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Como última fábrica da Ford no Brasil deve parar nas mãos dos chineses
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Dois anos após o anúncio do encerramento das atividades fabris da Ford no Brasil, em 11 de janeiro de 2021, a planta de Camaçari, onde eram produzidos Ka, Ka sedã e Ecosport, pode, finalmente, voltar à vida.
A fábrica empregava cerca de 4 mil trabalhadores diretamente, sem contar os empregados das empresas satélites, que forneciam peças e prestavam serviços à fábrica e seus funcionários. Com esse grupo, o número de desempregados sobe cerca de 20 vezes, de acordo com o Dieese.
Com tantas pessoas e setores envolvidos, o fechamento da fábrica resulta em uma perda inestimável para a economia do Brasil e, principalmente, da Bahia. É exatamente por isso que o governo local vem procurando substitutos para a montadora americana.
Nos últimos 24 meses, alguns nomes foram especulados, como Caoa e Great Wall Motors, que acabou comprando a antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP). Na época, o então governador Rui Costa (PT), atual ministro da Casa Civil do governo Lula, chegou a dizer que as negociações estavam aquecidas, mas não foi à frente.
Agora, o centro das atenções é a chinesa BYD, segundo o que a própria Ford revelou à coluna. "A Ford confirma que está em processo de negociação com a BYD para a venda da sua fábrica em Camaçari, na Bahia, mas neste momento não temos nada concreto para anunciar", disse por meio de nota.
A marca chinesa e o governo da Bahia, no entanto, foram mais discretos sobre o assunto. "Com relação a essa informação, posso afirmar oficialmente que houve a assinatura do protocolo de intenções com o governo da Bahia, fato já conhecido", limitou-se a comunicação da montadora chinesa. O governo baiano disse apenas que "ainda não há definição, a empresa permanece avaliando possibilidades", sem citar a BYD.
O que a BYD pode produzir na Bahia?
A chinesa BYD é a maior fabricante de carros elétricos no mundo e atua no Brasil desde 2014 em segmentos distintos. Em Campinas, interior de São Paulo, a companhia possui uma fábrica de chassis e ônibus elétricos. Já em Manaus, no Amazonas, produz baterias de lítio-fosfato de ferro.
Em outubro de 2022, a montadora assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia para instalar três fábricas no estado para produzir carros, ônibus elétricos e caminhões. Segundo o ex-governador Rui Costa anunciou, o complexo geraria cerca de 1,2 mil empregos em um investimento de R$ 3 bilhões. Na época, o mandatário afirmou que as plantas ficariam prontas até o fim de 2024.
A BYD nunca comentou os detalhes dados pelo governo da Bahia. Anunciou que pretende produzir carros no Brasil, mas não sem antes chegar à marca de 10 mil veículos vendidos anualmente. Atualmente, a marca possui quatro SUVs eletrificados em seu line-up: Song Plus DM-I, Yuan Plus EV, Tan EV e Han EV, mas o número de vendas ainda não passou de três dígitos.
Se confirmado, este não será o primeiro acordo da BYD com a Bahia. O grupo chinês também é responsável pela construção do VLT, sigla para Veículo Leve sobre Trilhos, que circulará em Salvador. Outro negócio bilionário.
O que sobrou da fábrica da Ford?
A fábrica da Ford foi sendo desmontada, aos poucos, entre janeiro e dezembro de 2021. De acordo com um engenheiro que preferiu não ser identificado, 90% das máquinas foram direcionadas para a fábrica de General Pacheco, na Argentina, ou para serem vendidas em leilões para reaproveitamento do aço ou até mesmo como sucata.
"A empresa que assumir a planta terá que construir uma nova linha de produção. O que existe hoje em Camaçari é a infraestrutura base, ou seja, um lugar adequado para instalar máquinas e robôs, galpões. Mas a linha de produção não existe mais. Até os parceiros, em sua maioria, desmontaram o maquinário", conta o técnico, que atualmente trabalha no Centro de Desenvolvimento de Produtos da Ford, que fica no Senai-Cimatec, onde seria instalada a fábrica da JAC Motors no passado.
Atualmente, segundo o profissional, apenas a equipe de Meio Ambiente vai até o local para a finalização de análises e outros trabalhos. "Onde a equipe passa está mais cuidado, mas no restante do terreno o mato tomou conta", informa.
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