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Carro em que Elize Matsunaga levou corpo ganha novo dono após anos parado
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Desde 2021, nove anos após a sua prisão, Elize Matsunaga - condenada pelo assassinato e esquartejamento do empresário Marcos Matsunaga - planejava vender o Mitsubishi Pajero TR4 2010 verde que usou para transportar e deixar os restos mortais do então marido às margens de uma estrada em Cotia, na Grande São Paulo. Em liberdade desde maio do ano passado, recentemente, Elize foi vista atuando como motorista de aplicativo e, em janeiro deste ano, seu antigo SUV encontrou um novo dono.
O modelo, que estava em posse de uma loja de carros usados, foi vendido com cerca de 10 mil km rodados para uma empresa e, atualmente, é o veículo de uso particular de seus proprietários. UOL Carros entrou em contato com a gerência do empreendimento, que não conhecia a origem do veículo. A reação foi de completo espanto quando a reportagem passou as informações do carro.
"O que eu posso dizer é que a gente não sabia que o carro pertencia a ela. O veículo foi comprado pelo valor de mercado, mas era uma boa oferta por conta da quilometragem. Era um bom carro, muito pouco rodado. A revendedora disse apenas que ele passou muitos anos parado. Estou espantada com a notícia", disse a gerente da empresa, que preferiu não se identificar.
Em janeiro de 2023, o preço de mercado do Pajero TR4 2010 automático e com tração 4x4 era de R$ 52,8 mil, de acordo com a Tabela Fipe. No entanto, não é esperado que carros com 13 anos de uso tenham apenas 10 mil km rodados, o que encheu os olhos dos compradores.
Na última semana, Elize Matsunaga passou a ser investigada pela Polícia Civil de São Paulo após uma suspeita sobre uso de um documento falso para ser empregada em uma empresa de construção civil no município de Sorocaba, no interior do estado. As informações são do jornal O Globo.
Em 2021, a então advogada de Elize, Juliana Fincatti Santoro, afirmou ao UOL Carros que a atual motorista de aplicativo planejava vender o veículo para ajudar a "reerguer" a própria vida. De acordo com Santoro, sua cliente quitou cerca de R$ 12 mil em débitos de IPVA e licenciamento atrasados em 2019, quando progrediu para o regime semiaberto.
Desde então, pagou anualmente as despesas administrativas do veículo, que ficou parado por cerca de dez anos em uma das quatro vagas das duas coberturas onde o casal morava, na Vila Leopoldina, bairro da Zona Oeste da capital paulista. Para a venda, foi necessário colocar o carro em condições de rodagem, já que não havia mais bateria e as revisões precisavam ser atualizadas.
Ainda conforme Juliana Santoro, o carro é um dos bens que Elize manteve após ser presa e condenada, juntamente com objetos pessoais como roupas, joias e sapatos. Uma das coberturas também está registrada no nome da técnica de enfermagem, informa sua advogada, mas a posse do imóvel é contestada pela família do ex-marido.
"O apartamento foi passado a ela por meio de doação, revogada pela Justiça sob a alegação de que Elize atentou contra a vida do marido. Contudo, a decisão não é definitiva e estamos recorrendo", complementa, acrescentando que os dois eram casados em regime de comunhão parcial de bens.
Sangue humano no porta-malas
Uma perícia realizada no TR4 na época do crime constatou que, "no interior do porta-malas do veículo, sobre o carpete de revestimento, foi realizado ensaio com aplicação do reagente Luminol, tendo resultado positivo em seu terço lateral direito. Posteriormente, foi realizado ensaio com o reagente Feca Cult, com resultado positivo para proteína de sangue humano".
Segundo investigações, Elize Matsunaga matou Marcos com um tiro na cabeça dentro da residência do casal, no dia 19 de maio, durante uma discussão, após ela descobrir que o então marido a estava traindo. Horas mais tarde, dentro do imóvel, ela esquartejou o corpo e acondicionou as partes em sacos plásticos - detalhes do crime são descritos no documentário "Elize Matsunaga: Era uma Vez um Crime", lançado pela Netflix.
O assassinato também é abordado pela biografia não autorizada "Elize Matsunaga: a Mulher que Esquartejou o Marido" (Editora Matrix), do jornalista Ullisses Campbell.
Campbell relembra que Elize chegou a ser parada pela Polícia Militar Rodoviária na região de Capão Bonito, a 226 km de São Paulo, enquanto transportava as partes do corpo em três malas dentro do veículo. Um "radar inteligente" instalado na SP-127 havia apontado pouco antes, por meio da leitura das placas, que o TR4 estava com o licenciamento vencido havia cerca de 20 dias.
"A intenção inicial era se desfazer dos pedaços do corpo no Paraná, onde ela nasceu. Depois de ser parada e multada, ela mudou de ideia e retornou em direção à capital, parando antes em Cotia, onde deixou o cadáver", relata Campbell.
O jornalista acrescenta que Elize ganhou o TR4 zero-quilômetro de Marcos Matsunaga, então herdeiro da fabricante de alimentos Yoki, quando os dois ainda namoravam. Na época, com poucos SUVs no mercado, o TR4 era um veículo que se destacava entre os outros.
"Marcos deu o Pajero e comprou a cobertura para presentear Elize no dia em que marcaram o casamento. Ele já tinha comprado o mesmo modelo de automóvel para outras prostitutas com as quais se relacionou, inclusive a mulher com quem teve um caso quando já estava casado e foi pivô da briga que culminou no assassinato", disse Campbell.
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* Com informações de Alessandro Reis
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