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Paula Gama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Insatisfeitos com Uber e 99, motoristas criam aplicativos alternativos

Novas plataformas prometem mais ganhos para os motoristas  - Peter Fazekas/Pexels
Novas plataformas prometem mais ganhos para os motoristas Imagem: Peter Fazekas/Pexels

Colunista do UOL

07/12/2022 04h00

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Desde o ano passado, a queda de braço entre motoristas e aplicativos tem afetado os usuários: cancelamentos e atrasos se tornaram frequentes em algumas regiões, assim como a demora em encontrar veículos disponíveis. Insatisfeitos com as grandes plataformas, que cobram uma taxa variável por corrida, motoristas estão criando seus próprios aplicativos, oferecendo, segundo eles, mais benefícios aos trabalhadores.

André Mansur, advogado especialista em direito trabalhista, responsável pela primeira causa contra uma plataforma no Brasil, explica que os motoristas estão sendo motivados pela falta de direitos, já que os trabalhadores não têm nem mesmo direito à assistência em caso de acidente.

"A planilha que as plataformas submetem os motoristas no Brasil é desumana. A própria planilha de custos dos motoristas inviabiliza o trabalho. No Brasil, esse trabalho virou sinônimo de 'eu não arranjei nada melhor'. Por isso, alguns motoristas estão se agrupando em micro cooperativas, de forma segmentada. Estão surgindo concorrentes para o Uber", afirma Mansur.

As novas plataformas não têm atuação nacional como Uber e 99, pelo contrário, atuam em cidades específicas, ou em municípios vizinhos. Segundo o presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo de São Paulo (AMASP), Eduardo Lima, elas oferecem mais benefícios para o motorista e o consumidor tem a vantagem de não sofrer com cancelamentos ou demoras, pois o motorista trabalharia mais satisfeito. O desafio é conseguir uma base de clientes que as tornem rentáveis como as concorrentes.

"Os aplicativos passam por uma homologação junto às prefeituras para trabalhar legalmente. São uma tentativa de sair das garras das grandes empresas, com uma taxa justa para o motorista, com repasses satisfatórios. A ideia é cobrar o mesmo preço do Uber e 99, mas sem demoras e cancelamentos", afirma. Conheça abaixo os novos apps:

Vá de Belly

O aplicativo, que ficará disponível na Grande São Paulo, está em fase de testes e promete ser mais atrativo financeiramente para os motoristas do que os rivais. Para isso, cobra uma mensalidade de R$ 59,90 e uma taxa fixa de R$ 2,39 por corrida, diferente das plataformas tradicionais, que ficam com uma porcentagem variável. Como benefício, a nova ferramenta também oferece um seguro contra acidentes para o motorista.

VR Drive

No interior de São Paulo, a "VR Drive", que atende em Bragança Paulista, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Piracaia e Itatiba, também foi criada por trabalhadores insatisfeitos com os aplicativos tradicionais.

"Três motoristas cansados de trabalhar com as taxas e o baixo valor das corridas das plataformas 'grandes' resolveram criar a VR Drive", diz a empresa.

Coopfree

Em São Carlos, a Cooperativa de Logística e Transporte de Passageiros dos Motoristas Autônomos do Estado de São Paulo (Coopama) criou o "Coopfree", outro aplicativo que promete melhorar os ganhos dos motoristas, cobrando apenas valores fixos, e não porcentagem das corridas.

Chofer 46

No Paraná, motoristas de aplicativos criaram o "Chofer 46". Segundo os criadores, quando atuaram nas grandes plataformas, identificaram falhas e necessidades nos serviços. O app também cobra mensalidades fixas dos motoristas e oferece atendimento ao cliente via telefone e redes sociais.

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