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Paula Gama

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Por que picapes se tornaram as 'meninas dos olhos' das montadoras no Brasil

Projeção do perfil @overboostbr antecipa visual da sucessora da Chevrolet Montana, que chega em breve com a mesma base do SUV Tracker - Reprodução
Projeção do perfil @overboostbr antecipa visual da sucessora da Chevrolet Montana, que chega em breve com a mesma base do SUV Tracker Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

21/05/2021 04h00

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Mesmo com a chegada de uma "nova categoria" de picapes entre 2015 e 2016, com o lançamento da Renault Duster Oroch e da Fiat Toro, o mercado de picapes sempre foi bem equilibrado no Brasil.

Apresentadas, inicialmente, como arquirrivais, as duas agradaram a públicos bem diferentes: a Oroch atendeu o antigo consumidor de caminhonetes compactas que precisavam de um veículo mais robusto; já a Toro passou a ser o "SUV" da Fiat, já que a marca passou anos sem uma opção para quem queria ir além de um hatch ou sedã.

Os próximos meses reservam ao País uma verdadeira ofensiva de utilitários e os futuros lançamentos terão de fazer bonito para conquistar consumidores.

A verdade é que os mercados que mais consomem picapes, o agronegócio e o setor de serviços, são as atuais "meninas dos olhos" de diversos segmentos da indústria, e no setor automotivo não poderia ser diferente.

Hyundai Santa Cruz - Divulgação - Divulgação
Hyundai Santa Cruz
Imagem: Divulgação

Com o consumidor comum perdendo cada vez mais o poder de compra, é hora de investir pesado nos CNPJs que continuam em ascensão. A ofensiva chega para a linha "do meio", entre as compactas, como Fiat Strada, a veterana Chevrolet Montana e a Volkswagen Saveiro, e as médias (que os leigos chamam de grandes), como Toyota Hilux, Chevrolet S10 e Ford Ranger.

É importante ressaltar que o mercado de picapes no Brasil é muito equilibrado. Apesar de a Hilux e a Strada serem líderes em suas divisões, não existe uma clara superioridade em nenhum dos produtos oferecidos.

Primeira da fila

Ford Maverick - Reprodução/Autoblog - Reprodução/Autoblog
Ford Maverick
Imagem: Reprodução/Autoblog

Oroch e Toro chegaram com a proposta de "unir os dois mundos", serem opções mais robustas do que as picapes menores, usadas na maioria dos casos para trabalhos urbanos e demandas mais simples do campo, e mais versáteis do que as caminhonetes médias, capazes de circular bem na cidade.

Por não terem suspensão com feixe de mola na traseira, elas possuem um rodar mais suave e confortável. Mas as duas foram por caminhos diferentes. Enquanto a Oroch não passa de R$ 100 mil, a Toro vai de R$ 114 mil a R$ 187 mil - por esse esse preço, é possível investir em uma picape média de entrada.

A primeira que deve chegar para disputar nesse cenário é a nova geração da Chevrolet Montana, que será derivada do Tracker.

Assim como as concorrentes, ela terá carroceria monobloco e receberá a companhia da Ford Maverick e da Volkswagen Tarok, que também ocuparão a fileira do meio. Além disso, existe uma expectativa de que a Hyundai avalie a Santa Cruz, que acaba de chegar nos Estados Unidos, para o mercado brasileiro.

Grandes

RAM 1500 Rebel - Divulgação - Divulgação
RAM 1500 Rebel
Imagem: Divulgação

O segmento de picapes realmente grandes, como a Ram 2500, também recebe novos integrantes. Será a vez de receber a irmã menor, Ram 1500, que compete com modelos esportivos, como Chevrolet Camaro e Ford Mustang.

É equipada com o motor V8 5.7 de com 400 cv de potência e 56,7 kgfm de torque. Também existe a expectativa da chegada da Ford F-150, como adiantou a minha colega Rafaela Borges em sua coluna. Para a divisão de intermediárias, há rumores de que a Renault deve voltar com o projeto da Alaskan.

Movimentação

Conceito da Volkswagen Tarok - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Conceito da Volkswagen Tarok
Imagem: Murilo Góes/UOL

Com essa ofensiva de utilitários é bem provável que os segmentos de compactas de topo de gama e médias de entrada percam um pouco de público. As menores precisarão trabalhar para oferecer maior capacidade dinâmica e tecnologia, já as maiores precisam ter muito conforto na cabine para serem mais competitivas para consumidores que não têm capacidade de carga como prioridade.

As picapes compactas estão entre R$ 65 mil e R$ 100 mil, dependendo se é cabine simples ou dupla, dos equipamentos e motorização. Já as médias variam da casa dos R$ 170 mil aos R$ 250 mil, também dependendo dos mesmos itens e do tipo de tração, o que significa que as novidades têm uma margem de preço razoável para explorar.

A maioria das picapes intermediárias passaram da metade do ciclo de geração, o que significa que, muito em breve, serão completamente atualizadas. A chegada de tantas opções no mercado, certamente, vai impactar, mesmo que só na parte de acabamentos e equipamentos, essas novidades. Vamos aguardar!