Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
MotoGP: 360 km/h na pista mais bela e desafiadora do calendário
Neste próximo final de semana será disputado o Grande Prêmio da Itália em Mugello, na bela região da Toscana, Itália. A pista, de propriedade da Ferrari, é uma joia sob vários pontos de vista. Primeiro deles, a paisagem estupenda, com o traçado que serpenteia entre verdes colinas, cenário que faz jus ao apelido da Itália, "Bel Paese".
Não bastasse o lugar bonito, Mugello é uma pista "old style", com tudo de bom (e um pouco de ruim, a longa extensão de mais de 5 km) que isso representa. Tem curvas de todo tipo e o terreno com desníveis acentuados que promove deliciosas e desafiadoras frenagens em subida e descida, e tem a reta. Ah, a reta! Mais de 1,1 km de mão no fundo, que na altura de seus 2/3 tem um desnível, um morrinho justamente onde as motos passam a plena velocidade, vale dizer, acima dos 360 km/h.
Em outra época de minha vida eu "cometi" a proeza de superar os 200 km/h em uma moto. Foi uma experiência reveladora, pois entendi que aquela velocidade, agarrado a um pedaço de metal (mal) apoiado em duas pequenas áreas de contato, não era para mim. Prazer zero e... para quê mesmo?
No caso dos pilotos da MotoGP, esse "para quê mesmo?" tem resposta óbvia: é a profissão deles, que oferece glória, popularidade e boa remuneração. Mas o desafio de dar 23 voltas de um Grande Prêmio em Mugello), constantemente superando em cerca 60 km/h a velocidade que um Boeing 747 de 400 toneladas precisa para sair do chão me impressiona demais, pois ainda está viva na minha memória a sensação (pânico!) de andar de moto a "apenas" 200 km/h.
Velocidades máximas insanas à parte, outro detalhe importante da pista de Mugello é que por suas características ela é considerada por pilotos e torcida uma das mais nobres do calendário, rivalizando talvez com a holandesa Assen, conhecida como "A Catedral da Motovelocidade". Ambas etapas poderiam ter a pontuação dobrada, pois realmente separam os homens dos meninos, um lugar espetacular que os pilotos e fãs da MotoGP sabem ser muito especial.
Tendo em vista o andar da carruagem desta temporada 2022 apostar na vitória de uma Ducati em Mugello é meio óbvio. A marca italiana desde que estreou na MotoGP se caracteriza por fazer motores "canhão", que humilham a concorrência em termos de aceleração e velocidade máxima. Além disso, são nada menos que nove as Ducati inscritas nesse GP da Itália, contra no máximo quatro motos de outra marca. Apesar desta estatística brutalmente favorável à marca de Bolonha, há uma perspectiva interessante para este domingo, totalmente pasta&pizza como os domingos devem ser: nos treinos desta sexta, a marca de motos menos representada no grid da MotoGP (duas motos), a também italiana Aprilia, cravou o melhor tempo...
A análise das Top Ten nos treinos desta sexta mostra que seis motos são Ducati. Cadê as dominadoras japonesas Honda e Yamaha, marcas mais vencedoras da MotoGP? 9º Quartararo de Yamaha e 10º Marquez de Honda. Mau resultado que, sabemos, pode mudar radicalmente no domingo. Porém, para alegria dos europeus, na lista do Top Ten desta sexta-feira além da Aprilia e Ducati aparece também a austríaca KTM, 7ª colocada.
Enfim, o resumo desse blábláblá todo é, se puder, não perca o Grande Prêmio da Itália neste domingo, na TV por assinatura. vVale a pena pela paisagem, pela disputa e pelo espetáculo incomparavelmente emocionante, sem rival no esporte a motor mundial.
PS: e ainda tem outros motivos para não perder o GP da Itália domingo. Eric Granado na MotoE, é candidato a vitória (e favorito ao título) e o brasileiro Diogo Moreira, que compete na Moto3, a categoria de entrada, é o melhor estreante da classe, já sendo considerado um fora de série pela imprensa mundial. Viva!
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