Gigante em duas rodas, Honda quer vender também para 'gente grande' até 2017
A Honda, líder do mercado mundial de motocicletas, cumpre o rito que se espera de uma empresa número 1, assumindo a responsabilidade de "mostrar o caminho" e investir no que imagina ser o que o consumidor almeja, deseja, mesmo que ele não saiba ainda quais são exatamente tais anseios.
Pesquisa e desenvolvimento está no cerne dessa busca pelo que ainda não sabemos que queremos, mas supostamente vamos querer ou até mesmo precisar. Nascida em 1949 para produzir algo semelhante a uma bicicleta com motor, pelas mãos de um homem apaixonado por tecnologia, motores e competições -- não exatamente nesta ordem --, a Honda tornou-se poderosa, um império industrial que produz motos, carros, geradores, motores marítimos e aviões, e que investe boa parte do lucro no seu departamento de "Research & Development", pesquisa e desenvolvimento da mais alta tecnologia.
Como toda empresa japonesa, os recentes eventos naturais -- terremotos, tsunamis e suas consequências -- que chegaram a paralisar sua produção, afetando inclusive a atividade de fábricas situadas bem longe das áreas sísmicas do arquipélago japonês ou das enchentes do sudeste asiático, refletiram negativamente no desempenho dos negócios da empresa, mas não nas projeções para o futuro. E após curto período "lambendo as feridas", a Honda se prepara para o amanhã com um nada modesto plano quinquenal.
PLANEJAMENTO A LONGO PRAZO
Deste ano de 2012 até o encerramento do seu ano fiscal em 2017, a 31 de março, a Honda anunciou que pretende elevar sua produção dos atuais 23,9 milhões de produtos (tudo incluso, motos, carros, geradores e etc...) vendidos em 2011 para nada menos que 39 milhões/ano. Para tal, conta com 29 fábricas distribuídas em 21 países e, como mencionado, uma posição de vanguarda tecnológica indiscutível.
Durante pronunciamento em Tóquio (Japão), no último dia 21, Takanobu Ito, chefe do grupo Honda, disse que investe boa parte do lucro da empresa no departamento de pesquisa e desenvolvimento, para fornecer cada vez mais tecnologia nos produtos
Mais de 60% destes quase 24 milhões de produtos vendidos atualmente são motos, motonetas e scooters, segmento que representa a máxima expertise da empresa apesar do sucesso em outras áreas, como carros por exemplo. A projeção para 2017 indica que, tudo se confirmando, a Honda passará dos cerca de 15 milhões de veículos de duas rodas de 2011 para perto dos 25 milhões. Ao anunciar estas intenções no último dia 21, em Tóquio, Takanobu Ito, CEO da Honda, deu pistas de quais serão os caminhos que a empresa trilhará para chegar a tanto.
Uma nova fábrica na Índia -- é a terceira da Honda ali -- que será inaugurada no início do ano que vem e destinada à produção de novos modelos de 100 cm³, o segmento mais vendido naquele populoso país, será fundamental para alcançar o objetivo. Outras ações em países emergentes visarão incrementar as atividades, como fortalecer as estruturas na Indonésia e Vietnã (pequenos scooters) e potencializar a atuação na China e Tailândia (componentes e produtos acabados para o enorme mercado interno e exportação CKD).
Faltou o Brasil? Não. Ito definiu que aqui o plano é manter as boas vendas do segmento das utilitárias, as CG 125 e 150, e "reforçar a atuação no segmento de médio e grande porte", um nítido upgrade para nosso mercado, até pouco tempo atrás um terreno ideal para proliferação de motos populares e de baixo custo.
MODERNIZAÇÃO
Tal qualificação do Brasil já começou, com a produção de modelos atualizados tecnicamente, como a moderníssima NC 700 X, cuja montagem começou há pouco em Manaus, quase que ao mesmo tempo que no restante do planeta
Aliás, o modelo pode ser considerado uma espécie de patriarca de uma nova estirpe de motos fáceis de usar e bastante econômicas, que pela vontade da Honda ocupará a cena mundial (e nacional) nos próximos anos. Neste mesmo discurso, o CEO da Honda anunciou que um novo modelo nascido sob a filosofia das NC (sigla de "New Concept") começará a ser produzido no início de 2013 na fábrica de Kumamoto, no Japão, e estreará, inicialmente, no mercado norte americano.
Tal moto, de grande porte, seguirá a linha da média NC 700 X, ou seja, com motor que privilegia o torque em detrimento da potência máxima, assento baixo e a indisfarçada facilidade de uso, para atrair novos motociclistas, fundamentais para garantir o cumprimento do plano da Honda de fazer crescer suas vendas de motocicletas em mais de 60% nestes próximos cinco anos.
Às vésperas da abertura de uma das principais feiras do segmento motocicleta no mundo, a Intermot, em Colônia, na Alemanha, mostra que servirá como aperitivo para o mais consistente Salão de Milão, na Itália, programado para início de novembro, saber que a Honda está otimista e que o Brasil é peça fundamental para o crescimento da marca, cotado para receber qualificados e altamente tecnológicos modelos é, certamente, uma excelente notícia para os motociclistas brasileiros.
MOTONOTAS!
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+ Baixas emissões de poluentes são um alvo constante de qualquer fabricante de motos. O investimento da Honda nessa área percorre diversas estradas, desde as mais radicais como o total abandono dos combustíveis fósseis em prol da propulsão elétrica até a mais factível -- a curto prazo -- otimização e aperfeiçoamento dos clássicos motores a combustão interna.
+ Patente requerida pela Honda para um pequeno motor quatro tempos convencional, mas dotado de um sistema de recuperação de energia, foi encontrado recentemente em uma página da internet por Antono Regidor, editor da mais importante revista espanhola de motocicletas, a SOLO MOTO. O conceito não é novo, e basicamente semelhante ao tão falado Kers da Fórmula 1, ou seja, aproveita a energia gerada nas frenagens, a armazena e utiliza posteriormente para reduzir o consumo do combustível "sujo" -- gasolina no caso.
+ Câmbio automatizado com dupla embreagem é um must de modelos caros, seja carros, seja motos. Exemplo é o DCT usado na Honda VFR 1200 ou o PDK dos Porsche. Na mesma pesquisa Regidor "pescou" o pedido de patente da Honda para uma versão econômica do DCT, com menos eletrônica, mas cujo conceito é igual: otimizar trocas de marcha e fracionar ao máximo a transmissão. Uma versão de câmbio de oito marchas para um pequeno motor monocilíndrico de baixa capacidade cúbica ofereceria a possibilidade de explorar a estreita faixa útil de torque, típica de motores pequenos, viabilizando seu uso e, de quebra, garantindo consumo baixo e emissões idem.
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