltou à ativa - agora apenas frequentando encontros de clássicos pela Europa e batizada de Sofie pelo antigo proprietário.
Quando o departamento histórico da Volkswagen descobriu a Sofie, não teve dúvida e fez uma proposta ao dinamarquês Dane Tonny, o dono, que também não titubeou: "prefiro vender a Sofie para vocês, onde ela ainda poderá fazer as pessoas sorrirem".
Hoje, descansa no acervo de clássicos da Volkswagen, na Alemanha, ostentando o título de Kombi mais antiga do mundo ainda viva.
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