Ameaça no trânsito: como não levar a pior diante de motoristas agressivos

Muitos motoristaa já tiveram algum desentendimento no trânsito.

Mesmo com atenção às normas vigentes, às vezes as coisas saem do controle.

Algumas semanas atrás, fui fechada por um motociclista, que atingiu o meu retrovisor, em uma das avenidas mais movimentadas de Salvador (BA).

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Minha atitude imediata foi acionar a buzina.

Poucos minutos depois, percebi que o rapaz em questão havia parado em um canteiro, pegado algumas pedras e acelerava para me alcançar. Afinal, como lidar com esse tipo de ameaça no trânsito?

Por sorte, eu estava perto de uma saída e desviei o caminho.

Ataques de fúria

O policial federal e instrutor de defesa pessoal Fábio Henriques explica que a situação é comum e poderia ter evoluído para um cenário real de violência. Isso acontece porque, segundo ele, no trânsito, há um fenômeno de desumanização, já que o nosso cérebro identifica apenas máquinas (carros e motos), e não pessoas.

A título de comparação, no supermercado, quando um cliente "fecha" o outro com o carrinho, ou até mesmo toca sem querer, via de regra, pede-se desculpas, troca-se sorrisos e vida que segue.

Porém, dificilmente, a desatenção é tão facilmente perdoada no trânsito. Em um ambiente de ânimos à flor da pele, até mesmo pessoas "equilibradas" podem tomar atitudes agressivas.

Henriques explica que a minha "buzinada" foi como uma gota d'água para o motociclista liberar sua agressividade, mesmo que ela não faça parte do seu dia a dia.

"O grande perigo do trânsito é o ataque de fúria, pois ele é completamente desproporcional. A pessoa não está agindo racionalmente, por isso, é capaz de fazer qualquer coisa".

Nunca revide

A dica do especialista é esquecer a vitimização e não tentar fazer justiça com as próprias mãos, como buzinar para repreender alguém, ou gritar um xingamento.

Ele explica que situações simples, como uma buzinada, uma fechada ou até mesmo uma falta de atenção à sinalização, como demorar para dar partida quando o sinal fica verde, são capazes de provocar uma desavença de grandes proporções.

"Sempre tente baixar o tom. Se o outro se alterou, mesmo que esteja certo, peça desculpas. Mas, se a tensão se agravar, é importante buscar uma rota de fuga, fugir da situação e de maneira alguma descer do carro ou tentar revidar. Hoje em dia, qualquer pessoa pode estar com uma faca ou uma arma".

Motoristas estressados

Henriques explica que uma característica comum aos motoristas e motociclistas profissionais é o alto nível de estresse, já que eles vivem nesse ambiente de pressão, em que tudo pode acontecer, na maior parte do tempo.

"A maioria de nós só está no trânsito na hora do deslocamento. Mas o motorista profissional passa o tempo inteiro ali.

Ele está sempre resistindo à tentação de explodir, por isso, é importante ter mais empatia e não iniciar uma briga."

Nada de justiça com as próprias mãos

Não serei hipócrita a ponto de falar que acionei a buzina de forma inocente naquele dia,

obviamente, estava tentando repreender o motociclista por ser acertado o meu retrovisor.

Um erro. Não permitir que alguém tome a sua frente, vingar-se reduzindo a velocidade na frente de alguém que te atrasou lá atrás ou pressionar para que outro carro acelere pode parecer irresistível, mas a possibilidade de isso acabar mal é elevada.

A melhor saída é usar as ferramentas legais.

Se algum carro ou moto bateu no seu veículo e fugiu, anote a placa e faça um boletim de ocorrência.

Jamais vá atrás dele, principalmente para regiões desertas.

Se o outro condutor apenas tirou você do sério, respire fundo e continue a viagem.

Esse é um conselho de quem se viu a poucos segundos de ser agredido fisicamente.

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